Especialista da ONU pede acção imediata
A especialista independente em direitos humanos, Ikponwosa Ero, pediu aos países representados na Assembleia-Geral das Nações Unidas que tomem medidas rápidas para acabar com o crescente e grave problema da violência e discriminação contra pessoas com albinismo.
Ikponwosa Ero, que foi indicada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU para relatar a problemática do albinismo no Mundo, identifica, no seu relatório, de acordo com a Rádio das Nações Unidas, as causas dos ataques e da discriminação às pessoas com albinismo e indica as medidas legais concretas que devem ser tomadas para melhorar a situação.
A relatora da ONU aponta como causas dos ataques as percepções erróneas sobre a condição do albinismo, enraizadas na cultura de vários países. Entre estas, segundo o relatório, sobressai o mito de que as pessoas com albinismo “são fantasmas, que não morrem, mas desaparecem”. Isto, no entendimento de Ikponwosa Ero, contribui para minimizar o impacto social dos ataques e serve para justificar supostos desaparecimentos.
Um dos impactos mais preocupantes de tais crenças é que comunidades, famílias e, às vezes, até as mães, abandonam as crianças com albinismo.
A relatora referiu ainda que em muitas regiões acredita-se, por exemplo, que “beber o sangue de pessoas com albinismo traz poderes mágicos ou pode aumentar a vitalidade ou a capacidade intelectual, que os ossos de pessoas com albinismo podem ajudar a descobrir ouro em minas, ou que as suas mãos, queimadas até virarem cinzas e misturadas numa pasta, podem curar derrames cerebrais”.
Mercado negro
Práticas como as mencionadas, segundo a especialista em direitos humanos, provocaram o surgimento e aumento de um mercado negro que valoriza os membros dos corpos das pessoas albinas. Assim, o potencial de ganhar dinheiro constitui um grande incentivo para os ataques.
Para Ikponwosa Ero, além dos “mitos, da prática de feitiçaria e da pobreza, há outros factores agravantes, incluindo a visibilidade das pessoas com albinismo, especialmente nas regiões onde elas se destacam devido à sua pigmentação” e os filmes e livros que caracterizam preconceituosamente as pessoas albinas e “perpectuam equívocos”.
E há ainda a questão da “impunidade e da resposta judicial fraca aos ataques”.
A especialista encoraja o fomento de campanhas contínuas, de longo prazo, de consciencialização das sociedades e de apoio às mães de crianças com albinismo. Segundo a relatora, é igualmente preciso prestar atenção às práticas de feitiçaria, tidas como uma das principais causas da violência contra albinos.
Ikponwosa Ero, de nacionalidade nigeriana, é a primeira especialista independente nomeada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU para monitorizar, relatar e aconselhar sobre a situação das pessoas com albinismo em todo o Mundo.
Os especialistas independentes trabalham de forma voluntária, não são funcionários da ONUou de qualquer Governo e organização e servem a comunidade internacional na plenitude da sua capacidade individual, sem receberem salário.
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