Roberto Rillo Bíscaro
Em 1983, o The Police atingira o zênite com Synchronicity, que vendeu cópias e ingressos de concertos até as caixas-registradoras desmaiarem de exaustão, além de conter um dos hinos da década, Every Breath You Take, que, apesar da letra patologicamente obsessiva, ainda encanta enamorados. Por trás dos holofotes, o relacionamento de Stewart Copeland, Andy Summers e Sting estava arruinado, porém. Assim que a turnê promocional terminou, o mais bem-sucedido trio inglês da história do rock anunciou interrupção temporária nas atividades para que cada integrante pudesse tratar de interesses particulares. A despeito de uma colaboração aqui, outra bem acolá, a pausa já dura mais de três décadas.
Em 1983, o The Police atingira o zênite com Synchronicity, que vendeu cópias e ingressos de concertos até as caixas-registradoras desmaiarem de exaustão, além de conter um dos hinos da década, Every Breath You Take, que, apesar da letra patologicamente obsessiva, ainda encanta enamorados. Por trás dos holofotes, o relacionamento de Stewart Copeland, Andy Summers e Sting estava arruinado, porém. Assim que a turnê promocional terminou, o mais bem-sucedido trio inglês da história do rock anunciou interrupção temporária nas atividades para que cada integrante pudesse tratar de interesses particulares. A despeito de uma colaboração aqui, outra bem acolá, a pausa já dura mais de três décadas.
Como era de esperar, a atenção recaiu toda nos rumos e
destino da carreira-solo do loirudo Sting, baixista e vocalista, cuja fina
estampa não atrapalhara em nada a carreira do Police. E ele brilhou,
permanecendo um dos superastros oitentistas, onipresente na música, TV e até
cinema. Cada vez mais engajado politicamente e musicalmente eclético, o
Ferroada sempre foi daquelas celebridades oito ou oitenta em termos de opinião
pública. Sua voz inconfundivelmente aguda causava arrepios de tesão ou ódio;
seu pitaco em tudo quanto era assunto atraía súditos ou irava desafetos.
O Police misturou rock, ska, reggae e jazz, então, o
esvoaçar de Sting por entre subgêneros não surpreendeu. Ao longo dos decênios,
tem flertado com musicais da Broadway, música orquestral e world music. Essa multiplicidade de caminhos explica porque seu
álbum mais recente tem sido promovido como “retorno ao rock”. 57th & 9th
tem 13 canções em sua versão Deluxe e foi lançado dia 11 de novembro. O nome
alude ao cruzamento nova-iorquino que o artista atravessava diariamente,
durante os três meses de gravação.
Despido de teclados e electronica,
57th & 9th soa o mais rock que o inglês radicado em Nova York conseguiu
em décadas. Faixas como I Can’t Stop Thinking About You ou Petrol Head têm a
urgência guitarreia dum hipotético álbum de 1984 do Police. A diferença é a
voz, agora com registro muito mais grave. Claro que isso não é culpa do músico,
já com 65 anos e inteiraço de causar ódio à maioria dos coetâneos. Mas, no pop,
os grandes cantores o são não necessariamente porque suas vozes são as
melhores, mas porque são distintivas. O tempo levou isso de Sting,
compreensivelmente. Assim, canções como If You Can’t Love Me, que dependeriam
dessa voz customizada para ter algum destaque, caem na vala comum. Down, Down,
Down, com sua guitarra Every Breath You Take, também, mas nem tanto, resultando
numa baladinha ouvível, mas que falha em marcar. A meio falada 50,000 é a que
mais realça a perda do trinado único stingiano. A letra sobre estrelas pop
falecidas – 2016 levou Bowie e Prince – e o reconhecimento da proximidade do
próprio fim não amenizam muito a estranheza do som.
Isso não significa, todavia, que 57th & 9th não tenha
bons momentos, além dos citados momentos rock, minoria no álbum a despeito da
publicidade nessa tecla. One Fine Day, sobre aquecimento global, é midtempo que tranquilamente poderia
estar no repertório de algum grupo de indie
rock britânico do começo do século, tipo Travis. Heading South On The Great
North Road nada tem de rock; é bonito folk, perfeitamente inserido na tradição
medievalista britânica. Pretty Young Soldier está na linha da balada folk.
Sofre um bocadinho pela gravidade do vocal, mas a historinha da moça que se
traveste de homem para se alistar no exército e ficar de olho no amado é
bonita, pertinente com a recorrência do tema no folk inglês, vide Kate Bush
regravando The Handsome Cabin Boy, como lado B de The Hounds Of Love (1985).
Por mais que os 2 ou 3
rocks sejam simpáticos, são eclipsados pelo catálogo prenhe de pérolas do
Police. Destarte, o ponto alto de um álbum supostamente rock é Inshallah, com
sua pegada “árabe” e instrumentação que ultrapassa o baixo-guitarra-bateria,
especialmente a Berlin Sessins, da Deluxe Edition, que vale por essa e pelo
energético cover ao vivo de Next To You, primeira faixa do primeiro álbum do
The Police, no pré-histórico 1978.
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