Roberto Rillo Bíscaro
Desde pelo menos o antológico Them (1954), que animais
descontrolados por distúrbios ambientais causados por humanos atacam e fazem
barulhinhos não-característicos. Pra não me acusarem de parcial com tubarões,
vi 2 produções B, uma sobre lampreias, outra sobre aranhas.
O canal Animal Planet é famoso pelos seus documentários
sobre fauna e flora, desfrutando conceito de seriedade entre amantes da
natureza. Mesmo assim, não hesitou em demonizar as lampreias em Attack of the
Killer Lampreys (2014), produzido pela deliciosa Asylum, o que confere certa
qualidade à produção, se comparadas aos submundos das produtoras inferiores a
ela. Lixo de qualidade.
A produção divertirá imenso os fãs de terror ecológico
setentista, tipo Piranha (1978) ou Tentáculos (1977), só que com computação
gráfica dá pra fazer as lampreias atacarem até em terra firme, aos milhares.
Precisa mesmo falar o enredo? Descontrole na população desses peixes de
dentição farta e afiada, que, famintos, começam a atacar quem aparece pela frente,
seja em piscinas, seja em vasos sanitários. O modo como milhares de animais são
ajuntados pra solução final é risível. O Animal Planet realmente contribui
horrores com a zoologia.
O elenco é a típica festa de celebridades C e Have Beens, da Asylum. Tem a Shannen
Doherty, a insossa Brenda, do intragável Barrados no Baile; Jason Brooks, de
Baywatch; o septuagenário Christopher Lloyd, a “participação especial” do
filme, canastreando pra valer e morrendo engraçado.
Vale juntar amigos pra rir e comentar os absurdos desse
delícia:
Bem menor – em mais de um sentido – que a nunca-vazante
maré tubarônica, o terror inspirado pelas aranhas também constitui
sub-sub-gênero. Não me refiro às produções de horror antigas tipo Zé do Caixão
que botavam peludinhas de 8 patas pra andar em moçoilas; mas aquelas em que
hordas ou uma gigante comem cidades. Desde pelo menos Tarantula (1955) –
tributário de Them, claro – temos nos assustado com elas, mormente a partir dos
anos 70 com sua onda de cine-catástrofe e terror ecológico.
Não me sinto nem um pouco confortável quando elas são
mais realistas, como em Aracnofobia (1990), que não fez tanto sucesso
comercial, porque muita gente é como eu: prefere os aracnídeos longe. Jason
Voorhees sei que não existe, mas esses animais, sim, e morro de nojo de coisas
de 6 ou 8 patas. Quando são grotescas computações gráficas, melhora um pouco,
mas de verdade? Prefiro evitar também.
Em 2014 vi Arachnoquake, porque era sobre aranhas
gigantes albinas, liberadas por um terremoto. De tão artificiais, não deu pra
sentir nada, então decidi ver Lavalantula, exibido em julho de 2015 pelo SyFy
Channel em meio a uma maratona trash
pra celebrar a terceira prestação do inesperado sucesso Sharknado.
A história é a mesma, só que o terremoto enseja erupção
vulcânica, que libera aranhas cuspidoras de lava. O roteiro é tão igual a
alguma coisa, que houve momentos em que pensei já ter visto Lavalantula. Muito
provavelmente é xerox de Arachnoquake, dada a raridade de eu ver filmes com
aranhas. Se o leitor decidir fazer sessão dupla, me conte se são versões do
mesmo filme, por favor.
Há perverso elemento de metacinema em Lavalantula. O
protagonista é Steve Guttemberg, astro oitentista de Loucademia de Polícia,
Cocoon, 3 Homens e um Bebê, O Dia Seguinte, que caiu no ostracismo a partir dos
90’s. Ele “interpreta” um decadente ator de filmes de ação, que vira
super-herói ao salvar Los Angeles das aranhas. Diz que vários de seus
companheiros de Loucademia coatuam, mas deixo isso pros espertos em comédia
investigarem; nunca tive muito saco pra comédia, então, nunca vi essas coisas
de Apertem os Cintos e congêneres, populares desde anos. Prefiro rir de aranhas
mal feitas sendo mortas por lutadora de artes-marciais, enquanto mexo no
Whatsapp.
Gente, tem dublado no Youtube!
Nenhum comentário:
Postar um comentário