terça-feira, 7 de junho de 2016

TELINHA QUENTE 215

Roberto Rillo Bíscaro

Na primeira semana de maio, a Netflix colocou no ar a segunda temporada de Grace and Frankie, protagonizada por 4 atores septuagenários e cheia de convidados coetâneos. Quando o caráter inclusivo resulta no único ponto de interesse, estamos em sérios apuros como espectadores.
Jane Fonda e Lily Tomlin são as 2 abandonadas pelos maridos que assumiram relacionamento homoafetivo. Robert e Sol (Martin Sheen e Sam Waterston), o casal gay que tem que enfrentar tudo novo, depois dos 70, não são esquecidos. Daria série à parte, mas mesmo não sendo assim, Grace and Frankie teria muito potencial pra risadas e discussões. Mesmo que não quisesse se encaixar no formato sitcom – ao qual resistiu desde a temporada de estreia – daria dramédia de primeira. O potencial da trama se agiganta com o talento do elenco, mesmo que eu ache Lily Tomlin tão engraçada quanto uma porta Blindex.  
Mesmo não muito engraçada, a primeira temporada tinha a seu lado a novidade, o elenco, então, vi quase em maratona. Os 13 episódios da segunda não iam; quase desisti. Praticamente nada acontece e muito do que sucede simplesmente não tem interesse, graça ou drama. Grace and Frankie optou por não ser sitcom, resvalou pra dramédia, mas acabou sendo nada.
Frankie passa quase toda a temporada lidando com seu lubrificante vaginal e Grace se envolvendo com um ex-quase-amante. Supostamente a segunda temporada seria pra desenvolver as 2 mulheres agora solteiras aos 70, mas a não ser por Grace perceber o quão esnobe era (e Fonda é a principal, reparem n título), ambas não se movem um milímetro de quando a conhecemos. Há um ensaio de início de relacionamento pra Frankie, mas o bofe desaparece e ela permanece caricatura hippie. Vamos e venhamos, na outra temporada o interesse romântico de Grace era Craig T. Nelson (Zeek Braverman rules!), nessa um Sam Elliot de madeira!
Fatal: como as histórias e diálogos são muito desinteressantes, passa-se a prestar mais atenção à falta de substância das personagens. Os filhos, já obtusos na primeira, estão insultantemente cartunizados agora. Se Grace and Frankie fosse bom, daria até pra relevar e apontar isso como vingança pras centenas de representações cartunizadas de idosos, mas não, as personagens são toscas mesmo.
Renovada pruma terceira temporada antes mesmo desta ser disponibilizada, estou em sérias dúvidas se verei Grace and Frankie, em 2017. Simpatia não justifica um show; fosse assim, eu também mereceria um.

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