sexta-feira, 30 de setembro de 2016

PAPIRO VIRTUAL 111

Roberto Rillo Bíscaro



Em uma era quando a oferta de produtos culturais audiovisuais é avassaladora e de fácil obtenção para certos setores sociais, Ana Clara Cegatti Donzelli, de 12 anos, aluna do sétimo ano do Colégio Franciscano Coração de Maria, em Penápolis (SP), demonstra precoce apreço e talento pela literatura. A jovem está prestes a lançar seu primeiro livro, CraftWorld: a construção de uma história.
O Albino Incoerente conversou com a filha de historiadores, que, contrariando o estereótipo de que quem se dedica a atividades intelectuais é sedentário, também gosta muito de jogar basquete.

Albino Incoerente: Você é uma jovem que contraria a máxima de que “jovens não gostam de ler” (embora eu veja jovens devorando livros grossos dessas trilogias da moda). O que você lê?
Ana Clara: Desde meus 9 anos de idade, costumo ler e escrever várias redações. Meus livros preferidos são os de ficção, aventura e fantasia, isso incluí franquias famosas como O Senhor Dos Anéis e Star Wars.

Albino Incoerente: Você concorda que os jovens atuais não apreciam a leitura, de modo geral?
Ana Clara: Acredito que muitos jovens estão deixando a leitura de lado por causa da tecnologia, que está muito presente na vida das pessoas atualmente (inclusive na minha), eu os aconselho a dedicarem um pouco do tempo deles para a leitura, nem que sejam apenas 20 minutos por dia.

Albino Incoerente: Além de ler e escrever, quais são suas atividades favoritas?
Ana Clara: Além da escrita e da leitura, gosto muito de praticar basquete, assistir filmes, séries e vídeos do Youtube.

Albino Incoerente: De onde surgiu a ideia de escrever o livro?
Ana Clara: A ideia de fazer um livro veio em um impulso criativo, no primeiro momento, eu queria somente escrever uma redação para ler à minha turma, mas minhas ideias foram intensificando-se e decidi que faria um livro. Este foi inspirado em um desenho, uma cidade fictícia que eu e meu amigo criamos.

Albino Incoerente: Conte-nos um pouco sobre o processo de escrita. Demorou muito? Teve que reescrever várias vezes? Já tinha a história toda na cabeça ou ela foi acontecendo durante a escrita?
Ana Clara: Comecei a escrever o livro em dezembro de 2015, e terminei em março de 2016, fui escrevendo de forma regular, cerca de 2 ou 3 capítulos por dia. Eu ainda não tinha a ideia toda na cabeça, elas foram vindo à tona, conforme eu escrevia.

Albino Incoerente: Sobre o que trata CraftWorld: a construção de uma história?
Ana Clara: O livro “CraftWorld: a construção de uma história” narra uma aventura em busca do Livro das Colinas, que guarda uma riqueza desconhecida em todas as regiões. Will Petersen e seus companheiros de jornada decidem ir atrás desse misterioso livro, que poderia revolucionar a vida dos moradores da pequena vila cujo nome é Encanto Dourado. Os personagens terão que enfrentar mares desconhecidos e terras misteriosas para conquistarem o que tanto desejam.

Albino Incoerente: Como os interessados podem adquirir o livro?
Ana Clara: O livro será exposto na Livraria Sophia, localizada na rua Mário Sabino, em Penápolis (SP). O lançamento será no dia 8 de outubro, das 13 às 15 horas, contudo, o livro já está na pré-venda, na própria livraria, e os interessados já podem adquiri-lo.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

CONTANDO A VIDA 165

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FRAGILIDADES DEMOCRÁTICAS: triste panorama atual.

José Carlos Sebe Bom Meihy

Os dados são alarmantes: apenas 16% da população russa aprova a democracia; nos Estados Unidos, a campanha presidencial aponta o acirramento da disputa que pode colocar o ultraconservador Donald Trump no posto mais alto e consequente da maior economia do mundo; na Síria, o regime autoritário de Iasar Arafat afugenta participações democráticas; países importantes do mundo árabe – como a Arábia Saudita – se impõem como modelo autoritário; Israel mantém um poderio que diminui as chances de participação democrática dos países vizinhos e força a guerra permanente; na América Latina, os regimes de base popular sofrem os danos de desmandos e corrupção, após alguns anos de algum fulgor. Aliás, pelo reverso, na Argentina e no Peru, governos simpáticos às políticas neoliberais despontam com vigor, sendo contrastadas com a penúria da Venezuela, Bolívia, Nicarágua. A par de tais constatações resta-nos questionar das razões gerais dessa virada, pois, afinal, como explicar o fenômeno em escala global? Será que a democracia representativa não tem mais lugar no mundo de hoje? Seria coisa do passado? O que se colocaria no lugar?

Não é desprezível considerar que a História se move em ciclos progressivos que, como espirais, implicam espécies de retomadas, sempre impulsionadas por valores antigos. Na mesma ordem, segmentos reacionários se assumem como baluartes do progresso e do desenvolvimento econômico que, em últimas análises, é medido pela conjugação do aquecimento do mercado material, combinando trabalho/emprego com o consumo ativo e sempre crescente. A garantia dessa comunhão consagra o capitalismo avançado em sua forma mais consistente, ou seja, sobrepondo a riqueza a outros valores que seriam coadjuvantes e nutrientes de um tipo de progresso. Assim, a educação, saúde, programas sociais em geral, funcionariam como suportes para o tal “desenvolvimento” que deveria vigorar a qualquer custo. A qualificação da prioridade do problema econômico coloca outro ponto importante na equação: como conduzir o processo político que ampararia tal projeto?

Em jovens democracias – como é o caso do Brasil – preside uma dúvida constante, ligada à presença de uma elite que não aceita mudanças no comando. E como a História pesa neste andamento! Depois de se valer do mais longo e duro processo escravocrata da humanidade, contando com cerca de 4,2 milhões de negros negociados da África para o Brasil, passados 400 anos daquele sistema, ainda não conseguimos integrar largos fragmentos da população que povoam favelas e prisões e vivem condenados à marginalidade. Os números, mais que reveladores, assustam, pois, segundo a Revista Carta Capital desta semana, mais de 60% da nossa população carcerária é composta de negros. E que dizer dos totais estampados pela CPI do Senado, sobre assassinatos de jovens negros, dando conta que por ano 23.100 deles, contando de 15 a 29 anos são mortos? E note-se que perfazem o total de cerca de 63 por dia, um a cada 23 minutos. Frente a essa realidade doída ainda se pergunta com perplexidade, como alguém pode ser contra cotas escolares, de trabalho e lugares políticos? Como?

 Vendo em perspectiva histórica, a hegemonia branca, machista, elitista ainda comanda a ação política comunitária nacional. Sem crítica, o que se vê é a repetição de posturas autoritárias, pelas quais o que interessa é a riqueza nacional a qualquer preço. E isso tem sido lei no Brasil, onde sucessivamente se repetem golpes contra a democracia, um atrás do outro. E o pior, tudo acontece em nome dela própria, sob as vestes de interpretações constitucionais. Mas tem jeito disso mudar?, pergunta-se. E a resposta vem a galope: tem. Tem se formos sérios na defesa de um regime que não pode ser confundido com governos. Governos erram e temos mostras evidentes disso. E erram muito, insiste-se, mas suas formas corretivas devem antes de mais nada respeitar as regras que, mais que qualquer coisa, legitimam as eleições. Sem o voto popular respeitado não há como evitar desmandos e sem ele, sem democracia, somos fadados à submissão autoritária. As eleições estão aí. Mais que escolher candidatos, cabe, com entusiasmo escolher a democracia. Bom voto a todos.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

TELINHA QUENTE 231



Roberto Rillo Bíscaro

Duns 10 anos pra cá, tem havido sucessão de (mini)séries policiais e de mistério excelentes. O influxo escandinavo foi bastante responsável por isso e a Inglaterra seu principal tributário, embora as sombras do Nordic Noir tenham escurecido a Espanha, Austrália, Nova Zelândia, França, Alemanha e EUA. Mas, nem tudo é Scandidrama; tem coisa que vai pro lado dos Law And Order e CSI da vida e às vezes mistura até soap. É o caso dos 10 episódios de Guilt, exibidos entre junho e agosto pelo canal Freeform. O título Culpa me pegou de chofre. Pra quem ama Scandal e tentou até as fracassadas Betrayal e Deception, Guilt tinha que passar adiante na longa fila de arquivos.
A coprodução anglo-estadunidense começa com o brutal assassinato da norte-irlandesa Molly. Sua melhor amiga, a ianque Grace, é acusada pelo assassinato. A partir daí, desvela-se um mundo de mentiras e perversão, envolvendo clubes de sexo pra elite e até o Príncipe de Gales. Quase tudo subaproveitado. A opção pelo tom mais tabloideiro enfatiza as revelações bombásticas ao invés de aprofundar aspectos. O padrasto de Grace tem todos os elementos pra ser um personagem altamente dúbio, mas a trama o descarta sem explicação. Pode ser que estejam esperando segunda temporada pra aproveitá-lo, porque nessa nem entendi porque apareceu. Mas, a audiência não foi lá aquelas coisas, então, sei não...
Como diversão, Guilt é competente e não se deve esperar mais do que isso. As personagens são unidimensionais e algumas até bobas. Sem contar a tentativa desesperada de chocar, como numa revelação de paternidade no capítulo final, sem preparo algum; enxertada mesmo pra seguir a trama. Também não consegui empatizar com Grace; muito sem-noção a mina. Não dá pra se importar muito com ninguém, pois todos são de plástico.
A edição é veloz, daquelas de filmar a cidade em câmera rápida; até os barcos no Tâmisa parecem lanchas em competição. Por falar na urbe, a Londres é a dos pontos turísticos, dá a impressão dum olhar de turista. Em toda cena tem que constar o Big Ben, Westminster. Também nada contra, mas mostra a diferença pra séries autóctones que não precisam se apoiar em clichês visuais pra marcar território, porque o que importa é mais a trama.
Se seu negócio é só desligar do mundo e ver clichê, Guilt compensa. Mas num planeta com séries tipo Shetland, Hinterland, Broadchurch, River, Happy Valley, Forbrydelsen e Bron/Broen, vê-la antes (ou apenas) é criminoso.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

CAIXA DE MÚSICA 237

Resultado de imagem para pitanga em pe de amoraRoberto Rillo Bíscaro

O Pitanga Em Pé de Amora (PEPDA) nasceu em 2008, em São Paulo, da união de cinco músicos, compositores e arranjadores. Marcado pela criação coletiva e colaborativa, o Pitanga é formado por Angelo Ursini, Daniel Altman, Flora Poppovic e Ga Setúbal, que se revezam nos vocais e instrumentos. O nome vem de uma frase recorrente que os artistas usavam na adolescência: dizer que estavam mais perdidos que pitanga em pé de amora.
Com 2 álbuns na discografia – baixáveis gratuitamente no site do quarteto – o PEPDA não tenta contemporanizar a MPB adicionando elementos de eletrônica ou qualquer novo subgênero hegemônico. Não que haja algo de errado com isso, vide o excelente álbum deste ano da Céu. Mas, a pegada do Pitanga – que escolheu ser terra até no nome – é a pesquisa do cancioneiro nacional desde os anos 20,30 até a geração Jobim, Chico Buarque. Então, soa aquela sensação de MPB “tradicional” que vem de Ernesto Nazaré até à época em que Claudio Nucci, Jane Duboc e Fátima Guedes tocavam nas rádios. O resultado é um disco mais lindo que o outro. Literalmente.

O primeiro CD, "Pitanga Em Pé de Amora" (2012) é intimista, suave e a maior parte das faixas executada pelo próprio grupo. Começa com o samba-modinha à paulista assobiado/assobiável Quem Ouvirá; Andina (Siempre Adelante) é Tarancón de leve com valsinha; Frevo a Tempo é... frevinho, claro, mas, urbanizado, como todo o resto. Por que tantos diminutivos? Porque é tudo fofinho de ouvir. Ninguém Viu tem certa intensidade flamenca nas cordas, mas sem exagero dramático, afinal estamos no país da contenção bossa-novista e no contexto da classe média paulistana, para onde o PEPDA traz certo ar de interior do estado com a trotante Meu Caminho. Shot é xote escrito em inglês, que arrasta pé no meio, mas volta à cadência bem-comportada do início. Choro Bate Boca remete a um clima de Sampa idealizada anos 30, vira marchinha e volta a ser chorinho. Gostoso do PEPDA é que sua atualização da nossa música popular se dá na mistura acústica de variados sub-estilos e não na tecnologização do instrumental. Mas, como xenofobia é uó, o disco encerra com o jazz esfumaçado de Laura, totalmente anos 40, como a heroína noir homônima do filme de Otto Preminger (1944). Cuti cuti, gente, ouve só:


Em 2014, mais confiantes, maduros e gostados pela crítica, o Pitanga Em Pé de Amora desabrochou Pontes para Si, com seiva bem mais consistente que o primeiro. A música já não é cuti cuti nuti, mas encorpada e o álbum repleto de convidados, como Monica Salmaso duetando com Flora no chorinho nordestino Ceará. Adoro Poppovic cantando a nostalgia de “sua terra” com aquele sotaque paulistano. Além de Salmaso, trazem novas texturas e mais peso para os arranjos Lulinha Alencar (acordeon), Fi Maróstica (baixo), Douglas Alonso (percussões), Alê Ribeiro (clarinete), Will Bone (trombone), Teco Cardoso e Shen Ribeiro (flauta).


A primeira faixa é microcosmo do que aconteceu de um álbum a outro: Pescador começa com cuticutice de flautinha, mas aos poucos o arranjo se adensa com inclusão de instrumentos, culminando num clímax instrumental de banda de coreto de outrora. Já valeria o álbum; dá vontade de cirandar na praia com pescadores idealizados. Os sambas perdem o diminutivo, intensificam-se: O samba-canção Insônia tem rigor e intensidades buarquinos; o gafieirento Alma de Poeta vira sambão em segundos; ai vâmo pra Estudantina! A pesquisa de “nossos” ritmos segue em Baião de Fela, que atinge a intensidade-carcará dos anos 60. Em Sonhos Lúcidos, o triângulo nordestino dialoga com guitarra límpida; Gonzagão encontra Carlos Santana. E pra nós do país da intensidade intimista do cancioneiro de Jobim, Ivan Lins, Zizi Possi, Clube da Esquina, não faltam momentos líricos mais quietos e lindos como Tempo Novo, Oração, Alpinista e Descompasso. Ao final, Marchinha, marcha pelo ritmo que lhe nomeia, mas passa pelo jazz, “música árabe” e até faz gracinha funk (de James Brown, não se preocupem os que não suportam a “pobreza” da vertente nacional). 
Duas delícias de álbuns que não paro de ouvir!

domingo, 25 de setembro de 2016

SUPERAÇÃO COSMÉTICA

Confira a matéria sobre a história de vida de André Robert e da sua esposa Margarete Hensler desde o início do seu trabalho na Hinode, franquia de produtos cosméticos. Você vai ver de onde vieram e como foram os tempos quando ele trabalhava no supermercado como empacotador ou no lixo do mercado. Também quando fazia bicos vestido de monstro em parques de diversões e depois quando começou a vender perfumes de porta em porta.

sábado, 24 de setembro de 2016

ALBINO GOURMET 212

Cada vez mais na moda os canais de receitas diet, veganos, fit. Um deles é o da Lucilia Dinis, do qual separei 5 receitas, mas há mais, basta clicar no nome dela. 

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

CIRURGIÃO ROBÓTICO

Robô realiza a primeira cirurgia intraocular para restaurar visão


Cirurgiões usaram pela primeira vez um robô em uma operação dentro de um globo ocular, para recuperar a visão de um paciente.

Os médicos do Hospital John Radcliffe, em Oxford, na Inglaterra, esperam que o procedimento abra caminho para cirurgias oculares mais complexas do que atualmente é possível com as mãos humanas.
Cirurgias com robôs são frequentes, mas não haviam sido usadas em operações dentro do olho.
"Operar na região da parte de trás dos olhos requer muita precisão, e o desafio foi criar um sistema robótico que fizesse isso através de um orifício minúsculo na parede ocular sem causar danos enquanto se move", disse o professor Robert MacLaren, da Universidade de Oxford, que liderou a pesquisa.
A BBC teve acesso exclusivo ao procedimento.
O paciente, Bill Beaver, de 70 anos, disse que se sentiu em "um conto de fadas".
"Tenho tanta sorte de ser o primeiro a passar por isso", afirmou.

O robô


Robô PreceyesImage copyrightBART VAN OVERBEEKE FOTOGRAFIE
Image captionO robô é controlado por um joystick

O robô cirúrgico Preceyes foi desenvolvido por uma empresa holandesa, braço da Universidade de Tecnologia Eindhoven.
O cirurgião usa um joystick e uma tela sensível para guiar uma agulha dentro do olho, enquanto monitora o progresso através de um microscópio.
O robô, que funciona como uma mão mecânica, tem sete motores e é capaz de eliminar os tremores comuns da mão de um cirurgião humano.
Grandes movimentos no joystick resultam em pequenos movimentos no robô, e quando o cirurgião solta o aparelho, o movimento é congelado.

O paciente


Bill Beaver
Image captionO paciente Bill Beaver disse que a cirurgia parecia 'um conto de fadas'

Bill Beaver era pároco oficial de uma comunidade na Inglaterra até ano passado. Em julho, um oftalmologista identificou uma membrana crescendo na parte de trás do seu olho direito. A pressão criou um furo na sua retina, algo que começou a prejudicar sua visão central.
"Quando seguro um livro, tudo o que vejo é um amontoado no centro, e minha visão naquele olho é restrita à parte mais periférica", disse ele antes da cirurgia, realizada no fim de agosto.
"Normalmente quando fazemos essa operação de forma manual, nós tocamos a retina e sempre há hemorragia. Mas, com o uso do robô a membrana foi retirada de forma limpa", disse MacLaren.
Como resultado, a visão central de Beaver foi restaurada.
Por conta de ma bolha de gás nos olhos, ele enxerga melhor de perto, mas a visão a uma distância normal vai voltar em alguns meses.
"A degeneração da minha visão foi assustadora e eu fiquei com medo de perdê-la completamente. O fato de a cirurgia ter acontecido sem percalços é realmente algo divino", disse Beaver.
Doze outros pacientes irão passar por procedimentos com o mesmo robô, em um teste financiado pelo Centro de Pesquisas Biomédicas NIHR Oxford.
Outra parte do financiamento vem da Zizoz, uma ONG holandesa que apoia de pacientes que sofrem de coroidermia - uma espécie de cegueira genética que deve ser o próximo alvo de tratamento com o robô.

Outro nível

Os testes são desenvolvidos como uma espécie de prova de conceito, ou seja, para estabelecer se o robô consegue fazer o que um cirurgião faz, porém com mais precisão.
Mas o objetivo principal é levar a cirurgia robótica a outro nível.
"Não há dúvidas de que presenciamos uma cirurgia ocular do futuro. Certamente podemos melhorar as operações atuais, mas esperamos que o robô nos permita realizar cirurgias ainda mais complexas, que são impossíveis com as mãos humanas", disse MacLaren.
Oxford é apenas um dos centros ao redor do mundo que estão testando a terapia genética na retina - um novo tratamento para evitar a cegueira.
Atualmente esse procedimento é feito à mão, mas intervenções futuras envolvendo injeções de células-tronco requerem que as células sejam infiltradas nos olhos lentamente. O robô pode permitir que os cirurgiões injetem as células na retina por um período de dez minutos, algo que não seria possível com as mãos.
A empresa holandesa responsável pelo desenvolvimento do robô acredita que a tecnologia poderá ser usada fora das salas de cirurgia.
"No futuro, vemos esse aparelho sendo usado como em um escritório, onde somente o robô encoste no olho e tudo seja automatizado, o que melhoraria a eficiência e reduziria os custos", disse Maarten Beelen, da Preceyes.
O sistema robótico é um protótipo e a empresa ainda não revelou quanto ele custará.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

TELONA QUENTE 171

Roberto Rillo Bíscaro

Representações dinamarquesas nos noticiários dão conta dum país com elevado índice de qualidade de vida. A onda Nordic Noir mostrou uma Escandinávia mais violenta, mas o subgênero é altamente estilizado. Não dá pra negar que Forbrydelsen ou Bron/Broen sejam violência de butique, por mais densos e bem feitos os roteiros. Em 2012, resenhei Broderskab, que mostra que a rica península não é arco-íris de rosas pros gays. Chega a vez de Nordvest (2013), que mostra uma face de Copenhague ausente dos estilosos Nordic Noir.
Michael Noer roteirizou e dirigiu a ascensão e queda de Caspar, jovem que começa numa gangue dirigida por um descendente de árabe pra acabar numa comandada por um dinamarquês “puro sangue”. Embora a ênfase de Nordvest seja no lado pessoal do jovem careca, não dá pra escapar da leitura étnica, porque nem na pobreza escandinava, todo mundo é igual. Raios, nem a miséria dinamarquesa é tão suja quanto a nossa ou mesmo a norte-americana. O distante bairro Nordvest é tão limpinho, a despeito da modéstia das habitações...
Na tradição do Neorrealismo, Cinéma Vérité e do conterrâneo Dogma, Nordvest é filmado em estilo documental, então por mais limpo que seja o subúrbio, se o mané faz cocô na calça, a merda aparece. Pena que já vimos essa história mais de uma vez e a ênfase em Caspar deixe as demais personagens meio unidimensionais.  
Nordvest não consegue arranhar a alta criatividade de seus irmãos televisivos chiques, mas pra interessados em distintas facetas da complexa Escandinávia e cinema fora do circuito crime de luxe pode ser boa pedida.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

CONTANDO A VIDA 164

SUICIDIO: o estranho adeus entre o direito individual e o coletivo.

José Carlos Sebe Bom Meihy

O dia 10 de setembro último, como os anteriores, passou em brancas nuvens. É triste, isso, tristíssimo, pois muitos nem se lembram de que esse é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Existem, na realidade, fatores que orientam tal esquecimento, tornando o assunto polêmico, pouco digestível e incômodo E há mesmo aspectos paradoxais, aparentemente contraditórios trançando argumentos sempre evitados. Em uma ponta, temos ativistas que relacionam o suicídio aos desdobramentos do debate sobre o direito à vida em sentido amplo. No outro extremo, tem-se os que defendem, desde o feto até a morte natural, a vida como dom divino e por isso intocável. De um lado, os independentes, defensores da razão e lógica da vida segundo vontade própria, individual, autônoma, soberana em si mesma. Os contrários, considerando o sentido da vida na coletividade, comunitariamente, e assim protestam com veemência contra a morte não natural. Para os cristãos, todos se salvam em conjunto e a morte provocada é pecado irreparável. Os judeus, ainda mais radicais, enterram seus suicidas em campo diferente dos demais.

No primeiro caso, crescem os grupos militantes que acham que o viver depende de cada um, e que não há motivos para se pensar em leis ou regras que regulamentem decisões. Assim, como o aborto seria prioritariamente opção da mãe ou do casal, a conclusão sobre a morte autodeterminada caberia ao próprio vivente que poderia dizer se quer ou não continuar sua trajetória. De modo diferente do tirar a vida de quem não quer morrer, a resolução sobre seu próprio destino seria exclusiva de cada um. Afetando tal vertente, a eutanásia e a chamada morte assistida seriam medidas racionais, amparadas em fundamentos morais e éticos individuais, de direito privado e não coletivo ou público. Os religiosos em particular, em qualquer orientação, são terminantemente contra, avessos às intervenções que cerceiem a luta pela sobrevivência até o limite máximo. Para eles, a vida é um bem maior, supremo, dado por Deus e só ele pode tirar.  

A par de partidarismos, temos alguns números que levam a discutir o tema em outra chave, mais problemática do que simplesmente ser a favor ou contra, por esse ou aquele motivo. Quando se constata, por exemplo que temos no Brasil um montante assustador de 32 pessoas que se suicidam por dia, no mínimo resta-nos alarmar e questionar dos porquês. Figuramos entre os 10 países com maior número de autoimolados em uma lista de 107 outros. Sabe-se que o tema é complexo e que em muitos casos não está ligado à pobreza/riqueza, violência contextual ou posição e status. Os suicídios são “democráticos” e atingem todos os segmentos sociais, gêneros e faixas etárias (ainda que no Brasil predominante entre jovens até 25 anos). De toda forma, mata mais do que vítimas da AIDS e demais patologias conhecidas. Outro número alarmante nesses casos é que de cada 10 casos, 9 poderiam ser evitados.

Mas o que fazer, pergunta-se. É praticamente inexplicável que tenhamos mais suicidas que a Suécia, país campeão, e para o qual só perdemos em números relativos/proporcionais à população total. Mas, também é difícil entender como e por que não falamos do assunto. As igrejas são naturalmente posicionadas e por tanto não se veem convidadas a tocar no tema – quem já ouviu um sermão sobre o assunto? As escolas não tangem o problema, pois aparentemente não lhes compete. Em círculos sociais nem fica bem abordar o assunto. Resultado: silêncio sepulcral e muita perplexidade quando constatamos casos sempre vistos como tragédia. A favor ou contra, na linha da moral individual ou do bem coletivo, temos que quebrar silêncios. Não existe forma mais eficiente de tomar consciência desses casos sem a coragem de falar. Fracionar dogmas, alimentar ideias sobre o assunto é um jeito de tomar pulsos de casos e partir para esclarecimentos necessários, em particular junto aos jovens. Comecemos, então: qual seu posicionamento?

terça-feira, 20 de setembro de 2016

TELINHA QUENTE 230

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Roberto Rillo Bíscaro

Há anos lia o nome Devious Maids em sites sobre séries e meio que me interessava pelo devious, algo como safado, tortuoso. Por sinopses, sabia tratar-se duma mistura de soap com telenovela mexicana, porque a série da Lifetime baseou-se na novela Ellas Son...La Alegria Del Hogar, da Televisa. O título da adaptação ianque me animava mais, porque supunha sordidez. Demorei, mas agora que a série foi cancelada ao final da quarta temporada, assisti aos 49 episódios e me diverti sobremaneira.
Downton Abbey encontra Melrose Place encontra Maria Del Barrio encontra Hot In Cleveland. Isso é Devious Maids. 4 empregadas latinas trabalhando em mansões em Beverly Hills são o centro desse delicioso show abarrotado de frases de efeito sensacionais. O relacionamento delas com os patrões, os inter-relacionamentos desses últimos e em toda temporada um mistério compõem o miolo da meada dramática. Como em toda boa soap, as personagens principais intercambiam de posição às vezes, mas os culpados pelos mistérios sempre são personagens novatos, porque essa é realmente sua função: poupar o núcleo duro.
Como o tom é de ferveção cômica/farsesca/paródica, não há verdadeiramente um vilão no conjunto. Mesmo quem sempre torce pra mocinhos/as, não odiará Adrian e Evelyn Powell, porque são muito engraçados. A canalhice desses ricaços é distinta da de JR Ewing ou Alexis Morel Carrington Colby Dexter. Os das soaps clássicas são malvados sérios, os Powell são tão caricatos que rimos apenas. Como amo quem não presta, apesar de Devious Maids ser das mucamas, meus favoritos foram Adrian e Evelyn. Adrian 4ever! A picardia também nos deixa aceitar que uma mansão com 9 quartos tenha apenas uma faxineira.
Sonho que dificilmente realizarei é ver na íntegra uma das soaps clássicas exibidas no período vespertino nos EUA. Mesmo em tempos de acesso digital, ainda considero distante a possibilidade de ver os 40 anos de All My Children, por exemplo. As daytime soaps – hoje combalidas e condenadas à extinção nesse formato geracional – são instituições do folclore televisivo estadunidense e geraram ícones como Susan Lucci, a Erica Kane, de All My Children, entre 1970 e 2011. Imagine passar praticamente uma vida profissional inteira num único show; envelhecer vivendo uma só personagem (Lucci é sempre ela mesma, anyway). Se os gurus do capitalismo dizem que a era dos empregos de décadas já era, no mundo das soaps há de ser o mesmo.
O que importa aqui é que mesmo inabilitado pra ver All My Children, vi Lucci nas 4 temporadas de Devious Maids. Que sonho! Nêmesis de Victoria Chase, em Hot In Cleveland, Lucci interpreta Genevieve (pronunciado Janviév) Delatour. Com esse nome, preciso dizer o quê sobre a ricaça? Luxo só. Confirmando o pedigree soap, Grant Show, o Jake Hanson, de Melrose Place e a linhagem sitcom, Ana Ortiz, a irmã de Ugly Betty.
Guilty pleasure é o termo que pseudoculturetes encontraram pra justificar alguma bobagem muito ostensiva de que gostem. Não tenho tais veleidades, não vi Devious Maids com culpa; é puro entretenimento é besteirol e é uma delícia.  

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

CAIXA DE MÚSICA 236

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Roberto Rillo Bíscaro

TVs e rádios mais comerciais (a maioria) não dão espaço pro que não seja vendável e atraia a audiência pra seus patrocinadores. Assim, predominam o sertanejo isso ou o arrocha aquilo. Não escondo que não vejo essas TVs (não vejo TV nenhuma, na verdade), tampouco escuto rádio, porque desgosto dos subgêneros ora hegemônicos.
A internet tem sido canal privilegiado pra artistas de qualquer estilo lançarem seu som. Se não há gravadora interessada, pode rolar produção independente e depois divulgação e venda online. Cada vez mais artistas disponibilizam seus álbuns gratuitamente e/ou pode-se ouvi-los sem gasto. Spotify, Deezer, Bandcamp, Soundcloud, Youtube são apenas alguns canais onde se consegue/ouve música grátis. Lembro-me de já ter resenhado trabalhos de Karina Buhr, Theo, 5 A Seco, Thieves’ Kitchen, Not Blood Paint, Silhouette e Paradigm Shift, além do projeto As Mulheres de Péricles, que podem ser ouvidos/adquiridos/baixados (de graça ou não) num desses canais.
Pra nós que vivemos longe de grandes centros e não podemos ir a shows facilita; pra artistas longe do eixo Rio-SP, no contexto brasuca, alarga horizontes estar disponível na internet. Como eu conheceria o belo álbum homônimo d’A Troça Harmônica se não fosse pela rede (e eu não fosse curioso)? A estreia em LP pode ser baixada gratuitamente no site do quarteto.
Chico Limeira, Gustavo Limeira, Regina Limeira e Lucas Dourado estrearam seu som, influenciado por Chico Buarque e o Clube da Esquina, nos palcos de João Pessoa, em 2013. Gravado e mixado na capital paraibana, o álbum A Troça Harmônica saiu ano passado. A boniteza dalgumas melodias, as harmonizações vocais aliadas a boas letras honram as citadas influências, que se confluem em Dúvida, onde um trecho diz “não tem governo, nem nunca terá”, parafraseando O Que Será, dueto de Milton e Chico.
Num álbum cheio de belas canções, vou logo pra jugular: Maria Vem, Barbante Prateado e Mel de Sal. A primeira é o nome mais cantado de nosso cancioneiro e é melodia mansa de corda, que vira guitarrinha, mas sempre mansa. Barbante Prateado poderia tranquilamente estrelar em qualquer álbum da fase áurea de qualquer mineiro da esquina; um milagre de cantos, contracantos e palmas. Mel de Sal, além da estupenda metáfora de imaginar o mar como mel de sal, dá vontade pular ondas jongando e desejando boa sorte pros pescadores.
A Pele vai dar banzo nos oitentistas quando o Roupa Nova ainda não bregueara e gravava delícias como Bem Simples. Não Deixe o Passo Se Quebrar é partido alto e Vertigem da Inocência traz o gosto da tradição do psicodelismo nordestino, na inquieta guitarra, mas que nunca transforma o regionalismo em rock. O momento menos inspirado é a piada de Rapaz Solucionado, com sua instrumentação e letra cômicas. Chistes perdem a graça depois de poucas audições, mas tá valendo.

sábado, 17 de setembro de 2016

15 ANOS DA APALBA

População albina comemora 15 anos de entidade representativa

O plenário da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) sediou no dia 2 de setembro, em Salvador, uma sessão especial pela passagem dos 15 anos de fundação da Associação das Pessoas com Albinismo do Estado da Bahia (Apalba). O evento, que também discutiu a garantia de direitos para o segmento, contou com a participação das secretarias de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e da Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS).

A titular da Sepromi, Fabya Reis, destacou que no conjunto das prioridades da pasta está o fortalecimento de políticas públicas para a visibilidade de grupos identitários e tradicionais, bem como a promoção da qualidade de vida da população albina. “A Sepromi se mantém à disposição para as articulações, dentro da estrutura governamental, no sentido garantir o cuidado necessário para com este segmento, que inclui medidas efetivas nas áreas da educação, saúde, acessibilidade, lazer, além da geração de trabalho e renda”, afirmou.

Proponente da sessão especial, o deputado estadual Rosemberg Pinto afirmou que a assistência integral em saúde deve ser uma das prioridades do Estado brasileiro no atendimento a este público. "É direito de todos os albinos a ampliação da rede de atendimento médico, o acesso gratuito a lentes corretivas", disse. Uma das lideranças do segmento, Maria Helena Machado, reforçou a necessidade da inclusão social. "É difícil para um albino viver numa sociedade em que não é enxergado", enfatizou a diretora executiva da Apalba.

Medidas - Dentre as prioridades de ação da Sepromi, segundo a secretária Fabya Reis, estão as providências, junto ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), vinculado à Secretaria de Cultura (SecultBA), para cessão de imóvel que sediará a Apalba, no Centro Histórico de Salvador. A discussão será aprofundada nos próximos dias, entre reuniões que acontecerão entre equipes dos dois órgãos. A SJDHDS foi representada pelo superintendente dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Alexandre Baroni. A atividade contou com a presença de albinos dos municípios de Novo Triunfo, Macaúbas, Santo Antônio de Jesus, Crus das Almas, Inhambupe Alagoinhas e Ipirá.