Roberto Rillo Bíscaro
No começo dos anos 90, uma
encenação teatral numa escola secundária sai muito errada. Os alunos
apresentavam a peça A Forca e Charlie morre enforcado em cena, porque o
cadafalso se abriu acidentalmente. 20 anos mais tarde, uma classe de formandos
decide reapresentar a obra, com apoio da direção escolar e dos pais. Eis a
premissa de The Gallows (A Forca, 2015), a qual fãs de horror até poderiam
fingir que engolimos se o filme fosse bom. Imagine que uma forca de verdade
seria construída num palco pra adolescentes e que uma escola norte-americana –
terra dos processos indenizatórios até por unha encravada – permitiria que tal
asneira se repetisse.
Além do espectador, alguém mais não está feliz com a
encenação, porém. Um garoto velho demais pra ser adolescente (todos são), com
voz horrível e cujo nome marcou tanto que nem lembro, propõe a 2 colegas que
entrem na escola de noite e vandalizem o palco pra que a peça não aconteça. O
motivo o roteirista guardou pra ele. Um dos colegas é o protagonista do teatro
escolar; será que ele não poderia simplesmente ter dito não bem antes? Eles vão
à escola, encontram a menina boazinha da trama que lhes dá uma desculpa
esfarrapada pra estar ali e logo se veem presos no labiríntico prédio, com uma
assombração perseguindo-os.
Daria um slasher film bem legal, mas optou-se pelo formato dos found footage films. Talvez por ser moda, talvez por ser mais
barato, afinal, se não há dinheiro pra efeito especial, basta zoar a imagem e o
som fingindo que a câmera quebrou. Nos found
footage films também estamos dispostos a relevar a estranheza de alguém
apavorado ou morrendo empunhar câmera ou celular pra gravar tudo. Mas, esse
perdão só ocorre quando o filme é decente. The Gallows pede demasiado prum
filme medíocre: como acreditar que alguém trocou a bateria do celular pra
continuar gravando sua própria correria desesperada pra se salvar?
A Forca tem reviravolta de trama que também se encaixaria
como luva em slasher retrô. Mas
estando num filme tão bobo, a implausibilidade grita mais alto do que o
berreiro que os atores fazem pra fingir que há tensão na trama. Imagine que os
pais deixariam de fornecer informações tão importantes aos filhos!
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