Roberto Rillo Bíscaro
Fãs de pop britânico, (candidatas a) divas alternativas e
dance music têm prestado atenção a
Salt Ashes, desde pelo menos 2014. Nascida Veiga Sanchez, na praieira Brighton,
Ashes tem lançado singles deliciosamente
bem-sucedidos nos 2 lados do Atlântico. Quem não os conhece, nem se preocupe,
porque o álbum homônimo de estreia – lançado dia 15 de julho – os têm
incluídos.
A cantora, que grava pelo selo independente Radikal
Records, é preguiçosamente rotulada como mistura de Kylie Minogue com Kate Bush
ou, simplesmente como cópia de Kylie. Ainda que Landslide soe como bisneta bastarda dalguma faixa do lado A do bushiano Hounds Of Love (1985) e a
saltitante Sober remeta à Afrodite australiana, há mais por debaixo dessas
cinzas. Por mais que o vocal de Somebody seja minogueano, impossível
desconsiderar que a sexualidade vem perversamente temperada com teclados
mórbidos de underground dance, que
sufocam arranjo de cordas alegrinho de disco
music. Ela ainda precisa aprimorar, mas Salt Ashes oferece aquela pegada de
divas como Madonna e Gaga, de surrupiar do alternativo pra levar pro mainstream.
Wilderness contrasta momentos de aguda gelidez
tecladística synth 80’s com segundos de gravidade, num chiaroscuro de barroco degradado. A austeridade de certos momentos
do álbum só pode ser influência dos conterrâneos do Depeche Mode, como
observável no clima Black Celebration de If You Let Me Go. Mas, a jovem Salt
não é boba xerocadora e tempera com Vô Giorgio Moroder.
O ponto alto é a faixa de abertura, infeccioso electro com refrão quente brindado por
influência de black music ianque no
mundo da dance music desde sempre.
Merecia ser sucesso mundial. O problema de Salt Ashes, o álbum, é que são 14
canções e falta material brilhante, então, pode dar sensação de um bocadinho
longo além do necessário. Tipo, Raided é gostosa, sexy super-Little Boots, dá
pra ouvir de boa, mas há fillers,
como Half The Battle, que, se não desanimam, também não entusiasmam. E as 3 ou
4 baladas jamais decolam pra estratosfera melodramática duma Sia, pra citar
outra influência presente em Salt Ashes.
Tomara que Salt Ashes oportunize e otimize o potencial
fartamente notável nesse primeiro álbum; o pop mundial só teria a ganhar.
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