Roberto Rillo Bíscaro
Os Pet Shop Boys (PSB) são da segunda geração synthpop, aquela que já utilizava sequenciadores, seguindo a trilha aberta pelo
fundamental single Blue Monday, da
New Order (1983). A partir da segunda metade dos anos 80, a popularidade da
dupla ascendeu e o ápice aconteceu no início dos anos 90. Foram tão poderosos
que Morrissey reclama em sua autobiografia que os executivos se preocupavam
bastante se as declarações polêmicas do ex-Smiths afetariam a imagem [leia-se
vendas] de Neil Tennant e Chris Lowe, seus companheiros de gravadora.
Os Garotos da Loja de Animais de Estimação jamais
pararam de lançar álbuns ou excursionar, mas aparecer em programas populares de
TV e tocar em rádios de audiência maciça é outra história. Assim, ouvintes
ocasionais não têm mais o duo em seus radares, a ponto de o vocalista Tennant
relatar que motoristas de táxi ocasionalmente perguntam se estão aposentados.
Há algumas semanas, os britânicos voltaram em muito boa
forma com Super, delícia eletrônica vibrante que não se esquece de suas raízes
80’s e 90’s, porque sabe que os fãs esperam certo som característico, mas não falha
em dialogar com modernidades retrô como o Hot Chip. Porque muito do pop
sintetizado atual bebe da fonte disco
ou da própria synth dance que o PSB
ajudou a inventar, eles soam muito contemporâneos, mas ainda confortáveis pra
ouvintes da época de seu distante auge comercial.
Happiness abre Super parecendo que será techno
minimalistas curtível só pra quem dance nalguma boate hip de Berlim, mas logo é acessibilizada pelos Pop Kids (título
duma faixa meio autobiográfica), que aprenderam a lição de Papai Bowie:
popificar o underground. Tennant
afirmou ser filho de Bowie, ao comentar a morte do Camaleão.
Super está cheio de pauladas dance. Groovy tem clima de Ao Vivo em Ibiza; Inner Sanctum parece
saída dalguma deluxe edition de álbum
noventista do PSB, cheias de remixes; Burn é pra incendiar boates, como quer
seu refrão e não duvido da possibilidade, com aquele letimotiv-locomotiva no teclado.
Pazzo, quase instrumental que acena pra Giorgio Moroder
e New Order circa Technique (1989),
não é grande momento; algo tola. A lenta Sad Robot World obviamente referencia
vô Kraftwerk – e também o esquecido Gary Numan – com letra inteligente sobre
nosso descaso pra com os pobres robôs, “tratados com indiferença, embora sempre
entre nós”.
Com história tão rica e longa, cacoetes e sonoridades
de distintas eras do próprio Pet saltitam lá e acolá. Into Thin Air tem trechos
sacados de Being Boring, de Bahaviour (1990) e Sad Dictator não se encaixaria em
Introspective (1988)? Say It To Me é bem Electronic, dupla formada por Bernard
Summer (New Order) e Johnny Marr (The Smiths), com a qual Tennant/Lowe
colaboraram na manhã dos 90’s.
Super é super.
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