Roberto Rillo Bíscaro
Estrela acende, estrela apaga e a de Marilyn Monroe segue
cintilante, 54 anos após sua misteriosa morte. Chances há de que quando a mais
atual musa estiver esquecida, a imagem da Platinada ainda esteja estampando
camisetas e quinquilharias mil ao redor do planeta.
Sete Dias Com Marilyn (2011) não se propõe a explicar a Mística
Monroe, mas ilumina algumas semanas da atriz, enquanto filmava O Príncipe
Encantado (1957), fracassada comédia musical, dirigida e coestrelada por Sir
Lawrence Olivier. Na época era como se a realeza plebeia de Hollywood
encontrasse a “realeza Real” britânica. Na verdade, era Monroe buscando
credibilidade como atriz, trabalhando com um já monstro sagrado, que, por sua
vez, procurava tornar-se cool numa
época em que a fleuma britânica via-se meio corroída (era do rock and roll,
dude, e da humilhação da Crise do Canal de Suez). A convivência de astros tão
antagônicos só poderia resultar em desastre. A estada da loira em Londres, em
1956, foi recheada de intriga e dissabores pra ambos os lados.
O filme baseia-se nos diários de Colin Clark, abastado jovem
que trabalhou na produção d’O Príncipe Encantado, caiu nas graças e no feitiço
estelar de Monroe e alega ter passado uma semana com ela, em idílio que parece
meio platônico (o filme não cita, mas Clark gostava de homens também). Dá muito
a impressão de que o tímido inglês estava mais divado do que sexualmente
atraído, mas isso nem vem ao caso, por que quem se importa realmente com Clark?
Queremos MM!
A produção britânica apresenta Marilyn Monroe multifacetada,
não retratada como vítima da fama ou do “sistema”. Claro que era cronicamente
insegura e infeliz, ao mesmo tempo que usava isso pra enfeitiçar os marmanjos e
utilizava sua feminilidade infanto-depressiva como forma de manipulação pesada.
A relação com a fama era pra lá de ambígua, porque ao mesmo tempo que aumentava
sua insegurança, inclusive física, a atriz era desesperada por adulação e
reconhecimento. O maduro e criticamente venerado Olivier não era nada diferente
da norte-americana no que tange a insegurança e necessidade por adoração, além
de nutrir despeito considerável pela rejeição e o talento “natural” da colega
que fingia desprezar.
Pra dar conta dessa complexidade encapsulada numa
produção que se quer mais entretenimento do que estudo psicológico bergmaniano,
Michelle Williams e Kenneth Branagh estão irretocáveis como Marilyn e Larry. É
certo que o papel de Williams é a parte do leão, afinal, o próprio título
focaliza a atenção no ícone hollywoodiano. Ela está genial nos maneirismos e na
vulnerabilidade forte de Monroe. Fãs de Downton Abbey reconhecerão Jim Carter,
o mordomo Mr. Carson, num pequeno papel de dono de pensão. Ele duvida que Clark
trabalha com Marilyn; típico clichê fílmico, adivinha quem aparece lá no final?
Embora eu não tenha
conseguido perceber que o tempo compartilhado entre Monroe e Clark tenha sido
uma semana, Sete Dias com Marilyn é recomendável pelas atuações, pelo interesse
que Monroe ainda desperta e por ser capaz de entreter sem precisar ser grande e
definitivo filme.
Nenhum comentário:
Postar um comentário