terça-feira, 2 de maio de 2017

TELINHA QUENTE 257

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Roberto Rillo Bíscaro

Embora tenha conseguido assassinar a charada de quem matara o pequeno Danny Latimer, uns 2 capítulos antes do final, isso em nada ofuscou minha admiração por Broadchurch, série da ITV, cuja temporada primeira foi ao ar em 2013. A segunda foi menos boa; parte policial, parte drama de tribunal, mas igualmente me prendeu. A derradeira dose de 8 capítulos estrelados por DI Hardy e DS Miller foi exibida na Inglaterra entre fevereiro e abril do corrente e só não os devorei mais rapidamente, por causa da Fátima Bernardes!
Broadchurch assumiu o lado feminista numa época em que reacionários tomam o planeta de assalto e socou o estômago do público com trama sobre estuprador em série. Sendo policial, o objetivo é descobrir quem violentou Trish Winterman, mas até que isso ocorra – com um diálogo estarrecedor entre os detetives e o perpetrador – testemunhamos a humilhação, raiva, vergonha, medo e culpa experimentadas pelas agredidas. À Broadchurch, também assistimos à queda de máscaras, mas o mais divertido é ver a arrogância de todos machões destroçada pelos interrogatórios de Hardy e Miller, que continuam a relação ríspido-amorosa que funciona tão bem desde sempre. Tiozinho tá todo sarcástico e risonho na cara da DS Miller num capítulo, dali a 2, ela samba na cara assustada e chorosa do desgraçado na sala de interrogatório.
Três anos depois, a morte de Danny ainda repercute, porque o roteiro não abandona algumas das personagens, como a família Latimer. Beth trabalha como conselheira para pessoas em situação de estresse emocional, seu marido não consegue se livrar do peso da dor, o filho de DS Miller reproduz o machismo predominante vendo pornô no celular e por aí vai. Mas o foco é mesmo a investigação sobre o estuprador serial e é essa a melhor parte. Não interessa muito saber sobre a dona do jornal ou o pároco, que aliás, motiva uma das ações menos críveis: como desculpa pra reunir as personagens ao final, escolhe-se um culto na igreja. Difícil de crer na presença dalgumas personagens ali. Eu teria colocado a vigília em apoio a Trish como elemento agregador; imagino que seria muito mais verossímil considerando a psicologia de alguns dos habitantes de Broadchurch.
O criador Chris Chibnall afirmou que essa é a última história que tem pra contar sobre essas personagens e local. Por um lado é bom, porque termina por cima, mas por outro deu um vazio danado, quando os créditos finais apareceram sem o escrito prometendo o retorno de Broadchurch na próxima temporada.

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