Roberto Rillo Bíscaro
Estritamente falando, os serials eram produtos pra criança: seu destino principal eram as
longas matinês cinematográficas que os pequenos e semi-graúdos curtiam nos anos
30-50. Por isso, as histórias de super-heróis eram valorizadas.
Um deles - que chegou a virar telessérie de uma
temporada em 1955 – era um sujeito que vestia capacete que parecia lata de lixo
de escritório e podia voar, mediante engenhoca atrelada à jaqueta. Como a peça
de roupa tão fina podia aguentar o peso dum marmanjo voando pra cima e pra
baixo, ninguém explicava. Também poucos deviam perguntar.
Já comentei 2 serials onde esse super-herói que sempre
mudava de nome aparece: Radar Men From the Moon e Zombies From the Stratosphere,
ambos de 1952. Finalmente, vi King of the Rocket Men (1949), origem do Homem
Foguete, como chamado no Brasil. Apesar do título no plural, não há homens
foguetes; assim, o cientista Jeff King – identidade-secreta do Rocket Man – não
tem ninguém sobre quem reinar.
A trama é que o Dr. Vulcan quer conquistar o mundo,
apossando-se de arma letal desenvolvida por um dos membros da Sociedade de
Cientistas. Ele mesmo sendo parte desse grupo de gênios, vai eliminando um a um.
Os 12 capítulos são os jogos de gato e rato entre ele e Jeff King e os
amigos/asseclas de ambos. Tudo desculpa pra perseguições, explosões, carros
caindo em lagos (umas 3 vezes) e muitas cenas gravadas nos gratuitos desertos
californianos.
King of the Rocket Men deve ter todos os elementos
constitutivos dum serial modelo: vilão cuja identidade descobrimos no
derradeiro capitulo (que nada, pela voz, descobre-se bem antes); aquele
capítulo que retoma boa parte da trama pra situar quem perdeu algum capítulo,
mas mais pra economizar no orçamento, lutas coreografadas pelo competente time
de dublês da Republic (que os tinha muito bons, porque era especialista em westerns, onde se briga muito) e cliffhangers que contam com a
incapacidade do cérebro de guardar todos os detalhes, porque de uma semana pra
outra, discrepância grande no modo como um episódio terminava e como o outro
começava resolvendo a situação. Naquela época não havia possibilidade de
repetição caseira. Mas, claro que os espectadores percebiam, até porque em
ocasiões, cines exibiam a dúzia ou quinzena de capítulos de uma só vez.
Esta playlist promete o serial inteirinho, sem legendas:
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