Albinos tentam vencer o preconceito
Campanha quer sensibilizar as pessoas sobre o distúrbio
“Branquelo” e “leite azedo” eram alguns dos apelidos que ele
ganhava na infância. Alex Lima, hoje com 39 anos, é portador de albinismo, um
distúrbio genético que nem todo mundo conhece e que, por isso, é carregado de
preconceito.
Justamente por isso, pelo Dia Mundial de Conscientização do
Albinismo, celebrado nesta terça-feira (13), a Sociedade Brasileira de
Dermatologia lançou uma campanha nas redes sociais. O objetivo é sensibilizar
as pessoas sobre essa condição que atinge uma em cada 18 mil pessoas no mundo.
“Muita gente acha que é uma doença contagiosa”, diz Alex,
que aprendeu ainda criança a se defender de pessoas sem informação. “Eu não
aceitava bullying. Quando me ofendiam, implicavam, eu reagia. Sabia me defender”,
conta.
Alex, que é servidor público, acha importantes campanhas
como essa da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Também defende que os
albinos conheçam mais seus direitos.
Visão
“Boa parte dos portadores de albinismo têm problemas de
vista. Por essa deficiência, temos vários benefícios do governo”, destaca ele,
que sofre de baixa visão.
O albinismo pode acometer somente os olhos ou olhos e pele,
como destaca o dermatologista Leonardo Ferreira.
O médico lembra que o albino precisa tomar uma série de
cuidados com a pele. “Por não ter melanina, que é a substância que dá cor à
pele, olhos e cabelos, o albino não se bronzeia sob o sol. Ele sofre
queimaduras. Por isso, não pode se expor à radiação solar”, aponta.
Alex mesmo conta que já teve várias queimaduras na pele
quando criança: “Não tinha informação. Agora eu sei me cuidar.”
O sol, de fato, é um inimigo dos albinos, que acabam
sofrendo mais com doenças como câncer de pele. “No Brasil, as pessoas não têm a
cultura de usar protetor solar. E o índice de radiação é altíssimo aqui no
país. Os albinos, principalmente, são muito afetados pelo câncer”, afirma o
médico, que é mestre e doutor em envelhecimento e professor de pós-gradução na
Emescam.
Proteção
Portanto, toda proteção contra os raios solares é pouca.
“Eles devem usar filtro solar com alto fator de proteção, além de óculos de
sol, bonés e roupas especiais que filtram a radiação ultravioleta”, diz ele.
Outro problema comum em pessoas com albinismo é o
envelhecimento precoce da pele. “A pele deles costuma ser mais ressecada. Eles
são mais suscetíveis sos radicais livres, desencadeados pela radiação
ultravioleta, o que acelera o processo de envelhecimento”, explica Leonardo
Ferreira.
Entenda mais
Genético
O albinismo oculocutâneo é uma desordem genética na qual
ocorre um defeito na produção da melanina, pigmento que dá cor a pele, cabelo e
olhos.
Quem atinge
O albinismo pode afetar pessoas de todas as raças sem
distinção, por isso tem sido extensivamente estudado. Aproximadamente uma em 18
mil pessoas tem um dos tipos de albinismo.
Visão
Como as pessoas com albinismo apresentam também alterações
oftalmológicas como visão subnormal, estrabismo, catarata e nistagmo
(oscilações rítmicas, repetidas e involuntárias de um ou ambos os olhos), entre
outras.
Tipos
Existem 7 genes envolvidos no albinismo. No albinismo
oculocutâneo tipo I, por exemplo, existe ausência completa da produção de
melanina, sendo o quadro clínico mais intenso, com pele e cabelos totalmente
brancos e graves alterações oculares. Já no albinismo oculocutâneo tipo II,
forma mais frequente no Brasil, a deficiência de melanina é parcial, assim
sendo, pele e cabelo apresentam algum grau de pigmentação.
Doenças
Devido à deficiência de melanina, os albinos são altamente
suscetíveis aos danos causados pelo sol, apresentando frequentemente,
envelhecimento precoce e câncer da pele, ainda muito jovens. Não é incomum
encontrar albinos na faixa dos 20 a 30 anos com câncer da pele avançado.
Vitiligo
O albinismo se apresenta desde o nascimento e não se
modifica com a idade. Ocorre porque os melanócitos não conseguem sintetizar a
melanina. Já o vitiligo é uma doença adquirida. Nela, ocorre a “morte” dos
melanócitos, que produzem a melanina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário