Roberto Rillo Bíscaro
Charlie Brooker ensinou que o espelho negro no título da
badalada Black Mirror refere-se às onipresentes telas de TVs, smartphones, tablets,
PCs, que balizam nossas interações sociais. Matthew Ballen, Philip Koch e Simon
Verhoeven extrapolaram esse conceito e o ligaram aos espelhos negros usados na
mitologia da bruxaria e saíram-se com a história de Friend Request (2016),
produção teuto-americana, dirigida por Verhoeven.
Laura é a garota überpopular da facul, com centenas de
amigos no Facebook, requisitada pra festas, antítese de Marina, encapuzada
estranha com 0 amigos na rede social. Laura se apieda da desenhista e tenta
amizade, mas Marina é carente e reticente demais. Quando Laura a desconvida de
sua festa de niver e Marina descobre, esta se mata espetaculosamente online.
Mas a coisa não para por aí, porque os amigos de Laura começam a receber vídeos
pavorosos e a morte lhes visita pelas telas de seus fones e PCs.
Friend Request aproveita a vibe de filmes de terror no universo das redes sociais e
computadores, tipo Amizade Desfeita (2015), e atualiza as manjadas histórias de
feiticeiras e encostos, pra usar terminologia da nossa querida umbanda. Não é
um Charlie Brooker, mas a influência de Black Mirror é explicitada, quando o nerd
de plantão digita “espelho negro” pra se informar sobre bruxaria e o
dispositivo de preenchimento automático mostra “black mirror season 3”.
Tirante isso, não há nada de novo no front, dá pra prever o final de Laura pouco antes de acabar (se previr
antes, me escreva contando) e de acusá-lo de preconceituoso contra pessoas que
fogem dos padrões de fofice social amados na era das curtidas.
Mas, cônscio disso tudo e de que a maioria dos filmes não
traz nada de novo a seu subgênero, Friend Request garante boa divertida.
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