Como não leio sobre séries que acompanho, pois só
desistiria se achasse chato/ruim por mim e não por algum crítico, estranhei a
ausência de Scandal dos sítios que frequento pra ver a quantas andam as
temporadas. Era janeiro ou fevereiro e nada de episódios do show de Shonda
Rhimes. Cancelaram, será?, pensei triste. Bastou ler o parágrafo introdutório
sobre a sexta temporada, na Wikipedia, pra aprender que, devido à gravidez de
Kerry Washington (a gritona Olivia Pope), a temporada teria 16 e não 22
episódios e começou a ser transmitida, em 26 de janeiro, indo até 18 de maio.
Sempre em minhas listas de melhores do ano, confesso que
a excessiva ênfase de Papa Pope e a insistência na organização B613 começava ame dar no saco. Viciei nas temporadas e maratoneava, mas temia enjoar pela
mesmice, se bem que isso é característica inerente às soaps, cujas tramas incestuosas e repetitivas concentram-se pra
satisfazer a necessidade de permanência das personagens do núcleo duro. Note
que Cyrus já fez monstruosidades (e nessa temporada faz outra, arrasante, te
amo, Cy!) e é sempre perdoado, porque é do núcleo duro e o incesto entre eles
não pode parar, até porque são todos iguais, na verdade. Mas, essa falta de
novidade na trama deve ser disfarçada com a ilusão de novidade a todo momento. E
a insistência no tal B 613 e o berreiro cheio de balanços de cabeça do pai de
Olivia estavam repetitivos demais.
A sexta temporada consertou isso: está absolutamente
igual às demais, mas diferente. Não demorou dez minutos no primeiro capítulo e
já estava viciado, narcotizado pelo vórtice de reviravoltas, revelações,
revivalismos de personagens. Diegeticamente, o tempo é escasso: vai da noite do
anúncio de quem venceu a eleição presidencial à madrugada da posse. Scandal é
pura sandice; mas nessa temporada se superou. Conta-se que um grupo teatral
paulistano pegou o melodramalhão Romântico Fernando ou O Cinto Acusador, de
Martins Pena e montou-o em nota cômica. Daria pra fazer o mesmo com Scandal; se
bem que seu célere tom dramático sério, não consegue abafar minhas gargalhadas.
E não digo isso como detono; amo.
Logo após o anúncio de quem substituirá Fitz na
presidência, uma reviravolta determinará o tom de toda a temporada. Tem grupo
maldoso e todo-poderoso querendo o poder. Não é o B613, mas é a mesma coisa
meio que ao reverso só que não. Não deu pra entender? E quem entende Scandal?!
Mas, com essa alteração pra deixar a trama igual ao que sempre foi, a diversão
come solta.
O grande trunfo da temporada, porém, é o câmbio no ponto
de vista e no foco narrativo. Vários capítulos mostram as versões e
interconexões das personagens com relação ao ocorrido na fatídica noite. Ao
invés de curtos flashbacks dentro de
capítulos, vários são inteiramente flashback
pra conhecemos a implicação das personagens. É soap, mas em época de ouro da TV, roteirista tem que suar os dedos
mesmo em shows na rede aberta. O resultado é uma das fornadas mais formalmente
espertas de Scandal. A trama é recheada daqueles absurdos furados que amamos,
mas vem empacotada em embalagem bem inteligente. SmartTV.
Essa alteração no ponto de vista e ênfase no que se
passou com vários personagens na noite do resultado eleitoral, também diminui
um pouco a intensidade da aparição de todo mundo. Não dá nem pra enjoar muito
de Papa Pope, porque nem Olivia aparece direito em certos capítulos, quem dirá
os demais. E é nessa temporada que ocorre certa inversão nos afazeres de Olivia
e seu pai (mas não se iluda, eles são a mesma personagem e isso evidencia-se
como cristal ao final do capítulo 16).
O pico criativo encerra-se lá pelo capítulo 13, quando a
narrativa volta a ser mais linear, digamos. Isso não significa que perca o
interesse – apesar do capítulo soporífero que marca o fim da montanha-russa de
flashbacks e suposições da trama sobre quem está por trás do grande mistério da
temporada (mas não é tudo, só aprendemos isso na última cena).
Já que Scandal é pura baixaria, vamos fofocar. Lembram que indaguei sobre a importância da Portia de Rossi pra trama? Será que os supostos problemas conjujais com a poderosa Ellen DeGeneris determinaram o delicioso destino de sua personagem (nem lembro o nome. Elizabeth? Sei lá.)?
E que coisa fofa aquele capítulo mostrando o que seria de cada um se Fitz não tivesse vencido a primeira eleição, ou melhor, se não tivessem roubado o pleito em Defiance. Ninguém presta em Scandal, por isso adoro.
E Olivia vem pagar de boa moça, justiceira? Me deixa, fia!
E que coisa fofa aquele capítulo mostrando o que seria de cada um se Fitz não tivesse vencido a primeira eleição, ou melhor, se não tivessem roubado o pleito em Defiance. Ninguém presta em Scandal, por isso adoro.
E Olivia vem pagar de boa moça, justiceira? Me deixa, fia!
Mellie e Cyrus pro comando do mundo!
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