segunda-feira, 17 de abril de 2017

CAIXA DE MÚSICA 261

Resultado de imagem para george anderson body and soul
Roberto Rillo Bíscaro

Nos anos 1980, bandas de jazz-funk fervilhavam no underground britânico. Elas originariam o acid jazz da década seguinte e naquela primeira metade dos 80’s houve quem tentasse encaixá-las no termo guarda-chuva New Bossa. Alguns desses grupos alcançaram sucesso internacional, como o Level 42, mas a maioria não passava do estatuto de cult band, o que por si só não é desabonador caso dê pra pagar as contas no fim do mês.
O Shakatak desfrutou de status meio intermediário, porque embora tenha tido algumas inserções nas paradas inglesas – uma delas chamada Brazilian Dawn – jamais estourou maciçamente. Formado em 1980 por Bill Sharpe e Nigel Wright (teclados), Keith Winter (guitarra), Steve Underwood (baixo) e Roger Odell (bateria), o combo logo trocou o baixista por George Anderson e essa passou a ser a formação clássica. Com discografia farta e especialmente popular no leste asiático, o Shakatak segue na ativa, exceto por Winter que teve de abandonar a guitarra por motivos de saúde, mas continua envolvido com o grupo, dentre outras coisas, responsável pela página na internet. 

O baixista George Anderson desenvolve carreira paralela, colaborando com outros músicos e lançando álbuns-solo. O mais recente é Body And Soul, que saiu dia 10 de março, pela Secret Records. A versão padrão tem 15 músicas e já dura mais do que deveria, imagine a edição de luxo, com 19, sendo que as 4 bônus são remixes da melhor delas, mas que nada acrescentam. Cansativamente desnecessário.
Body And Soul obviamente tem boas linhas de baixo, mas parece LP de saxofonista, aquela preciosidade da saxodécada, de onde vem Anderson. Trata-se de coleção de jazz urbanos e suaves, variando na velocidade, mas sempre bem-comportados, harmônicos, polidos com palha de aço, bem FM. Joys Of Life, All Or Nothing, Miracle, It’s Our World variam um bocadinho no andamento ou “peso”, mas são da mesma matriz. Já ouvimos incontáveis canções parecidas, com moças convidadas pra cantar gostoso, sem grandes destaques. Miller Time é a mesma coisa, só que sem vocais. Não é ruim, mas quando chega lá pela faixa 13, soa tudo igual.
Festival de la Vida é samba-jazz funkeado com metais salerosos e vocais femininos pa ria pa pa ria. Promised Land é baladinha jazz. Beautiful também é lenta, mas mais intensa e com toques soul também e vocal marcante; a melhor balada de Body And Soul. E tem sax meio anos 90 e baixo solando.
O ponto alto está bem no começo. G Funk – a remixada demais na Deluxe Edition – é bem início dos 80’s, homenageando o pequeno titã de Minneapolis e não esquecendo o também-falecido-ano-passado Maurice White, do Earth, Wind And Fire. Já vale o álbum se você é fã do que Quincy Jones & Cia. faziam há 35 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário