Ano passado, durante excursão à Escócia, encontrei casal
australiano bastante amigável. O quebra-gelo pra iniciarmos conversas
frequentes foi eu indagar sobre Ballarat, cidade onde se passa a fofa The
Doctor Blake Mysteries. Perguntei se valia a pena conhecê-la e descobri que
marido e mulher eram também fãs do show
com a audiência mais alta da ABC1 e sempre entre os 5 mais vistos
nacionalmente, desde sua estreia, em 2013. Entre fevereiro e março, a emissora
exibiu os 8 episódios da quarta temporada. A Austrália ainda deve estar em
crise econômica, porque a redução do número – dez nas temporadas 1 e 2 – foi
justificada por escassez de verbas.
O Dr. Lucien Blake continua resolvendo mistérios na
sessentista Ballarat. Por mais que se movimente, seu cabelo e paletó e gravata
seguem impecavelmente ordenados e limpos. Craig McLachlan exagerou um bocadinho
no seu peculiar jeito de dizer “yes”, mas mesmo que não seja um Lawrence
Olivier não dá pra negar a diferença do meninão de praia ex-companheiro de
novela de Kylie Minogue pro agora sisudo detetive diletante de Down Under.
Pela primeira vez, Blake investiga sem obstáculos ou
inveja por parte do chefe superintendente. Frank Carlyle é mais do que disposto
a deixar seu médico forense fazer todo o trabalho dedutivo. Desde que mostre
resultados, tem carta-branca. Moderno esse Frank. E espertinho, afinal,
facilita pra ele. O Chief Inspector Mathew Lawson voltara ao final da temporada
3 pra dar paz à vida de Blake, mas sai logo no primeiro episódio da quarta,
pelo jeito, pra não mais voltar. Tadinho, ele não merecia aquele desfecho.
Mas a vida do Dr. Blake está longe da tranquilidade,
porque se Frank Carlyle facilita-lhe por um lado, por outro, uma personagem
aparece pra complicar o idílio com sua governanta. Quem não torce por Blake e
Jean?
Os casos mantem a estrutura consagrada: assassinato/o
primeiro suspeito nunca é o culpado/Blake deduz o culpado do nada. Nessa
fornada há até trama envolvendo troca de casais, que nos 70’s entraria na moda
com o nome de swing. Como na
temporada anterior, o último episódio traz fantasma do passado pra atormentar
Blake; a motivação é meio forçação de barra, mas serve pra caminhar a trama da
vida pessoal do diletante.
A audiência continuou alta, parece que vai rolar até
filme pra cine ano que vem, então é bem provável que The Doctor Blake Mysteries
ganhe quinta temporada. Tomara que tenha como ver, porque sigo achando uma
fofura. E o Brasil parece que continua desconhecendo. Aff.
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