Roberto Rillo Bíscaro
Atores são meu chamariz primeiro pra selecionar o que
ver. (Sub-)Gêneros também são de importância e admito xodó por alguns países,
que deixo pra vocês fazerem as estatísticas na seção de TV e concluírem por si
sós. Os 3 capítulos da minissérie Fallen Angel (2007), da ITV, caíram no meu
colo, porque Charles Dance estrela. Ele entrou pro meu panteão, quando vi BleakHouse e muito da motivação pra enfrentar as 5 temporadas de Game of Thrones
veio pelo britânico. Em Fallen Angel ele está ótimo como o pai da protagonista
psicopata.
Baseada numa trilogia que não li e nem tenciono, Fallen
Angel me interessou porque subverte o subgênero dos romances passados em
pacatas cidades provincianas ao redor da casa pastoral. Já resenhei um romance
sem graça dessa estirpe (leia aqui), com suas senhoras dedicadas a
levantamentos históricos da comunidade e narrador levemente irônico, mas
sobretudo disposto a contar sobre os casamentos das moçoilas de família.
Fallen Angel tem todos esses elementos, mas a mocinha de
família, filha do pároco, vira psicopata nesse ambiente idílico, ao redor duma
catedral, cercada por casas senhoriais, solteironas querendo seu papai e
clérigos. Mas, por trás daquela vida calma idealizada mesmo pelos narradores
cuja maior “rebeldia” é a ironia, reside um clima de frieza, convenções, tédio
e falsidade que pode acionar o gatilho dos predispostos a se tornarem sócio ou
psicopatas.
Outro ponto de interesse é que a história é contada de
trás pra frente, como se a forma replicasse a subversão do tema tão familiar.
Pena que o capítulo primeiro, com Rosie já psicopata adulta seja o mais fraco;
isso pode espantar espectadores dos seguintes, bem melhores.
Com um Dance distinto em
cada capítulo, Fallen Angel interessa mais pela inversão que proporciona, mas
vale mesmo pros não iniciados em cultura inglesa. A construção – ou
desconstrução? – da personalidade de Rosie absorve.
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