terça-feira, 1 de novembro de 2016

TELINHA QUENTE 236

Resultado de imagem para dam sharks
Sharkathon!

Roberto Rillo Bíscaro

O impacto trashcult de Sharknado (2013) foi tão inesperado e profundo que a cada nova sequência, o SyFy promove uma Semana Sharknado. Em julho saiu o quarto voo dos tubarões e antecedendo sua decolagem, 44 filmes tematizando toda espécie de absurdo monstruoso aquático foram mostrados repetidas vezes.
Vi os 2 primeiros Sharknado, mas começo a me animar pro 3 e o 4, até porque um deles se passa em Washington, daí não custa sonhar com tempestade de tubarões na nossa capital federal. Pensou que limpeza e ainda por cima alimentando os animaizinhos?
Anyway, deu comichão e fiz tubatona. O critério pra maratona foi só filmes de tubarão produzidos este ano, exceto Sharknado. Selecionei 4 e ficou produção de fora. Esse sub-subgênero continua deveras ativo. Existe até blog dedicado a produções sobre o infelizmente demonizado peixão.
Mas, vamos à tubatona, que na verdade, ocorreu em 2 dias.

Atomic Shark parte de triste premissa real pra criar um desses absurdos Z, cuja computação gráfica só não é pior que as atuações. Durante os extensivos testes nucleares no Pacífico Sul incalculável número de espécies marinhas foram dizimadas/anomalizadas em nome da nossa proteção; há até documentário chamado Nuclear Sharks ou algo assim. Corte pra costa da californiana San Diego. Um tubarão radioativo vermelho e superaquecido – a água a sua volta ferve e suas vítimas pegam fogo – começa a fazer estragos e é potencialmente uma bomba atômica de um megaton. Podia ter mais comilança tubarônica, mas quem curte tônica de comédia pode gostar do roteiro que, sabendo não poder se levar a sério, inseriu momentos deliberadamente cômicos. Como não sou tão fã de engraçadices, não colocaria Atomic Shark entre meus favoritos, mais porque faltam mortes e não tanto pelas gags. Os mais antigos prestem atenção pra David Faustino, o Bud Bundy, de Married With Children, que chegou ao ponto de coadjuvar em filme Z.

Dam Sharks não parte de real; é absurdo mesmo. Como tem mais morte e o humor provém do sem sentido da ideia, achei bem mais legal. Tubarões invadem rios, dizimam os castores e começam a construir represa com partes de corpos humanos pra encurralarem suas refeições. Tudo isso é constatado por uma policial florestal que aprendeu o que sabe sobre tutubas vendo Sharknado Weeks (esse tipo de humor me faz rir). Pra ter ataques suficientes, o roteiro coloca um grupo de executivos num desses fim de semanas motivacionais ou sei lá que exploração do mundo corporativo. Daí, tem um monte de coisa divertida, tipo gente com dinamite guardada na caminhonete (quem não tem pruma emergência, né?) e menina urbana perita em salvamento e explosões. E o jovem nerd que sonha com a loira gostosna é devorado também; final feliz pra quê? Queremos mortes pra ver tomando cerveja e comendo salgadinho porcaria-nutritivo!

Ice Sharks se passa no Ártico, onde uma equipe de cientistas jovens e bonitos vive isolada numa base construída aparentemente sobre fina camada de gelo a julgar pela facilidade com que os tubas a afundam no meio do filme. Eles pesquisam os efeitos do aquecimento global sobre a fauna e começam a ser comidos por uma espécie de tubarão que só agora descobrem, porque com o degelo das calotas, migra um pouco mais pro sul. Eles se comportam gregariamente como orcas, mas como era a Sharknado Week, viraram tubarões que se comportam como baleias. Deu pra entender? Bem, quem se importa? O que interessa é que é meio chato, tá mais pra filme de sobrevivência “sério” do que pra ataque tubarônico, uma vez que há quase nenhuma morte divertida. Em grupo de amigos pode ser legal pra apontar absurdos, tipo o laboratório despencar pras profundas do oceano Ártico, mas as coisas permanecerem em ordem nas estantes ou as pessoas nadarem em partes inundadas do laboratório sem se queixarem de hipotermia; basta se enrolar numa toalha que usamos até em países tropicais. Sand Sharks é bem mais legal.
Planet Of The Sharks é algo como Jaws (1975) encontra Waterworld (1995). No futuro, o aquecimento global terá coberto o planeta de água salgada, mas com o contínuo aumento da temperatura os peixes estão morrendo, por isso os tubarões, que caçavam no fundo, vem à superfície – têm até um líder! – papar os humanos que sobraram, uma vez que vivem em precárias “cidades” flutuantes (as construções são risíveis). Além disso, há uma cientista numa base de pesquisa que está a construir foguete com bomba pra reverter o acúmulo de gás carbônico. Essas 2 tramas se interligam e os tubarões complicam bastante o salvamento do planeta. É muito comum em filmes trash que a leitura da sinopse divirta mais que o filme; aqui quase ocorre isso, porque há um blá blá blá longo sobre teorias “científicas” que justificam as ações. Imagino que especialistas devem se torcer de rir, mas leigos apenas supõem que seja absurdo e logo enjoamos. Algumas cenas são desnecessariamente longas, ou melhor, necessárias pra encher linguiça. Algumas mortes são legais e dá pra se divertir um pouco imaginando de onde vem cigarros, bebida, combustível e tudo o mais em um mundo pós-apocalipse ambiental.

Nenhum comentário:

Postar um comentário