Nos Jogos Paralímpicos, vai falar sobre pessoas com deficiência?
Saiba usar as palavras!
Vamos parar de denegrir e judiar dos portadores?
Se alguma das palavras deste título – ou várias – fez você torcer o nariz, seja bem-vindo!
As palavras podem ser construtivas ou servir para perpetuar preconceitos.
Vamos nos aproximando das Paralimpíadas e, com elas, espera-se uma cobertura da mídia sem precedentes em torno de pessoas com deficiência.
Os Jogos Paralímpicos despertam cada vez mais interesse e esta será uma oportunidade excelente para ajustar a forma como as pessoas com deficiência são vistas pela sociedade.
Se nas Olimpíadas ouvimos à exaustão histórias de exemplos de superação através do esporte, nas Paralimpíadas podemos nos preparar para “os super-heróis que rompem barreiras, tornando-se exemplos de inclusão.”
Mas falar de pessoas com deficiência pura e simplesmente já não é um fato positivo? Não ajuda a sair da invisibilidade? Depende… de quem escreve ou fala, ou seja: Você!
Quer ver?
Sabe de onde vem o verbo judiar? É uma alusão a como os judeus foram tratados pelos nazistas. Desistiu de usar? Experimente substituir por maltratar, fazer sofrer, torturar, atormentar.
E denegrir? Tornar negro. Precisa explicar o dano que carrega? Se é negro, não é bom. Quer riscar do seu dicionário? Prefira as alternativas degradar, difamar.
Esses dois verbos carregam uma conotação depreciativa e preconceituosa.
Já o portador é diferente. A palavra foi usada no passado como um eufemismo para se referir às pessoas com deficiência. Chegou a figurar na legislação brasileira. O mesmo pode-se dizer de especial e necessidades especiais. Era uma forma de tentar amenizar a dureza da deficiência, de ser condescendente com os pobres deficientes, que já são tão judiados, coitadinhos…
Você já ouviu falar de capacitismo?
Capacitismo é considerar pessoas com deficiência como inferiores a pessoas sem deficiência. Textos sob essa influência, reduzem os personagens a objetos de piedade, fardos para suas famílias e para a sociedade, cidadãos de segunda classe, cuja vida não vale a pena. Como a cultura do machismo e do racismo, a cultura capacitista resulta em marginalização e discriminação.
Então, como fazer para valorizar sua história, de modo que ela se destaque, se afaste do lugar comum e de quebra funcione, de fato, para promover a inclusão e a igualdade?
1- Comece colocando a pessoa em primeiro lugar. Pessoa com deficiência e não deficiente, especial, excepcional, portador de deficiência ou com necessidades especiais.
2- Não use deficiências como adjetivos ou xingamentos – fulano é cego, você só pode estar surdo, deixe de ser retardado.
3- Cuidado com a trilha sonora. Musiquinha triste de pianinho ao fundo pode acabar com uma boa história. Prefira um som dinâmico, pra cima, ou, na dúvida, nenhuma sonorização.
4- Evite sensacionalizar e usar rótulos negativos. Descrever pessoas com palavras como “padece de, é vítima de, sofre de”, contribui para diminuí-las é retratá-las como indefesas, mostrando-as como objetos de piedade e caridade.
5- Sempre ouça a própria pessoa com deficiência, não seu acompanhante. De preferência, converse com ela antes de gravar a entrevista. Pergunte a melhor forma de proceder.
6- Não se usa mais a palavra ‘portador’ ao se referir a pessoas com deficiência, em nenhum caso. Retire-a definitivamente do seu vocabulário.
Ah, e não se esqueça que os atletas são atletas paralímpicos e não paratletas!
Quer mais dicas e conhecer o glossário de termos relativos à deficiência? Acesse o manual para a imprensa da GADIM Brasil.
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