Roberto Rillo Bíscaro
Shearwater é um pássaro marinho parente do
albatroz e também uma banda norte-americana formada em 1999. A alusão à ave
deve-se ao fato de o compositor, multi-instrumentista e cantor Jonathan Meiburg
ser geógrafo com mestrado em ornitologia. O grupo lançou seu sétimo álbum em
janeiro e embora nada soe datado, Jet Plane and Oxbow ecoa muito da produção
oitentista, tanto em termos da sonoridade solene e grave, quanto de certo clima
messiânico, encontrado nos melhores trabalhos dos Waterboys, por exemplo.
O início de Prime assemelha-se a Woman In
Chains, do Tears For Fears e a solenidade de Wildlife In America lembra um bocadinho Lloyd
Cole and The Commotions. O álbum remete aos 80’s, do Talk Talk, por sua
produção, que bebe naquela década, sem utilizar de seus exageros ou da
artificial bateria eletrônica, que comprometeu muitos trabalhos de então. Ouvir
Jet Plane and Oxbow transportará ouvintes a paragens sônicas palmilhadas por
Peter Gabriel ou Bruce Springsteen. E isso é muito bom.
A agitação tribal de A Long Time Away ou de Radio Silence
e o clima fúnebre de Stray Light at Cloud’s Hill só são possíveis devido ao
legado da Joy Division ou do desafortunadamente jamais reconhecido The Sound. A
sonoridade remota de raízes country
de Only Child mostra que Meiburg compartilha muito dos referenciais musicais
com os artistas oitentistas citados nesta resenha.
O começo de névoa sintetizada de Pale Kings e o subsequente encorpamento da melodia vem da mesma matriz inspiratória que
determinou o ótimo The Desired Effect, álbum do ano passado de Brandon Flowers;
U2 encontra Bruce Hornsby em mistura original. O ímpeto pós-punk de Filaments
passeia pelas estepes russas em certo dedilhado para depois referenciar-se à música
“árabe”.
Maduro sonora e
politicamente, Jet Plane and Oxbow é coeso, consequente. Pop para adultos,
independentemente de idade cronológica.
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