quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

TELONA QUENTE 144

Roberto Rillo Bíscaro

Estritamente falando, os serials eram produtos pra criança: seu destino principal eram as longas matinês cinematográficas que os pequenos e semi-graúdos curtiam nos anos 30-50. Por isso, as histórias de super-heróis eram valorizadas.
Um deles - que chegou a virar telessérie de uma temporada em 1955 – era um sujeito que vestia capacete que parecia lata de lixo de escritório e podia voar, mediante engenhoca atrelada à jaqueta. Como a peça de roupa tão fina podia aguentar o peso dum marmanjo voando pra cima e pra baixo, ninguém explicava. Também poucos deviam perguntar.
Já comentei 2 serials onde esse super-herói que sempre mudava de nome aparece: Radar Men From the Moon e Zombies From the Stratosphere, ambos de 1952. Finalmente, vi King of the Rocket Men (1949), origem do Homem Foguete, como chamado no Brasil. Apesar do título no plural, não há homens foguetes; assim, o cientista Jeff King – identidade-secreta do Rocket Man – não tem ninguém sobre quem reinar.
A trama é que o Dr. Vulcan quer conquistar o mundo, apossando-se de arma letal desenvolvida por um dos membros da Sociedade de Cientistas. Ele mesmo sendo parte desse grupo de gênios, vai eliminando um a um. Os 12 capítulos são os jogos de gato e rato entre ele e Jeff King e os amigos/asseclas de ambos. Tudo desculpa pra perseguições, explosões, carros caindo em lagos (umas 3 vezes) e muitas cenas gravadas nos gratuitos desertos californianos.
Nos serials, a lua, Saturno e o fundo do mar eram as áreas terrosas e rochosas que circundam Los Angeles. E no final, os californianos ainda resolvem simbolicamente sua treta com Nova York, destruindo-a outra vez, olha que maravilha.
King of the Rocket Men deve ter todos os elementos constitutivos dum serial modelo: vilão cuja identidade descobrimos no derradeiro capitulo (que nada, pela voz, descobre-se bem antes); aquele capítulo que retoma boa parte da trama pra situar quem perdeu algum capítulo, mas mais pra economizar no orçamento, lutas coreografadas pelo competente time de dublês da Republic (que os tinha muito bons, porque era especialista em westerns, onde se briga muito) e cliffhangers que contam com a incapacidade do cérebro de guardar todos os detalhes, porque de uma semana pra outra, discrepância grande no modo como um episódio terminava e como o outro começava resolvendo a situação. Naquela época não havia possibilidade de repetição caseira. Mas, claro que os espectadores percebiam, até porque em ocasiões, cines exibiam a dúzia ou quinzena de capítulos de uma só vez.
Agora só falta Commando Cody: Sky Marshal of the Universe (1955) pra completar a tetralogia de serials com o Homem-Foguete. Em meados dos 50’s, os serials agonizavam, mas mesmo assim, quando achar, quero ver, porque os demais são bem divertidos.
Esta playlist promete o serial inteirinho, sem legendas:

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