Álbuns se empilham desde agosto e o hiato de quase 1 mês
sem postagens não melhorou a situação, então, vamos pruma trilogia! O elo é
serem trabalhos que bebem na saborosa fonte oitentista, a favorita deste
blog(ueiro).
DIANA foi formado em
Toronto, em 2010, por Joseph Shabason e Kieran Adams, que logo adicionaram a
vocalista Carmen Elle no projeto que era pra ser só de estúdio. Interesse pelo
material disponibilizado no Soundcloud estimulou apresentações ao vivo e desde
então o grupo vem excursionando pelo hemisfério norte. Em 2014, saiu o LP de
estreia, Perpetual Surrender e dia 18 de novembro, a dezena de canções de
Familiar Touch.
O toque familiar do título
será sentido pra qualquer (sobre)vivente/amante dos 80’s: a voz de fadinha
falsamente gélida de Carmen flutua por cima de arranjos synthpop. Confession
abre com percussão sintetizada pesadinha de linha de produção à Depeche Mode,
fase People Are People, mas cedo arrefece numa linda melodia pra Elle flanar,
com muito acontecendo nos teclados. Essa ocupação tecladística é um dos charmes
de Familiar Touch: quem leva a batida de Moment Of Silence é a percussão,
deixando o teclado livre pra criar. Muito bom ouvir esse álbum com fones de
ouvido pra perceber isso em várias faixas, além das influências talvez até nem
intencionais de grupos hoje esquecidos pela maioria. Momentos de Moment Of
Silence não lembram The Promisse, do Arcadia? Aliás, esta está presente também
em Miharu, que igualmente evoca Clouds Across The Moon, da Rah Band.
Arqueologia oitentista; não é totalmente delícia? Os backing vocals e a percussão estereotipadamente “negros” de Miharu
retomam a velha contradição do synthpop: vocais gélidos em cima de
instrumentação suingante e orgânica. Sinta-a também em Slipping Away, gostosura
dançável com voz de cristal gelado, mas guitarra afogueada à Chic e teclado
oriental. Fãs de The Bird And The Bee e Chvrches podem tentar DIANA sem receio.
Nunca pensei que ouviria LP do Busted, mas o fiz com
Night Driver, lançado em 25 de novembro. O trio formado por James Bourne, Matt
Willis e Charlie Simpson, em 2000, gerou um par de álbuns bem-sucedidos na sua
nativa Grã-Bretanha, onde seu pop-punk (ugh!) mela-calcinha estampou muita capa
de revista teen. Plutonicamente
distante do que me interessa, já esquecera da boy band muito antes de sua dissolução em 2005. Qual não foi minha
surpresa quando soube que lançaram álbum calcado nos 80’s! Os caras agora são
30tões, mas pus-me a imaginar que público tencionavam atingir, porque nós
50tões oitentistas talvez não liguemos pra eles, pois temos o original e sua
geração é jovem demais pra que essa sonoridade tenha valor afetivo. Seja o que
for, Night Driver atingiu o 13º lugar na parada inglesa.
Enquanto DIANA envereda
pela seara indie (sem perder
acessibilidade), essa versão do Busted abraçou a produção polida do AOR
oitentista: Out Of Our Minds, One Of A Kind e I Wil Break Your Hearts foram
cuidadosamente planejadas pra serem ouvidas num passeio por freeway californiana. E não é que Night
Driver foi produzido em Los Angeles e até o logotipo do trio lembra o design ianque dos 80’s? Tem bateria
eletrônica, bastante sax, power ballad
(New York) pra cantar no show com celular aceso, porque isqueiro lembra cigarro
e esse hábito é coisa daqueles primitivos anos 80! A faixa-título nos faz dançar
como Hall & Oates, circa 1984. É
isso; Night Driver soa como delícias esquecidas como Go West, Glass Tiger; até
Toto. É como ouvir FM comercial nos meados da Melhor Década. Até os vocais de
vez em quando lembram Hall & Oates e Sting. De mais moderninho, só On What
You’re On, mas nos termos retrô do Daft Punk ou Capital Cities: tem solaço de
sax e vocoder, mas é hip, porque tem o feeling neandertal do atual pop-cabeça, sem soar neandertal. Kids
With Computer tenta vibe mais
electro-modernete também, com Autotune
e tudo, mas sei lá, me veio sensação Kim Wilde early 80’s na cabeça... Felizmente, o passado pop punk (ugh!) só é
detectado em 2 faixas: Easy tem aquela vozinha enjoativa de muito do subgênero,
mas o arranjo é pop-roquinho bem diluído, baladinha mesmo, porque afinal, agora
aquela geração de teens é trintona e
barulho já chega o que fazem os filhos. Coming Home, a faixa de abertura,
parece apontar prum álbum mais roqueirinho, mas a enxurrada de teclados avisa
que o passado “acústico” foi enterrado. Depois dessa deletável abertura é que
vem delícias como Without It, com faceless
mid 80’s de Cutting Crew e refrão grudento. Mas, aí está a questão: por
quanto tempo?
Um dos queixumes/elogios mais constantes sobre a seção de
música é que tem muito artista antigo/que ninguém conhece. Ambos argumentos me
agradam, porque o blog não tem porque falar daquilo que a grande mídia já se
encarrega de veicular à diarreia. Nesta edição, todavia, daremos espacinho pro
superastro da atualidade Bruno Mars, que com seu 24K Magic, lançado dia 18 de
novembro, também leva o ouvinte pruma viagem não apenas aos 80’s, mas às 2
décadas que lhe fazem fronteira.
A faixa-título é delírio eletrofunk totalmente início dos
anos 80. Obrigado Daft Punk por tornar essa sonoridade retrô fashionable novamente. É uma paulada,
que vem no mesmo estilo, embora com um tiquinho menos de BPMs, na faixa
seguinte, Chunky, que assentaria confortavelmente num álbum oitentista de
Jocelyn Brown ou Evelyn ‘Champagne’ King. Diz que Mars começou imitando Elvis.
Ele devia fazer isso muito bem, porque a emulação de James Brown, em Perm, é de
destruir cadeiras e incendiar genitais. Super funk anos 70, mas quer coisa mais
anos 80 que permanente?
A velocidade de 24K Magic decresce a partir daí, mas
nunca a qualidade, numa produção densa e cheia de detalhes. Versace On The
Floor é balada sensacional, pleno 1986, enquanto as também lentas Straight Up
And Down e Finesse avançam pra primeira metade dos 90’s; nesta última Bruno
modula a voz como doido, provavelmente o ponto vocal mais elevado.
Com suas letras
bem-humoradas/boladas e repletas de ostentação, 24K Magic é pura magia.
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