Roberto Rillo Bíscaro
Niia Bertino nasceu no estado de Massachusetts, em 1988,
em uma família musical. Sua mãe é cantora de ópera e a treinou em piano
clássico; diversos parentes frequentaram a prestigiosa Julliard School of
Music, em Nova York. Niia também migrou pra Grande Maçã, assim que se livrou do
ensino médio. Estudou jazz e começou a fazer apresentações, dentre elas uma
temporada reinterpretando os maiores sucessos das trilhas-sonoras dos filmes do
007.
Tarimbada ao vivo com shows ao redor do globo e aparições
em programas badalados de TV, como os de David Letterman e Jimmy Kimmel, Niia
lançara apenas alguns singles elogiados e um EP. A falta de um LP foi suprida
com o lançamento de I, pela major
Atlantic, dia 5 de maio. São 12 faixas luxuosamente produzidas pelo dinamarquês
Robin Hannibal. Apresentando sonoridade de urban
soul contemporâneo salpicado por trip
hop e sophistipop, I não
decepciona, embora evite voos mais altos.
Sequiosos por som chique, gozarão com a abertura urban soul de Hurt You First, a canção
sobre vingança que te fará esquecer de bolar planos, porque estará ocupado
demais fazendo poses. Niia por vezes soa como pós-Sade genérica em canções
deslizantemente esbeltas como Girl Like Me e Day & Night. Há quem dirá,
porém, que está mais pra sub-Yuna, em California. Laços: Robin Hannibal
produziu diversas faixas da malaia. Niia precisa ainda de um tempinho pra
encontrar personalidade própria no mundo das gravações.
Também precisa aprender a não convidar gente com voz mais
rica. O jazz trip hop de Sideline aparece duas vezes. Niia manda bem, mas a
versão que fecha o álbum é um dueto com Jazmine Sullivan, cuja voz modula
muito mais e melhor. Na balada All I Need é onde o vocal de Niia voa mais alto,
graças à discrição do arranjo de piano e cordas. Quem curte soul anos 70, meio Phily Soul, não se decepcionará com Constantly
Dissatisfied, que também agradará a nova geração, porque a produção é de hoje.
Last Night In Los Feliz é balada sóbria, sensual, quase com toques orientais no
arranjo moderno e rico. Nobody é quase dançável, mas como transpirar não é gourmet, vai de midtempo mesmo pra pelo menos dar uma balançadinha.
O senão de I é que por vezes parece tímido e genérico demais
e trechos como a extended-vinheta
Mulholland não cabem nele. A peça é linda, parece trilha de filme, prova que
Niia é pianista e tal, mas não tem a ver com o resto.
Estreia promissora e com
potencial, muito agradável de se ouvir. Esperemos pelo próximo capítulo pra ver
Niia desabrochar.
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