Roberto
Rillo Bíscaro
A
biografia da jovem Kat Graham parece elaborada dentro dum grupo que estuda
multiculturalismo: filha de pai afro-americano e mãe judia, a garota nasceu na
Suíça, mas foi criada em Los Angeles e fala diversas línguas, dentre elas a
nossa. Escreve, dança, canta, atua,
enfim, é multimídia também. Público teen/jovem
deve conhecê-la como a bruxa Bonnie Bennett, da findada The Vampire Diaries.
Como tais shows estão bem distantes de meu universo de interesses, desconhecia
a existência de Graham até tropeçar bem por acaso em seu segundo álbum, Love
Music Funk Magic, lançado dia 2 de junho.
A
palavra funk atraiu os olhos e imediatamente busquei info. Descobri que a moça
ama O’Jays, James Brown e anos 90 e que nesse segundo LP trabalhara nada menos
que com o Príncipe Púrpura, que a aconselhara a fazer som mais Giorgio Moroder/Donna Summer. Além disso, Kat colaborava com BabyFace, que no currículo
tem TLC, Sheena Easton (80’s sempre!), Toni Braxton, Midnight Starr e tantos
mais que não dá espaço/tempo pra continuar, senão a iniciante Grahan perde a
resenha.
E
não é que valeu muito ter dado chance a Love Music Funk Magic (LMFM)? O
trabalho consegue homenagear e referir-se aos anos 70 sem soar retrô, porque a
produção é contemporânea, os elementos dos diversos sub-estilos black prevalentes daquela década são
usados ao lado de referenciais modernos de electro pop. Faixas como Magic, Can’t
Get Enough e Just Love Me estão perfeitamente de acordo com a geração LadyGaga. Just Love me, aliás, é delícia capaz de unir a geração oitentista
acostumada à dançabilidade eletrônica e a meninada de hoje, criada no trap e afins.
Por
outro lado, há as canções onde o passado se repagina com viço, como a abertura
vibrante All Your Love, cuja pegada disco
fará os mais antigos cantarolarem “let’s all chant” durante os momentos de
cordas sintetizadas. Time = $ tem guitarrinha à Good Times, do Chic e a
locomotiva funkeada desperta nostalgia de Diana Ross início dos 80’s (não em
termos vocais, fique claro).
Outra
característica de LMFM é popificar com competência, afinal, Kat Grahan não se
propõe a ser artista de nicho. Fool For Ya injeta funk ao mesmo tempo em que
torna pop dançante matriz originária do blues e If Eye Could Get UR Attention é
Prince mais domadinho. Esperar o que de um título como What The Funk? Mas, é
tudo bem palatável pra audiências não necessariamente
afeitas/interessadas/acostumadas com funkice pesada; é confeito pop bem feito
pra rebolar alegremente. E não há nada de errado nisso. Tem até guitarra rock.
What The funk! Call Da Police é mutação pós-moderna de reggae, com arremedo de
sotaque jamaicano e tudo.
Das 15 faixas, deletem-se umas 3 vinhetas que quebram
o ritmo pra dança e Love Music Funk Magic vira pura magia pop pra animar a vida
e unir gerações.
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