Roberto Rillo Bíscaro
Resiliente é adjetivo apropriado para Il Castello Di
Atlante (ICDA). Formada em 1974, quando o rock progressivo era hegemônico
culturalmente – e até desfrutava de certo sucesso comercial – a banda não
conseguiu gravar nos 70’s. Estreou em LP apenas em 1992, quando nem mais o
outrora soberano Yes importava. Desde então, a cada 4, 5 anos reaparece com
material novo.
Em abril, saiu o sexto álbum, Arx Atlantis, que
encontra o ICDA com a seguinte formação: Aldo Bergamini (guitarra e vocais), Andrea
Bertino (violino), Davide Cristofoli (piano e teclados em geral), Paolo
Ferrarotti (vocais, teclados e bateria), Dino Fiore (baixo) e Mattia Garimanno (bateria).
Ao longo desses mais de 40 anos, não houve significativas alterações na formação.
Fiore e Ferraroti, por exemplo, são fundadores.
Arx Atlantis tem cinco longas faixas de prog sinfônico
remetendo diretamente ao período áureo. A intenção do ICDA não é descobrir nova
pólvora, apenas seguir a tradição italiana de bandas influenciadas pelos
ingleses, tipo Genesis, com instrumentação e vocais dramáticos.
As duas faixas iniciais são o que realmente vale a
pena. Nom Ho Mai Imparato tem teclados genesianos, com pitadinha de ELP e
guitarra granulada com piano Romântico. Os dois instrumentos estão balanceados
ao longo do álbum, agradando a fãs de ambos. Antes de ter faixas memoráveis e
viciantes já de primeira audição – como os recentes trabalhos do Big Big Train
e da The Neal Morse Band – Arx Atllantis tem trechos bonitos, abundantes nesta
faixa e na segunda, Il Vecchio Giovane, que inicia vibrante e tem show de
violino, trazendo à mente os conterrâneos 70’s do Quella Vecchia Locanda.
Pena que daí adiante, o ICDA perca o fôlego. Ghino E L’Abate
de Gligni abre em clima de trilha de western
espaguete para tornar-se convencional prog midtempo
e media boca. Il Tempo Del Grande
Onore tem eficiente guitarra hackettiana, mas demora demais para achar uma
melodia linda, que chega muito tarde para salvá-la. Os 16 genesianos minutos de
Il Tesoro Ritrovato tem brilhosos trechos de guitarra, insuficientes para um
todo derivativo demais, que só pode ser classificado como legal.
Il Castello de Atlante não
é uma grande banda e Arx Atlantis um álbum soberbo, mas para amantes de bons
momentos de progressivo sinfônico, em um ano de boa safra, dá para ouvir de
boa, salvar canções e saudar a continuidade do rock progressivo.
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