Roberto Rillo Bíscaro
Em 1978, um show sobre um clã petrolífero no Texas
demorou mais de ano pra ganhar popularidade, mas quando estourou, foi pra se
tornar ícone do período. DALLAS era tão grande, que a ABC lançou Dynasty
(1981-89), sobre clãs petrolíferos rivais no Colorado. Também levou um bom ano
até que o novelão se afirmasse, também pra virar símbolo do yuppismo 80’s e
figurar até em letra de Prince.
Tempo de maturação e construção de audiência é coisa de
era passada. Na hiperpovoada, fragmentada e selvagemente competitiva sociedade
do espetáculo, se uma série não emplaca quase de primeira, tem mínima chance de
sobrevivência. Até a faixa demográfica conta, porque se for bem-sucedida na
fatia de mercado mais maduro – que consome menos certos produtos – corre risco
de ser eliminada também. A responsa aumenta quando a emissora procura novo hit, como a ABC o faz depois de Revenge.
Blood and Oil falhou em não conseguir audiência até mesmo
entre o público mais velho. Estreada em setembro, a ABC encomendara 13
capítulos, mas lá pela altura da exibição do sexto, anunciou que a temporada
seria reduzida pra 10.
Interessei-me em ver qual é a de Blood and Oil, porque
sou fanático por DALLAS e Dynasty e a premissa é obviamente tentativa de reavivar
o sucesso desse tipo de soap. O
estranho é os produtores não terem aprendido a lição com a cancelada releitura
de DALLAS.
Rock Springs, no Dakota do Norte, está bombando com
descoberta trás descoberta de petróleo. Texas e Oriente Médio são lagos, perto
do mar negro sob aquelas terras. O jovem casal sonhador e empreendedor Billy e
Cody chegam à cidade pra fazer a América e em poucos dias já estão envolvidos
com a família de Hap Briggs, magnata malvado que controla tudo e todos. Seguem
segredos, traições e todo o universo de códigos nada realistas dum novelão,
tipo, mocinha engravida pela primeira vez, vamos esperar pra ver como ela perde
a criança; carinha nova na tela, esperemos pra ver que segredo ou sacanagem
está na manga. Amo muito tudo isso.
Blood and Oil foi comparado a DALLAS pelos críticos pela
obviedade do tema, proximidade de exibição da série do TNT e Don Johnson
tentando sem sucesso criar um JR do século XXI (OK, ele mal teve tempo, mas
Larry Hagman já roubou DALLAS no primeiro episódio!), mas havia elementos de
Dynasty também, como a ex-esposa que retorna pra infernizar e o casal de
irmãos, ela favorita do papai, ele às turras com o velho.
Blood and Oil flopou por não oferecer o glamour de
Revenge (equivalente deste milênio à Dynasty) ou, pelo menos, personagens que
não fossem tão genéricas. A não ser que você seja muito fã das emoções baratas
duma soap opera, difícil empatizar
com um povo tão sem destaque. Carla Briggs – aliás, a Lydia Davis de Revenge -,
a esposa de Hap, parecia cópia de Claire Underwood. Coisa de velho acho, mas eu
conseguia distinguir na hora quem era Pamela, Sue Ellen ou Lucy, hoje parece
que a mulherada tem o cabelo tudo igual! Além de hoje ser tudo tão mais
barulhento, com aquela música alta em tantas cenas.
A ABC não cancelou oficialmente, mas o oferecimento dum
desfecho pras tramas ao término do décimo episódio, indica que Blood and Oil
não mais jorrará. O final é artificial e apressado, mas se você curte as
emoções baratas dum típico novelão ianque, encare como minissérie e divirta-se.
Vi tudo em 2 dias, amo soap!
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