Vejam que massa a campanha publicitária da cerveja Skol, que traz gente de tudo quanto cor e tamanho, inclusive albinos!
sábado, 29 de abril de 2017
quinta-feira, 27 de abril de 2017
ALBINO INCOERENTE ENCONTRA FÁTIMA BERNARDES
Quinta-feira passada, recebi email de um produtor do
programa Encontro Com Fátima Bernardes. Um dos temas da edição de terça-feira
(25 de abril) seria a crescente e merecida atenção despertada pelas gêmeasalbinas Lara e Mara Bawar, que entram para o mundo da moda, depois que foram
descobertas pelo fotógrafo suíço Vinicius Terranova.
A produção me convidou para o painel de entrevistados,
para dar informações técnicas e contar as experiências. Como o blog sempre teve
o objetivo de informar sobre o albinismo e as dificuldades e possibilidades das
pessoas com essa condição, aceitei na hora e segunda-feira fui ao Rio de
Janeiro.
Experiência incrível e importante, porque a audiência
global é enorme e o tom informal do Encontro faz com que as informações sejam passadas
de modo descontraído.
Agradeço à gentileza e profissionalismo de toda a
produção e equipe de apoio e em especial à Fátima Bernardes pela oportunidade
de divulgar informações sobre o albinismo.
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quarta-feira, 26 de abril de 2017
CONTANDO A VIDA 187
NOSSA
SENHORA DE FÁTIMA OU DE APARECIDA? QUESTÃO DE ESCOLHA?
José Carlos Sebe Bom Meihy
Sou
de uma geração que, em conjunto, vivenciou a perda pública das demonstrações de
fé. Sou, assumo, parte da “classe média emergente”, fenômeno novíssimo, urbano
e industrial, que se fez entre o declínio da crença institucional religiosa e o
vertiginoso crescimento do capitalismo à brasileira. Represento, portanto,
parcela de um segmento materialista que cresceu dentro do ambiente definidor da
sociedade de consumo, onde as demonstrações de religiosidade não se ajustavam
bem ao modelo. Diria que me enquadro na moldura dos que acabaram por se reduzir
a “católico cultural”. Dói dizer isso, mas olhando para meus pares etários,
cabe reconhecer que não temos mais jovens fieis como antigamente. Não que não
existam; logicamente os há, mas não em número expressivo ou pelo menos de
ostentação visível. Pois é: de repente, manter tradições religiosas virou coisa
antiga, mais de mulheres; os chamados feriados religiosos foram perdendo força,
trocados por dias de descanso ou férias. Tudo se deu meio silenciosamente, na
calada dos tempos, sem que notássemos. Triste isso, não?
A
despeito dessa constatação pessoal, não tenho como negar minha extrema atração
pelo universo mítico cristão católico. A ideia de céu, inferno, anjos, santos e
demônios; o movimentado mundo das tentações e de perdões confessionais, a noção
de milagre e tantos outros mistérios do sobrenatural me fascinam. Nada,
entretanto, me comove mais do que a fé alheia, manifestações processionais,
orações em voz alta e os cânticos... Ah! os cânticos religiosos “com minha mãe estarei na santa gloria algum
dia, junto a Virgem Maria, no céu trunfarei”... Mesmo tendo relativizado
minha fé – afinal sou filho do meu tempo – devo segredar que não abro mão do
apelo à Nossa Senhora. Não mesmo. Basta um probleminha para recuperar a “crença
infalível” e rogar ajuda. Tudo é muito secreto, íntimo, mas real. Então, sempre
me pergunto: mas a qual delas; a qual das Virgens devo me dirigir? À Nossa
Senhora Aparecida, padroeira do Brasil ou à Nossa Senhora de Fátima,
portuguesa?
Sei
claramente que todas são uma só, mãe de Jesus, e também sei que as denominações
apenas dimensionam apropriações circunstanciais. São, porém, exatamente tais
acolhimentos que me confundem. Há Nossa Senhora para todos os gostos, culturas
e nações, sabe-se. Cada grupo ou nação escolhe e privilegia uma, e, assim, há:
mexicanas, francesas, peruanas, croatas, libanesas, e tantas outras. Existem
ainda as: do Bom Conselho, da Boa Morte, do Parto, das Dores... No Brasil, tem
havido variações tendenciosas e até acho que não seria errado dizer que se
dividem em duas principais: Aparecida e Fátima. Se desde a chegada dos
portugueses Nossa Senhora dos Navegantes teve posto de protetora, antes dela,
Nossa Senhora da Conceição (ou Imaculada Conceição) ganhou prestígio, chegando
em 1640 a ser escolhida como Rainha de Portugal e, portanto, de todo “Mundo
Português”. De lá para cá foi um pulo, pois os devotos lusitanos e famílias
espalhadas no vasto domínio imperial se firmaram nessa afiliação devota. Houve,
porém, algo que abalou tal prestígio. No Brasil, em 1717, foi encontrada no Rio
Paraíba uma imagem que mudaria o rumo da orientação religiosa popular. Os
relatos que dão conta desse episódio estão registrados no Primeiro Livro de
Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá, onde se lê que a aparição
da imagem ocorreu na segunda quinzena de outubro de 1717, quando Dom Pedro Miguel Vasconcelos,
conde de Assumar,
governador da capitania
de São Paulo e Minas d’Ouro, estava de passagem pela cidade
de Guaratinguetá.
Para homenageá-lo, a população resolveu oferecer uma refeição à base de peixe.
E lá foram três humildes pescadores Domingos
Garcia, João Alves e Filipe Pedroso. Depois de tentativas, já desistindo, recolheram
o corpo de pequena imagem, da Virgem Maria, sem a cabeça que, por fim, foi
encontrada em nova arremessada, compondo a imagem de terracota, escurecida.
Dois
séculos passados, em Portugal, outra e rumorosa aparição ocorreu, dessa feita
numa Cova chamada Iria,
na freguesia de Fátima.
Segundo relatos, a primeira aparição da Virgem teria ocorrido para três crianças
pobres, camponesas, no dia 13 de maio de
1917.
As aparições repetiram-se por seis meses, sempre no dia 13, até outubro de 1917. A
devoção à Nossa Senhora do Rosário de Fátima cresceu muito no Brasil e até
possuímos em cidade do interior do Ceará, no mundo, a maior imagem da Virgem
“portuguesa”. E não faltam expoentes da cultura de massa a divulgar tal devoção
(Ana Maria Braga, Hebe Camargo, Padre Marcelo Rosssi). O mesmo se diz de Nossa
Senhora da Conceição que tem fiéis seguidores significativos como nosso
sertanejo Renato Teixeira que a imortalizou na “Romaria”. Pois é, mas tudo isso
não me permitiu uma resposta definida, pois, afinal, a quem devo pedir favores?
Se esse trololó não indicou onde chegar, juro que vou suplicar ajuda de ambas
e... E, prometo resposta assim que elas me indicarem o caminho. Por enquanto,
Salve Nossa Senhora Aparecida; Salve Nossa Senhora de Fátima.
terça-feira, 25 de abril de 2017
TELINHA QUENTE 256
Roberto Rillo Bíscaro
Lá pela metade do
segundo capítulo de Doctor Foster (2015) anotei mentalmente: se escrever sobre
a série da BBC, não cair no chavão de dizer que nem no inferno existe fúria tão
descomunal quanto a de uma mulher desprezada. Não se passaram 10 minutos e a
própria protagonista Gemma Foster lê a citação da peça de William Congreve.
Além de me permitir ser clichê, o uso da batida fala de Zara, em The Mourning
Bride (1697), marca bem a linha fina pela qual caminham os 5 capítulos: vontade
de ser inteligente, mas frequentemente resvalando pro já muitas vezes visto e
pro melodramático. E isso não significa que seja ruim, apenas não é o Cenas De
Um Casamento que aspira a ser. Doctor Foster é um drama pra TV muito do
assistível; o último capítulo então, é uma cacetada.
Gemma Foster
(Suranne Jones, perfeita) é uma médica trabalhadeira e praticamente sustentando
a casa, porque o marido Simon está envolvido num grande projeto imobiliário na
pequena cidade onde vivem. Gemma é meio arrogante, não tem tanto tempo pro
filho, mas é competente e aparenta estar sempre no controle. Mas, o casal se
ama. Ate que... Até que ela acha um fiozão de cabelo loiro num cachecol do
marido. No começo o espectador fica em dúvida se não é coisa da cachola da
médica. Isso não importa muito e nem o desenrolar, algo óbvio. O que conta é a
reação da Doutora Foster e é aí que reside um dos pontos mais fracos. Em um
momento ela é racional e intelectualizada, nem bem instaura-se a suspeita e já
a vemos tornar-se íntima duma paciente que quer remédios pra dormir (ela troca
medicamentos por informações) e dirigir desvairada pela urbe.
Talvez fosse
proposta mostrar como nossa capa de razão é facilmente esgarçável. Se for isso,
precisaria resolver melhor no roteiro, mas não duvido que espectadores vários
devam ter utilizado essa abordagem. O que não dá pra disfarçar é o determinismo
moral simplista do tipo “homem trai; mulher tem vontade, mas consegue segurar”
e nem a tendência do criador Mike Bartlett de verbalizar mais as supostas
“faltas” de Gemma. Ainda bem que isso é relativizado no desenlace,
especialmente na reação do filho, ao final do capítulo derradeiro.
Defeitos há, mas
quem gosta de um bom drama com lances noveleiros domesticados e boas atuações
com sotaque britânico, sucumbirá perante Doctor Foster. Infantis ou não, é
engajador observar as reações e maquinações de Gemma; a cumplicidade de quem
supõe manter-se neutro, mas ao silenciar escolhe um lado; a facilidade com que
reputações são manchadas. Doctor Foster é muito sobre instabilidade rondando
superfícies aparentemente tranquilas, em mais de uma esfera. E a cena em que
Gemma solta os cachorros é pra se ver mais de uma vez.
A BBC anunciou
segunda temporada, mas enquanto ela não chega, a primeira está até na Netflix,
com dublagem em português e tudo, pra quem não curte legenda.
segunda-feira, 24 de abril de 2017
CAIXA DE MÚSICA 262
Roberto Rillo Bíscaro
Regina Belle começou a destacar-se em 1987, com singles-solo e duetos. Foi nessa
modalidade que teve seu reconhecimento maior: a canção A Whole New World (1992)
- interpretada com Peebo Bryson e tema do desenho da Disney, Aladdin – faturou
um Grammy. Seu décimo álbum, The Day Life Began saiu há mais de um ano e devido
a seu tom mais passadista (urban soul
fortemente enraizado nos 80’s e 90’s), sequer arranhou paradas oficiais ao
redor do mundo. Isso não significa que devamos ignorar a dezena de delícias na
voz forte da norte-americana.
A faixa-título abre com voz e piano meio lamentosos, mas
quando a letra chega no momento em que a vida começou, porque o eu-lírico
encontrou o amor, tudo muda prum clima midtempo
com palmas e dedos estalando, que dão vontade de cantar junto sorrindo. The Day
Life Began, o álbum, é desbragadamente “comercial” (algum artista lança
trabalho pra não vender?) no sentido retro-90’s, e em baladas quiet storm, soul e urban jazzy como
Imperfect Love, You, You Saw The Good In Me ou A Night Of Love fica quase
impossível não pensar no passado Disney de Belle. Sem problema, tudo é
executado com extremo gosto, sensibilidade e perícia.
Regina Belle não fica querendo experimentar, seu negócio
é cantar muito bem, sobre bases R’n’B bem-comportadas, como em Live 4 You. He’s
Alright parece que vai ficar invocada com seu começo agressivinho-fake e uh hu,
mas que nada, é gospel profano potente. You Know How To Love Me e Open Your Eyes
nos jogam na pista de dança em climas meio 90’s, mas a primeira tem umas
flautinhas disco (sabe aquela coisa
Elisângela, Pertinho de Você?) e a segunda, apito de futebol, também coisa
acústica mais disco do que sintetização noventista.
Be Careful Out There fecha com violão e percussão mais
acústica, numa letra sobre a preocupação materna de soltar os filhos do ninho.
Será que dava pros pais pararem de desejar que seus rebentos mantenham a
inocência pro resto da vida? Querem o quê, que a moçada seja enganada e tenha o
coração partido até a morte? Eu, heim!
domingo, 23 de abril de 2017
PAS DE DEUX DA SUPERAÇÃO
Conheça a história do Jonatas Soares, o bailarino que se formou pela Escola Petite Danse, através do Projeto Social Dançar a Vida, superou diversas dificuldades e atualmente é bailarino trainee da companhia Dutch National Ballet.
sábado, 22 de abril de 2017
sexta-feira, 21 de abril de 2017
PRÓ-ALBINO NA REVISTA VEJA
Programa inédito no país ajuda albinos a tratarem da saúde
O projeto também ensina a lidar com o preconceito social
Por Mariana Zylberkan
Colaborou Sara Ferrari
Em 2011, quando estava grávida de sua filha Beatriz, a professora Fernanda Quintiliano ouviu uma frase aterradora de uma médica que a acompanhava na gestação. “Ela me disse que eu não deveria pôr filhos albinos no mundo, pois havia um risco imenso de eles contraírem câncer de pele”, relembra.
Ela e o marido, o técnico em segurança do trabalho Flavio André Silva, possuem o distúrbio genético do albinismo e o transferiram às duas filhas — a caçula, Clarice, tem 1 ano. O único integrante da família de Osasco, na Grande São Paulo, que não apresenta a condição é Augusto, 6, adotado em 2011. “Eu sabia que nossos filhos biológicos seriam albinos, e não via problema nisso, mas esse comentário me deixou bastante assustada”, conta ela.
Quando a criança completou 3 anos, Fernanda encontrou o Programa Pró Albino, que funciona há seis anos na Santa Casa de Misericórdia com o objetivo de oferecer atendimento médico e psicológico gratuito a portadores de albinismo. Hoje, o casal e as duas meninas fazem consultas a cada três meses na instituição, para a realização de exames e acompanhamento clínico.
Estima-se que existam 1 000 albinos no Estado de São Paulo. Para receberem tratamento específico, todos deveriam se dirigir ao instituto da Santa Casa, o único centro médico do Brasil voltado para esse público. No entanto, apenas 220 pacientes estão cadastrados no programa.
Em 2011, quando foi lançado, eram 22. “No começo, pedíamos aos pacientes para nos indicar outros albinos”, conta a dermatologista Carolina Marçon. A médica faz parte de uma equipe de nove especialistas, entre eles oftalmologista e geneticista, pronta para atender a uma gama de necessidades, desde a detecção do nível de melanina até o aconselhamento genético e o suporte para exigir auxílio por invalidez em caso de deficiência visual.
Os beneficiados são ainda orientados a proteger-se dos efeitos nocivos do sol com o uso de protetor solar com fator 30, no mínimo, e ingerir suplementos de vitamina D, substância que não são capazes de produzir naturalmente. Uma vez detectada alguma lesão mais grave na derme, o procedimento de internação e cirurgia é realizado no próprio hospital.
A ideia de criar o programa surgiu nos departamentos de dermatologia e oftalmologia da Santa Casa para prevenir casos de câncer de pele precocemente. “Muitas pessoas chegavam aqui com a doença em estágio avançado”, explica Carolina. Um dos motivos é a falta de conhecimento sobre essa condição por parte dos próprios médicos.
“Na minha infância, passei por vários pediatras e nunca me disseram nada”, diz Fernanda, que só recebeu o diagnóstico correto aos 17 anos. Além dos problemas de saúde, essa população enfrenta diariamente o preconceito social. A assistente de produtos Rafaela Rosário relata que atrai olhares curiosos quando está ao lado do namorado, Livyston Fernandes, também albino.
Os dois se conheceram em uma rede social há dez anos. O casal procura levar a situação na esportiva. “A gente tira sarro e até manda um ‘joia’ ”, diverte- se. Há ainda ajuda para resolver problemas práticos.
O aposentado Miguel José Naufel teve de entrar na Justiça contra a prefeitura de Mococa, cidade a 270 quilômetros da capital, onde mora, para conseguir retirar um frasco de protetor solar por semana em um posto de saúde local. “Alegaram que era cosmético, mas para nós é como um medicamento. Preciso usar todo dia”, explica.
Há dois anos, o Programa Pró Albino foi reconhecido pela Associação Paulista de Medicina como uma das principais iniciativas sociais da área médica na capital. O plano agora é expandir o trabalho a outros hospitais do país. “O Estado do Rio de Janeiro e Brasília estão implantando projetos semelhantes”, diz Carolina. “Eles vão facilitar a vida de quem necessita viajar milhares de quilômetros para vir a São Paulo para o tratamento.”
OS GRAUS DO ALBINISMO
Tipo 1: é a versão mais intensa da condição genética. Tem como características cabelos brancos, pele pálida e olhos claros. A deficiência visual, causada pela incapacidade de produção da proteína que forma os nervos ópticos, é mais acentuada.
Tipo 2: os indivíduos têm cabelos loiros ou castanhoclaros e pele menos pálida.
Tipo 3: a pigmentação da pele e dos cabelos é avermelhada e os olhos são castanhos, mas existem problemas de visão.
Tipo 4: essa variação se assemelha fisicamente ao tipo 2, mas as dificuldades de enxergar são mais amenas.
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quinta-feira, 20 de abril de 2017
BRANCA DE NEVE DA SIBÉRIA
‘Branca de Neve’ da Sibéria: garotinha albina vira sensação da internet
À primeira vista, Nariyana parece ter saído de um legítimo conto de fadas. Com os olhinhos apertados e longos cabelos quase brancos, a menina albina de oito anos é conhecida como “Branca de Neve” em Iacútia, na Sibéria, onde vive com a família. As irmãs de Nariyana têm os cabelos escuros, bem como a mãe da garota.
O albinismo é uma anomalia genética que afeta a pigmentação da pele, olhos, cabelos e pelos do corpo. No caso da pequenina, a condição lhe dá ares de realeza das neves, como contou o fotógrafo russo Vadim Rufov em entrevista ao Siberian Times.
“Ela é muito artística e posou por quase 2h para as nossas câmeras. Seus olhos claros parecem emanar luz nas fotos”, disse ele. Apesar do talento para a brincadeira, a mãe de Nariyana conta que precisa recusar inúmeros convites de agências de modelos interessadas na filha.
“Acho que ela é muito nova para trabalhar ou fazer qualquer coisa do tipo. Ela gosta de aproveitar o tempo livre dançando e desenhando e quero que continue assim”.
Veja algumas fotos na galeria abaixo:
quarta-feira, 19 de abril de 2017
CONTANDO A VIDA 186
A
BONECA EMÍLIA E A LAVA-JATO.
José Carlos Sebe Bom Meihy
Para Marisa Lajolo, em abril, como sempre.
É abril e não há de como deixar de falar de Lobato. Desta feita, de
Lobato e da boneca Emília, “sua mais completa tradução”... Passados mais de 80
anos da invenção da personagem que, gradativamente, integra nossa moderna mitologia,
vale reestabelecer seu DNA, isto é, ver suas origens e reinventá-la à luz dos
dias atuais, em particular desse tenebroso tempo da Lava-Jato e d’outras
desgraças que contaminam o humor político brasileiro. Seria possível desvelar
as origens da boneca, acompanhar sua evolução ou crescimento como “gente”? O
que diria hoje aquele inquieto ser feito de pano, com olhos de botões
costurados com retrós? Cabe tal devaneio, ou devo estar sob o efeito do pó-de-pirlimpimpim? Sei lá, de toda
forma, vou começar a viagem que, afinal, espero me leve a algum lugar
explicativo deste nosso presente infeliz.
É verdade que o próprio Lobato cuidou de deixar rastros sobre suas
criações. As cartas ao amigo Rangel, juntadas às centenas de entrevistas, por
exemplo, fornecem atalhos prometedores. Além disso, não são poucos os curiosos que
buscam as raízes emilianas para além
do Paraíso Terrestre, ou melhor, do Sítio do Pica Pau Amarelo... Com
sensibilidade aflorada, aliás, uma autora cearense, Socorro Acioli, ousou
retraçar a trajetória da boneca de pano, e escreveu um livro precioso para
quantos não deixam de se inquietar com a evolução da Emília “Emília: uma biografia não-autorizada da
Marquesa de Rabicó” (Casa da Palavra, Rio de Janeiro, 2014). Por meio de
leitura atraente, a autora reacende o debate sobre as mudanças da sempre
insatisfeita boneca, mas a meta é mostrá-la mais popular, engraçada e, por
contraste, menos venenosa e politizada. Claro: ela não perdeu o tom irônico, ou
irreverente, mas mudou o comprometimento social.
É verdade que tudo na criação lobateana interessa, mas muito vale lembrar
que a própria boneca cuidou de nos deixar suas “Memórias da Emília”. Caso me fosse perguntado o que mais me chama a
atenção nessas “Memórias”, não teria
dúvida em responder: é a definição da imagem pública deixada para a posteridade,
vejamos:
Bem sei que tudo
na vida não passa de mentiras, e sei também que é nas memórias que os homens
mentem mais. Quem escreve memórias arruma as coisas de jeito que leitor fique
fazendo uma alta ideia do escevedor. Mas para isto ele não pode dizer a
verdade, porque senão o leitor fica vendo que era um homem igual aos outros.
Logo, tem de mentir com muita manha, para dar ideia de que está falando a
verdade pura.
A simples leitura
desse enunciado, num arco histórico, convida à transposição para o caso da atualíssima
Lava-jato. Basta uma olhada nas retomadas biográficas que nossos parlamentares
usam em defesa própria: “é tudo mentira”,
“sou inocente”, “quem acompanha minha trajetória tem conhecimento de quem sou”... Relacionando
as coisas, há algo que me inquieta na vida pública de Lobato/Emília. A boneca
no começo era muito mais maquiavélica, ousada, até inconveniente. Mas, mudou.
Deixe-me explicar melhor: aos poucos, nas edições sequentes, há uma variação no
tratamento da boneca com seu público. Crescendo, ela vai ficando cada vez mais
engraçada, mas, apenas mais engraçada. De maneira sutil, o teor político
inaugural é trocado por troças pândegas. Veja-se, por exemplo, a explicação que
ela dá ao Anjinho caído do céu, quando resolveu explicar o termo “discurso”,
referindo-se aos parlamentares:
- que é discurso?
- é uma falação
em voz alta, de pé, na tribuna, diante de uma porção de ouvintes. Existe uma
casa chamada Congresso, onde uns fabricantes de discursos, chamados deputados e
senadores são pagos para falar. Lá dentro tudo é nobre. Só se ouve: “O nobre
deputado... O nobre senador...” Mas quando brigam, a nobreza fica das mais
engraçadas porque só se ouvem coisas assim: “O nobre deputado é um ladrão” ou o
“O nobre senador é um canalha!”
- chegam até esse
ponto? Exclamou o anjinho assustado.
- se chegam! Não
há ponto onde o homem não chegue. Eu leio sempre os jornais e me arregalo com o
que se passa no mundo. Que bagunça Anjinho!
- quem dirige os
homens na terra?
- eles mesmos. Os
mais fortes, ou mais espertos governam os mais fracos, ou mais bobos. Os
espertos estão sempre de cima: e os mais bobos, sempre debaixo. Mas como os
expertos abusam demais, muitas vezes os bobos que são em maior número,
desesperam e fazem revoluções, botando abaixo os expertos.
- que é
revolução?
- é isso. É uma
grande multidão de bobos botando abaixo os expertos. Uma espécie de mudanças de
moscas. Você já viu como em redor de certas coisas se juntam moscas? Pois é
assim. Quando as moscas que estão de fora – as bobas – ficam muitas magras,
elas se juntam e fazem uma revolução, isto é, é, espantam as gordas e tomam seu
lugar. Mas imediatamente entre as bobas surgem as expertas, que vão fazendo o
parigato e botando as fora as bobas, para ficarem sozinhas no gostoso.
Mas, o que isso
tem a ver com a questão da Lava-jato? Tudo. Tem tudo a ver, pois não apenas nos
faz pensar na perenidade da corrupção política nacional, nos jargões de
tratamento jurídicos que encobrem falcatruas, na imagem que congressistas têm
do povo, mas sobretudo permite pensar no apagamento de determinadas práticas
discursivas que poderiam sim instruir leitores – mirins ou adultos – a temas
penetrantes. Por que será que Lobato retirou essa passagem tão fértil das
demais edições? Será que ele a manteria hoje, frente a Lava-jato? Ou será que
também se deixou corromper pelo sucesso público de seu personagem que, aos
poucos, foi se tornando mais de acordo com os consumidores, mais dóceis e
apenas mais interessantes?
terça-feira, 18 de abril de 2017
TELINHA QUENTE 255
Roberto Rillo Bíscaro
Os últimos quadrinhos que li foram do Sandman, na
primeira metade dos 90’s. Filmes de super-herói feitos pra cinema apenas
conseguem me entediar, quando tento vê-los. No início do ano, o amigo argentino
Carlito visitou e pediu pra ver uns do lucrativo subgênero. Nem o estelar
Stellan Skarsgard em vários me fazia esquecer completamente do celular, onde
jogava Best Fiends. Justiça seja feita: consegui ver O Homem Formiga inteiro,
porque é tão ruim que é bom; os demais, pelo blá blá blá ouvido e cenas
espiadas, são apenas ruins.
O exposto nem é pra chocar (muito); é pra pontuar minha
falta de familiaridade com genealogias heroicas e novos rumos e tendências.
Tenho na cabeça os tipos de histórias da época dos desenhos dos Superamigos,
embora saiba por cima que hoje há heróis gays, alguns morrem, outros são bem
ambíguos. Por ter curtido a instrução obtida com a maratona de versões do
Homem-Aranha pras telinhas, dei uma sacada em como a Liga da Justiça, aquela
dos velhos Super-Amigos, é imaginada pra gurizada do século XXI. Como são
episódios de 20 minutos, não enferrujam meu saco como a charanga de 2 horas do
Homem de Ferro na telona.
Vi 5 temporadas de Justice League e Justice League
Unlimited, exibidas pela Cartoon Network no início deste século. Já velhuscas,
portanto! Deu pra perceber que adicionaram o Unlimited, porque na terceira
temporada a Liga da Justiça inflaciona-se drasticamente com penca de heróis,
que nós leigos e espectadores casuais sequer conseguimos decorar os nomes.
Parece que tem até uma brasuca, de cabelo verde. Não tencionava verdadeiramente
aprender o nome de nenhum; já me bastam os tradicionais Super-Homem, Mulher
Maravilha e meia dúzia mais. Estava mesmo interessado no teor e tratamento das
histórias, então foi de boa, mas se quisesse ter aprendido nomes, há gente
demais pra oportunidade de menos pra que todos se destaquem, porque os
produtores não podiam se dar ao luxo de histórias sem o Flash, Lanterna-Verde e
outras estrelas.
No novo milênio, a relação da Liga com a terra é bastante
dúbia; até setores do governo querem coibi-los. Como no Homem-Aranha, bobo do
coroa que vier com aquele papo de “não se fazem mais desenhos como antigamente”
comparando com a Liga setentista. Essas histórias são muito mais adultas e
intricadas do que as de minha infância, caraca! Os heróis são torturados, se
machucam e gemem pra burro durante as lutas. Já não é mais tão apolíneo e fácil
como outrora.
Prum coroa acostumado com o
Batman camp dos 60’s e o positivo dos
desenhos dos Super-Amigos, dá dó dessas versões melancólicas desde que lhe
quitaram seu Boy Magia, oops, Menino Prodígio, Robin. Deixem Bruce ser feliz e
tragam o garotão de volta, roteiristas invejosos!
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