Roberto Rillo Bíscaro
A seção de cinema traz 2 produções de gêneros distintos,
cujo elo é serem escandinavas. Gostei bem mais da segunda, mas a primeira
mereceu comentário, então lá vai:
Na minha versão da Netflix, o título da comédia de
humor-negro Hundraåringen som klev ut genom fönstret och försvann (2013)
apareceu assim mesmo, no original sueco. Isso foi decisivo preu escolher vê-lo.
Baseado num best-seller, o filme de
quase 2 horas narra picarescamente algumas aventuras dum centenário que adorava
explodir coisas (a Suécia é o berço da nobeliana pólvora) e acaba numa casa de
repousos. No dia de seus 100 anos, pula a janela e se mete na maior enrascada,
quando acidentalmente se apossa duma mala recheada de dinheiro. Mas jamais se
inteira do perigo em que está. Logo aprendemos que ao longo da vida, Allan
Karisson passou por n situações, envolveu-se com Franco e Stalin, mas nunca
teve a mais vaga noção do que se passava.
Algo como um Forrest Gump on acid, a ironia e mordacidades tipo determinar que Franco e Stalin
não eram assim tão diferentes servem pra elevar a película aos olhos dos ainda
remanesceres preferidores da “cultura” europeia à estadunidense. Mas, Forrest
veio bem primeiro, ainda que menos divertido, porque não tem elefantes se
sentando na cara de motoqueiro ou raposa explodida, porque comeu gato (tome!).
E não é que isso se tornou o filme de maior bilheteria do
cine sueco e prepara-se sequência?
Headhunter é um termo em inglês que significa
"caçador de cabeças". No mundo do capitalismo corporativo, o
headhunter "caça" os melhores profissionais do mercado em áreas executivas.
Normalmente, são procurados por grandes empresas que pretendam contratar o
profissional ideal para sua organização. Na era da qualidade total, infinitos
testes neuro-linguísticos e dinâmicas, o headhunter
precisa ter o feeling da
moralidade du jour, a fim de melhor
atender as empresas que o contratam. Assim, este profissional assume
papel-chave em certas áreas corporativas.
O filme dinamarquês Headhunter (2009)
maldosa/impiedosamente lembra a analistas, corretores, headhunters, jornalistas
e demais agregados do mundo das altas finanças, que quem manda, mesmo e ainda,
é o detentor do capital e que no fim são seus interesses e arranjos que contam.
O durão e ultramedidor de relações custo-benefício e de
competências Martin Vinge é contratado por um empreendedor octogenário e
trilhardário em busca dum sucessor. Niels Sieger acha que seu filho Daniel não
tem suficiente esperteza e determinação pra entender a “nova moralidade” e
tomar as rédeas pra tornar o conglomerado fundado pelo pai ainda maior. A
função de Martin é encontrar o CEO ideal. Mas, o filhão Daniel não ficará
passivo. Nessa briga de cachorro grande entre pai e filho, o headhunter vai caçar ou ser caçado?
Quando não se tem grana pra trazer um médico suíço de helicóptero a Copenhague
prum exame pro filho, pode-se pensar/dizer que se tem poder ou autonomia?
Headhunter é um thriller
corporativo eminentemente masculino, que mostra que quando os escandinavos
querem, são implacáveis. Encabeçando o elenco, Lars Mikkelsen, que depois de
Forbrydelsen, explodiu no mundo anglofalante e pode ser visto em House Of Cards
e até no hit britânico Sherlock.
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