Roberto Rillo Bíscaro
Brinco que a década de 80 foi a saxodécada, devido à
proliferação do saxofone e os 70’s a demodécada, por conta da infestação
demoníaca, que não se iniciou naqueles anos e nem parou por ali, mas atingiu
graus de popularidade e influência jamais observados antes ou depois. Quem
contesta que O Exorcista influencia produções de possessão até hoje?
Talvez seja esse um dos motivos que levou os produtores a
ambientarem The Atticus Institute (2015) em 1976, em sua maior parte. No Brasil
conhecido como O Misterioso Caso de Judith Winstead, o filme escrito e dirigido
por Chris Sparling joga mais ou menos no time dos found footage films,
sub-gênero que ainda segue forte no mundo do horror. No caso de The Atticus
Institute, as imagens granuladas “de época” são usadas, porque pretensamente o
espectador está assistindo a um documentário sobre uma mulher com poderes
sobrenaturais.
Em um pequeno laboratório de pesquisas paranormais na
Pennsylvania, pesquisadores felizes realizam modestos experimentos sobre
telepatia, telecinese, até que Judith aparece como objeto de estudo e o enxofre
começa a feder. Incapazes de lidar com tamanho poder, os estudiosos requerem
ajuda governamental, mas logo percebem que o demônio talvez seja o menor dos
males, uma vez que Tio Sam tenta condicionar o capeta a usar seus poderes pra
dizimar seus inimigos. Se Kate Bush cantou sobre a música como arma, por que
não imaginar o senhor das trevas como mascote d’alguma potência? Só que o diabo
não é príncipe apenas honorário; domesticá-lo não é tão simples assim.
The Atticus Institute é estruturado como um documentário
do passado, com gente depondo intercaladamente a imagens de arquivo. Os
cientistas hoje velhos e coloridos relembram, qualificam e explicam os fatos,
mostrados por meio das imagens resgatadas de diversas câmeras de segurança em
preto e branco ou desbotadas/granuladas. Isso confere sabor de realidade ao
falso documentário, mas o preço pago pelo filme talvez seja alto demais: The
Atticus Institute é um pouco frio.
Unindo teoria da
conspiração e desconfiança pra com o governo – essa última bastante disseminada
nos 70’s ainda rescaldando os 60’s e experimentando Watergate – a película
distrai, mas nunca assusta. Seu único trunfo é a forma pouco usual, mas isso é
pouco prum filme de horror.
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