Este disco chama atenção para a vulnerabilidade de albinos na Tanzânia
André Cabette Fábio
Lançado em junho de 2017, ‘White African Power’ tem canções de membros dessa população perseguida no país africano
O albinismo é uma doença genética hereditária, que leva à ausência parcial ou total da enzima tirosinase, importante na fabricação da melanina. Com pouco ou nenhum pigmento, pele, cabelos e olhos ficam mais vulneráveis à exposição ao sol. O corpo pode desenvolver problemas como queimaduras, câncer de pele e problemas visuais.
Há relativamente poucos dados a respeito da frequência da doença na população mundial. A ONG Sob o Mesmo Sol afirma, no entanto, que ela afeta uma a cada 20 mil pessoas na Europa e na América.
A Organização Mundial de Saúde aponta uma frequência maior em países da África Subsaariana, que ficam ao sul do deserto do Saara e têm a população majoritariamente negra. Na Tanzânia, as estimativas são de um albino para cada 1.400 pessoas.
Em 2008, uma reportagem da BBC tanzaniana trouxe atenção mundial para a vulnerabilidade dessa população no país: albinos vinham sendo caçados e mortos para que partes de seus corpos fossem vendidas como amuletos devido à crença de que trariam prosperidade.
Muitos acreditam que albinos têm características demoníacas. Há casos de crianças abandonadas ou que têm restrições à participação em atividades sociais, como cantar no coro da igreja ou comer dentro de casa junto à família.
Em 2016, o produtor americano Ian Brennan viajou à ilha tanzaniana de Ukerewe, no lago Vitória, um lugar em que, historicamente, crianças albinas foram abandonadas. Lá, ele trabalhou com membros albinos da comunidade Standing Voice, em workshops de composição de músicas. Ele os encorajou a escrever sobre suas experiências.
As canções resultantes têm títulos como “A vida é dura”, “Nós vivemos em perigo”, “Eles fofocaram quando eu nasci”, “Eu sou um ser humano” e “Parem os assassinatos”, em uma tradução livre do inglês. Dessas músicas, 23 foram reunidas no álbum “White African Power”, lançado em junho de 2017 pelo grupo White Albinism Collective. Ele está disponível no site musical Bandcamp.
Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/06/22/Este-disco-chama-aten%C3%A7%C3%A3o-para-a-vulnerabilidade-de-albinos-na-Tanz%C3%A2nia
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