Roberto Rillo Bíscaro
Múltiplo déjà vu
invadiu-me enquanto via o divertido From a House on Willow Street (2017).
Quando assisti ao mexicano Km. 31 entendi de vez a asserção de Fredric Jameson
de que globalização é na verdade (norte-)americanização: tudo me pareceu
genérico, como se pudesse ter sido produzido em qualquer país, o que em si já
era falso, porque tal generalidade é calcada em imagens recebidas e acostumadas
a partir de produções dos EUA.
From a House on Willow Street é da África do Sul, porém
africanistas têm pouco a celebrar: a não ser por se poder mencionar o país numa
resenha, não há nada na produção que a particularize. A origem da fortuna da
família é a mineração diamantina, mas daí a eleger isso como elemento
particularizante de cor local é atingir nível pollyannico impensável pra este
resenhista. Até o sotaque é ianque – ou de atores se passando por; não
pesquisei a nacionalidade do elenco.
O filme é uma espécie de Don’t Breathe da possessão
demoníaca: 4 sequestradores raptam uma jovem herdeira. Com o que eles não
contavam é ela estar com um diabo no corpo. Quando descobrem é tarde demais pra
salvarem suas peles, mas é o começo de nossa diversão.
Nada de novo no front: o diabo canta musiquinha de
criança, baba preto, esbugalha olho e sabe tudo do passado de cada um, pra usar
contra e desestabilizar. Dividir (literalmente) pra conquistar a alma. Não é
original, mas as mortes são legaizinhas, e a cinematografia caprichada, grande
conquista numa produção independente.
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