terça-feira, 10 de maio de 2016

TELINHA QUENTE 211

Roberto Rillo Bíscaro

A expansão das plataformas de produção e exibição de programas de TV significa pluralidade de conteúdos (tomara!); públicos menores, porque mais segmentados e escassez de superproduções. Será que a tigrada se acostuma com produções mais modestas e elencos pouco ou não conhecidos? A fartura de opções na era do compartilhamento de arquivos faz com que muita gente desconheça a maioria do disponível.
E cada vez mais canais produzem suas próprias séries, caso do a cabo norte-americano Chiller, especializado em horror e suspense, que, entre 4 de março e 15 de abril exibiu os 8 capítulos de Slasher. Leitores assíduos sabem de minha obsessão por slasher films, por isso não se surpreenderão que a minissérie tenha furado longa fila e interrompido séries ora seguidas, como Parenthood e a versão 90’s de The Outer Limits.
Slasher começa na noite de Halloween, de 1988, quando um mascarado executa um casal na pacata e pequena Waterbury. Décadas depois, Sarah, filha dos mortos, retorna á propriedade pra exorcizar seus demônios pessoais e, no dia seguinte, o Executioner começa a atacar novamente. Sabe-se que é um copycat, porque o assassino original está na penitenciária e, numa vibe Hannibal Lecter, ajudará Sarah a descobrir e combater esse e 2.0, que baseia sua matança nos 7 Pecados Capitais (luxúria, gula, avareza, ira, soberba, vaidade, preguiça).
A verba limitada dá a impressão de que algumas tomadas são como filminhos feitos por fãs, abundantes no Youtube pra qualquer tipo de filme de horror/sci fi. A música incidental composta de teclado num ronronar ameaçador às vezes empresta suspense a cenas que não têm nenhum, como uma simples refeição. Pra matar tempo – a mini podia ter 7 capítulos de boa – certas cenas são alongadas ou até desnecessárias, impregnando o ar com cheirão de linguiça.
Malgrado esses defeitos, Slasher faz um decente serviço pra fãs de slasher clássicos, safra 80’s. Se o formato série liquefaz a tensão, permite que cada vítima tenha sua vida pregressa retomada, assim, sacamos como cometeu o pecado capital que lhe custou a vida. Intuí a identidade do Executioner logo, menos por pista do roteiro do que por conhecer razoavelmente as convenções do subgênero. Algumas mortes são divertidas e até bem gore, embora eu seja do tipo que preze a criatividade em detrimento da nojeira. Se houvesse mais grana, talvez houvesse mais mortes mirabolantes. Mas, achei legal a da serra elétrica, por exemplo.
A produção se esforça pra cumprir todas as cotas existentes. Nos primeiros 15 minutos já somos apresentados a casais biétnico e gay, chefa asiática e capítulos adiante a casal lésbico. Acho que só faltaram deficientes e americanos-nativos. Waterbury é um buraco que ninguém conhece, mas tem espaço pra galeria de arte que vive cheia e até restaurantes de luxo. 
Até o momento, a melhor série slasher continua sendo Harper’s Island, mas Slasher fez mais bonito com aparentemente menos recursos do que Scream ou Scream Queens.

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