terça-feira, 2 de agosto de 2016

TELINHA QUENTE 223

Roberto Rillo Bíscaro

Desde pelo menos o antológico Them (1954), que animais descontrolados por distúrbios ambientais causados por humanos atacam e fazem barulhinhos não-característicos. Pra não me acusarem de parcial com tubarões, vi 2 produções B, uma sobre lampreias, outra sobre aranhas.
O canal Animal Planet é famoso pelos seus documentários sobre fauna e flora, desfrutando conceito de seriedade entre amantes da natureza. Mesmo assim, não hesitou em demonizar as lampreias em Attack of the Killer Lampreys (2014), produzido pela deliciosa Asylum, o que confere certa qualidade à produção, se comparadas aos submundos das produtoras inferiores a ela. Lixo de qualidade.
A produção divertirá imenso os fãs de terror ecológico setentista, tipo Piranha (1978) ou Tentáculos (1977), só que com computação gráfica dá pra fazer as lampreias atacarem até em terra firme, aos milhares. Precisa mesmo falar o enredo? Descontrole na população desses peixes de dentição farta e afiada, que, famintos, começam a atacar quem aparece pela frente, seja em piscinas, seja em vasos sanitários. O modo como milhares de animais são ajuntados pra solução final é risível. O Animal Planet realmente contribui horrores com a zoologia.
O elenco é a típica festa de celebridades C e Have Beens, da Asylum. Tem a Shannen Doherty, a insossa Brenda, do intragável Barrados no Baile; Jason Brooks, de Baywatch; o septuagenário Christopher Lloyd, a “participação especial” do filme, canastreando pra valer e morrendo engraçado.
Vale juntar amigos pra rir e comentar os absurdos desse delícia:


Bem menor – em mais de um sentido – que a nunca-vazante maré tubarônica, o terror inspirado pelas aranhas também constitui sub-sub-gênero. Não me refiro às produções de horror antigas tipo Zé do Caixão que botavam peludinhas de 8 patas pra andar em moçoilas; mas aquelas em que hordas ou uma gigante comem cidades. Desde pelo menos Tarantula (1955) – tributário de Them, claro – temos nos assustado com elas, mormente a partir dos anos 70 com sua onda de cine-catástrofe e terror ecológico.
Não me sinto nem um pouco confortável quando elas são mais realistas, como em Aracnofobia (1990), que não fez tanto sucesso comercial, porque muita gente é como eu: prefere os aracnídeos longe. Jason Voorhees sei que não existe, mas esses animais, sim, e morro de nojo de coisas de 6 ou 8 patas. Quando são grotescas computações gráficas, melhora um pouco, mas de verdade? Prefiro evitar também.
Em 2014 vi Arachnoquake, porque era sobre aranhas gigantes albinas, liberadas por um terremoto. De tão artificiais, não deu pra sentir nada, então decidi ver Lavalantula, exibido em julho de 2015 pelo SyFy Channel em meio a uma maratona trash pra celebrar a terceira prestação do inesperado sucesso Sharknado.
A história é a mesma, só que o terremoto enseja erupção vulcânica, que libera aranhas cuspidoras de lava. O roteiro é tão igual a alguma coisa, que houve momentos em que pensei já ter visto Lavalantula. Muito provavelmente é xerox de Arachnoquake, dada a raridade de eu ver filmes com aranhas. Se o leitor decidir fazer sessão dupla, me conte se são versões do mesmo filme, por favor.
Há perverso elemento de metacinema em Lavalantula. O protagonista é Steve Guttemberg, astro oitentista de Loucademia de Polícia, Cocoon, 3 Homens e um Bebê, O Dia Seguinte, que caiu no ostracismo a partir dos 90’s. Ele “interpreta” um decadente ator de filmes de ação, que vira super-herói ao salvar Los Angeles das aranhas. Diz que vários de seus companheiros de Loucademia coatuam, mas deixo isso pros espertos em comédia investigarem; nunca tive muito saco pra comédia, então, nunca vi essas coisas de Apertem os Cintos e congêneres, populares desde anos. Prefiro rir de aranhas mal feitas sendo mortas por lutadora de artes-marciais, enquanto mexo no Whatsapp.  
Gente, tem dublado no Youtube!

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