Roberto Rillo Bíscaro
Depois de ver e resenhar o documentário Not Quite Hollywood: The Wild, Untold Story Of Ozploitation!, nada mais natural do que
ter vontade de conferir alguma produção de terror ou exploitation do continente australiano. Acabei assistindo 2, daí
fiz a segunda dobradinha com filmes de terror/suspense da ilha. A primeira, de
2014, você lê aqui.
The Pack (2015), de Nick Robertson, insere-se no volumoso
subgênero do terror ecológico, daí seu appeal
meio anos 70 às vezes, década em que a bicharada despirocou e atacava sem
parar. Dentro de seu subgênero, The Pack encaixa-se por sua vez no nicho de
ataque de cães raivosos. Sejam possuídos pelo capeta, seja demonizando a raça
odiada do momento (os mais velhos hão de lembrar os dobermanns setentistas), os
au-aus nem sempre são representados à fofurice dos Bichos Curiosos.
Aproveitando-se dos reais
ataques de matilhas de híbridos selvagens ao rebanho ovino australiano, o
diretor estreou com um filme que traz lindas imagens de drone do campo e de florestas de eucaliptos em roteiro furado. O
pecuarista Adam e sua esposa veterinária moram numa casona enorme no campo, mas
estão sob risco de perder tudo e a filha quer vazar pra cidade. Pra piorar,
numa noite a casa é cercada por gigantescos e raivosos cachorrões negros
(pastores-alemães tingidos, filme B é tudo!). Antigamente os animais tinham
alguma motivação pra atacar, hoje não mais. Eles aparecem e depois vão embora
assim, puf!, do nada. Quanto a isso, tudo bem, o que incomoda é que o roteiro
não inutilizou o telefone da propriedade. Era só ter chamado a polícia
novamente, quando descobriram que era uma matilha e pedido reforços. Pronto,
nem haveria filme então. Dá a sensação de que a família é meio lerdinha. E
esconder os filhos num armário cuja porta até um gatinho poderia detonar força
a amizade. E aquelas imagens em câmara lenta de comercial de margarina quando
os animais somem? Falta maldade a The Pack. Até tem momentos tensos, mas se
fosse menos fórmula, seria bem superior.
De 2014 é o suspense psicológico com toquinhos de horror,
The Fear Of Darkness, do diretor Chris Fitchett, que na linha de seu
compatriota The Babadook assanha o espectador com a possível materialização de
uma neura. A jovem Skye é acusada dum assassinato e, como está encrencada
mentalmente, a famosa psiquiatra Sarah Faithfull (quando ouvi o sobrenome matei
a plot twist) é designada pra tentar
recuperar as lembranças suprimidas da moça. Mas, há 2 complicadores: Skye
estava tomando uma poderosa droga alucinógena experimental, então, muito do que
vemos pode ser alucinação e a Dra. Faithfull tem história pregressa que a deixa
potencialmente vulnerável/parcial.
The Fear of Darkness é o
típico thriller B de câmara. Lento, quieto, algumas atuações parecem
rivotrilizadas, com reviravolta na trama e também belas imagens rurais
australianas feitos a partir de drone.
Se o final não tivesse sido adaptado pra gerar potencial continuação/franquia,
seria mais digno.
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