terça-feira, 28 de março de 2017

TELINHA QUENTE 252

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Roberto Rillo Bíscaro

Em setembro de 2015, ao resenhar Sharknado (2013), inesperado sucesso cult da produtora The Asylum, disse que me cansara após ver a sequência e então queria novidade. Como uma função deste blog é pagar minha maldita língua (lembram quando afirmei que jamais leria algum Nordic Noir, apenas pra, meses depois, resenhar mais de um?), cá estou comentando os Sharknados de 2015 e 2016. Essa sandice fez tanto sucesso, que o canal SyFy lança as sequências na Shark Week, semana apenas com filmes de tubarões e animais devoradores, todo julho. É evento e é tendência entre fãs de filmes B, C, D...

Sharknado 3: Oh Hell, No! Começa com a destruição de Washington por uma chuva de pobres tubarões, que além de serem retirados de seu habitat pelos ventos, ainda são demonizados como culpados. Cai tubarão no colo de Lincoln, aparece congressista de verdade dando entrevista sobre a catástrofe (a Republicana Michele Bachmann), mas é meio rápido, embora totalmente divertido. O foco é muito mais amplo: a tempestade em DC foi apenas um evento; o real perigo era que uma muralha tubarônica estava se formando por toda a costa leste, desde o Canadá à Flórida. Quando o megatornado trouxesse os predadores, milhões pereceriam. Cabe a Fin (sacou? LOL) Shepard, sua esposa, filha e a ex-garçonete Nova deterem a hecatombe, muitas vezes munidos de serras-elétricas, no melhor estilo Ash Williams. O grosso da ação se passa no parque temático da Universal Studios, na Flórida, então há chuva de barbatanas na tradicional corrida de Daytona, o autor de Game Of Thrones sendo abocanhado, ônibus espacial e tubarão no espaço. Isso mesmo, tubarão no espaço. Percebendo-se como piada, a película não perde a chance de se autorridicularizar. Tara Reid pergunta a Ian Ziering: ‘como é possível tubarões no espaço?” A resposta vem certeira: “como é possível um tornado de tubarões?”
Não supera o frescor com cheiro de peixe do primeiro Sharknado, mas algumas sequências e diálogos são impagáveis. Outra diversão é localizar as diversas (sub-)celebridades, que aparecem como elas mesmas, não identificadas ou em micropapéis. A outrora Mulher Nota 10, Bo Derek, e o motorista da Super Máquina, David Hasselhoff, já são escalados pra papéis de avós, embora o beberrão Hasselhorf continue sendo herói macho. A lista de aparições tem Lorenzo Lamas, Lou Ferrigno (o Hulk dos anos 70), os trash-gêmeos irlandeses Jedward (num carrinho de montanha-russa, tem que prestar atenção!) e mais uma porção de âncoras televisivos e esportistas, que aparecem como eles mesmos. Até a octogenária Jackie Collins apareceu, antes de falecer em setembro de 2015. Embarcar na moda tubarônica é conveniente, porque sempre se pode camuflar o semi-esquecimento dizendo que participou por ser divertido.


O Sharknado 2016 recebeu o subtítulo The Fourth Awakens, pra zoar Star Wars: The Force Awakens, de 2015. A abertura segue o mesmo estilo tornado clássico por George Lucas, em 77. Mas, não se trata de aprofundar o tema dos tubarões espaciais, é apenas uma num mar de citações despejadas ao longo dos 90 minutos. Será que muitos jovens espectadores do SyFy entendem porque o conversível vermelho chama-se Christine ou a inevitável piadinha a respeito de não se estar mais em Kansas, quando saem do estado? Não importa, também não devo ter entendido trocadilhos e referências a coisas mais contemporâneas. 
Uma megacorporação pôs fim às chuvas de predadores, até que recomeçam indiscriminadamente e sem necessidade de água pros tubarões. É sandnado, lightnado e até uma potencialmente hecatômbica nukenado, mas todas contêm os animais aquáticos, mesmo quando atingem áreas desérticas como Vegas ou Salt Lake City. Fin volta e com ele sua família – Sharknado é celebração à célula mater da ordem social – incluindo Vô Hasselhorf (que no 3 estava na lua!) e uma versão semibiônica de Mama Tara Reid, que pode voar e produzir sabre de luz no lugar de onde era sua mão. É tudo maluco e cada vez mais generalizado, tanto que o final sinaliza a possibilidade de os sharknados atingirem a Europa, afinal, não há muitas cidades icônicas ianques a detonar.
A lista de pontas de “famosos” segue alentada. Jedward devem estar no desespero, porque há outra ponta de segundos (felizmente, eles não lançam álbuns desde 2012, acho que estamos livres!), assim como David Faustino, outra vez nomeado Bud, como jogador num cassino. Tem de tudo, de médico-celebridade, tipo Dr. Drew até roqueiros como Vince Neil (Motley Crue) ou Corey Taylor (Slipknot). Assim como ocorrera no 3, Steve Guttemberg, o Colton West, de Lavalantula, aparece em Sharknado – Corra Para o Quarto (no Brasil tem esse nome). Será que eventualmente os 2 heróis se encontrarão?, porque Fin apareceu em Lavalantula também e os diálogos sempre dão a entender que as catástrofes ocorrem coetaneamente.
Conforme essas franquias vão aumentado a numeração, o charme diminui, mas pra ver um por ano com amigos ainda funciona, embora gente engolida por tubarão e sendo resgatada mediante corte com serra elétrica já esteja dando no saco. Desta vez, a “diferença” foi que se tratou de um monte de tutubas; assista pra entender. É divertidinho, mas evite ver em seguida.

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