Roberto Rillo Bíscaro
Semanas atrás a pequerrucha Bélgica ganhou manchetes
devido ao atentado em Bruxelas. Sede da União Europeia e de outros imãs pra
terroristas, como a OTAN, o que o reino tem de importante, tem de complicado.
Os governos sempre são de coalizão, porque num espaço de 30 mil km2 convivem 2
etnias (flamengos e valões) com línguas (flamengo e francês) e culturas
distintas, nem sempre simpáticas uma à outra. E olha que há falantes de alemão
também.
Num ambiente que parece sempre prestes a se esfacelar,
narrativas de organizações para-governamentais que querem usurpar a monarquia
parlamentar e assumir o poder não devem ser tão irrealistas. Essa é a premissa
de Salamander (2012-13), minissérie em dúzia de capítulos, falada em francês e flamengo, produzida pelo
canal belga Eén.
Tudo começa com minuciosa cena mostrando o roubo de 66
cofres particulares num pequeno banco na mimosa Bruxelas. A instituição não é
grande, mas seus clientes sim e o material roubado pertence à parte da elite
belga e constitui-se de muitos segredos e informações que seus donos
prefeririam não verem divulgadas (não seria mais fácil destruir fotos com
prostitutas do que guardá-las num cofre?). A polícia recebe instruções pra
abafar o caso, mas o inspetor Paul Girardi é honesto demais pra isso e começa a
investigar uma rede que lhe custará caro e levará o espectador a uma história
de vingança que remontará à II Guerra Mundial.
A premissa de Salamander é mais de thriller de espionagem do que policial. Será que a emissora exigiu
ao roteirista que fossem 12 capítulos? Ficou demais pruma história que não teve
fôlego nem grana de produção pra tanto. Sente-se o cheiro de linguiça
preenchida em diversos momentos e cenas longas demais.
Além disso, há umas 3 coincidências coincidentes demais.
Uma forçada de barra aqui e ali vá lá, mas é demais a filha ir prum internato
onde fará amizade com a neta do iniciador da confusão; o único amigo que sabe
da conspiração passar por uma estrada bem na hora que a equipe de resgate está
colocando um morto na maca e o pano levantar pra ele poder ser identificado de
longe e outra que agora esqueço.
E o jovem monge hacker
que vive num monastério com apenas um terminal de computador? Salamander – espécie
de maçonaria illuminati - é uma organização tão poderosa, mas passa o tempo
todo quase só na defensiva.
Como se vê, a mini é cheia
de defeitos. Destarte, só indico pros dispostos a relevar tudo, não tiverem
outra coisa urgente na fila e/ou, como eu, queiram checar produções de países
menos manjados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário