segunda-feira, 7 de novembro de 2016

CAIXA DE MÚSICA 243

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Roberto Rillo Bíscaro

Jazz e sons vintage misturam-se ao pop desde os anos 60, quando a explosão dum certo tipo de pop music tornou obsoleta a sonoridade pré-50’s. Talvez isso tenha ocorrido em algum momento da carreira dos Beach Boys ou Beatles, provavelmente com os álbuns Pet Sounds e Revolver.
Nos anos 80, a New Bossa britânica fusionou pop com jazz, samba, ritmos latinos, funk, soul, reggae, ocasionando grupos chiques e deliciosos como Style Council, Everything But The Girl, Working Week, Matt Bianco, Sade (Sade Adu é a vocalista), Swing Out Sister, Kid Creole And The Coconuts e mais. Sting tanto flertou com o jazz, que em 86 lançou o duplo Bring On The Night, repleto de jams e até botando rap na jogada. Mesmo na seara radiofônica mais comercial ouvia-se pop jazzificado de quando em vez, nos sucessos esporádicos do suíço Double (The Captain Of Her Heart) ou do inglês Fine Young Cannibals (Johnny Come Home) ou na onipresença do Simply Red.
Com a crescente eletronização e danceficação do pop, culminando com o verão do amor acid house, de 1989, um subgênero que florescia no underground londrino ganhou relevância: o acid jazz. Grupos como Brand New Heavies, Incognito, Jazzanova, Jamiroquai e até nosso conterrâneo Marcos Valle destacaram-se com sua mistura de jazz, soul e eletrônica. Nas rádios, estouros como o Soul II Soul (que não era acid jazz, mas usava elementos) e Cantaloop (Flip Fantasia), enorme sucesso do inglês Us3, marcaram o período de ouro do subgênero: os anos 90.


Nos 2000’s, o termo acid jazz praticamente se extinguiu e desde a loucura rave, a dance eletrônica tem se fragmentado em tantos sub-subgêneros que fica até difícil manter-se em dia. Grime, electro, UK Garage, drill’n’bass, drum’n’bass, dubstep, nossa, um turbilhão. A decadência do acid jazz não significou que DJs tenham parado de remixar sons vintage com batucada digital.
Eles foram pros anos 40 e começaram a samplear e remixar (n)o farto material das big bands e do swing, aquela forma de dance music dos anos de Grande Guerra. Porque as bisavós urbanas dos EUA e Europa já batiam cabelo e balançavam o bundão! Confira essa playlist e já na primeira faixa visualizará o que afirmei:
Desenvolvido em clubes da Europa continental, o estilo foi batizado de electro swing, porque realmente é distinto do finado acid jazz, que embora misturasse electronica, enfatizava muito a mixagem com o funk. O electro swing é mais pegar diversos estilos de música eletrônica e usar com samples de música antiga, tipo jazz ou até mesmo blues. Em 2010, a Time Out chamava a atenção pro subgênero, que já teve até hit. We No Speak Americano, da dupla australiana Yolanda Be Cool, já foi usada fartamente até no programa do Rodrigo Faro. Olha donde saiu a versão electro swing: Tenho ouvido bastante, especialmente na esteira, 2 coletâneas de electro swing.
 Best Of Electro Swing By Bart&Baker tem 40 faixas e é fatia da farta produção dos DJs franceses Bart e Baker, que mixam sons da década de 20 a 50 e se apresentam de smoking e cartola. Pra quem só conhece We No Speak Americano e nem sabia que era electro swing, essa coletânea é excelente porta de entrada, porque quase tudo são montagens sobre as faixas originais, num processo bastante similar ao que fez o Yolanda Be Cool. Você terá big bands, Fred Astaire, Gene Kelly, as Andrews Sisters, tudo em ritmo mais moderninho e mais dance ainda. Um monte de canções obscuras, porque muito antigas, que podem até te dar vontade de se vestir de melindrosa, fazer cabelo pega rapaz e fingir que está numa festa em Manhattan, pré-Crise de 29.
Confira o site de Bart&Baker pra conhecer a discografia:


Electro Swing Of Berlin requer grau um bocadinho mais avançado de imersão no universo de beats repetitivos da dance music. Dentre as 33 faixas, também há os remixes e releituras mais “simples”, como o Musik For Kitchen, que transforma Smoke On The Water, do Deep Purple, em folk bávaro, mas também há os 8 minutos de Jazz My Ass, que repetem 2 ou 3 acordes dalgum jazz acompanhados com batida house minimalista e um diálogo igualmente repetido.

Não estou familiarizado com eles, mas no Youtube há alguns mixes:

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