Roberto Rillo Bíscaro
Nos anos 1980, bandas de jazz-funk fervilhavam no underground britânico. Elas originariam
o acid jazz da década seguinte e
naquela primeira metade dos 80’s houve quem tentasse encaixá-las no termo
guarda-chuva New Bossa. Alguns desses
grupos alcançaram sucesso internacional, como o Level 42, mas a maioria não
passava do estatuto de cult band, o
que por si só não é desabonador caso dê pra pagar as contas no fim do mês.
O Shakatak desfrutou de
status meio intermediário, porque embora tenha tido algumas inserções nas
paradas inglesas – uma delas chamada Brazilian Dawn – jamais estourou
maciçamente. Formado em 1980 por Bill Sharpe e Nigel Wright (teclados), Keith
Winter (guitarra), Steve Underwood (baixo) e Roger Odell (bateria), o combo
logo trocou o baixista por George Anderson e essa passou a ser a formação
clássica. Com discografia farta e especialmente popular no leste asiático, o
Shakatak segue na ativa, exceto por Winter que teve de abandonar a guitarra por
motivos de saúde, mas continua envolvido com o grupo, dentre outras coisas,
responsável pela página na internet.
O baixista George Anderson desenvolve carreira paralela,
colaborando com outros músicos e lançando álbuns-solo. O mais recente é Body
And Soul, que saiu dia 10 de março, pela Secret Records. A versão padrão tem 15
músicas e já dura mais do que deveria, imagine a edição de luxo, com 19, sendo
que as 4 bônus são remixes da melhor delas, mas que nada acrescentam.
Cansativamente desnecessário.
Body And Soul obviamente tem boas linhas de baixo, mas
parece LP de saxofonista, aquela preciosidade da saxodécada, de onde vem
Anderson. Trata-se de coleção de jazz urbanos e suaves, variando na velocidade,
mas sempre bem-comportados, harmônicos, polidos com palha de aço, bem FM. Joys
Of Life, All Or Nothing, Miracle, It’s Our World variam um bocadinho no
andamento ou “peso”, mas são da mesma matriz. Já ouvimos incontáveis canções
parecidas, com moças convidadas pra cantar gostoso, sem grandes destaques. Miller
Time é a mesma coisa, só que sem vocais. Não é ruim, mas quando chega lá pela
faixa 13, soa tudo igual.
Festival de la Vida é samba-jazz funkeado com metais
salerosos e vocais femininos pa ria pa pa ria. Promised Land é baladinha jazz.
Beautiful também é lenta, mas mais intensa e com toques soul também e vocal marcante; a melhor balada de Body And Soul. E
tem sax meio anos 90 e baixo solando.
O ponto alto está bem no
começo. G Funk – a remixada demais na Deluxe Edition – é bem início dos 80’s,
homenageando o pequeno titã de Minneapolis e não esquecendo o
também-falecido-ano-passado Maurice White, do Earth, Wind And Fire. Já vale o
álbum se você é fã do que Quincy Jones & Cia. faziam há 35 anos.
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