Roberto Rillo Bíscaro
Foster significa fomentar, induzir, encorajar, estimular;
portanto, a noção por trás do nome do quarteto Foster The People é muito
bonita: desabrochar o melhor nas pessoas. A ideia inicial, todavia, foi chamar
o combo de Foster & The People, porque quem o fundou foi Mark Foster, em
2009, depois de alguns anos servindo mesas, se drogando e fazendo jingles em Los Angeles. Erro de
interpretação/digitação de algum produtor de show e os norte-americanos
passaram dum nome egocêntrico, prum mais inclusivo.
O Foster The People é da geração que explodiu devido a um
vídeo divulgado na internet, em 2010, que atraiu a atenção de enormes conglomerados
musicais. Imaginem quantos aspirantes ao superestrelato têm subido vídeos ao
Youtube e símiles, então, não gasto meu tempo seguindo tais novidades. Mas,
passando os olhos pelo email semanal
de lançamentos do All Music Guide, o terceiro álbum dos rapazes, Sacred Hearts
Club, captou meu interesse. Bem legal a indietronica
neopsicodélica de boa parte da dúzia de faixas do LP, lançado dia 21 de julho.
A grande sacada de Sacred Hearts Club é seu poder de
juntar tribos que a princípio pertencem a umas 6 décadas. Claro que isso
resulta em certa perda de foco e não se pode agradar tantas gerações ao mesmo
tempo o tempo todo, mas o LP tem apelo pra fãs de Maroon 5 a Daryl Hall, como
em Doing It For The Money; pras viagens retro-eletro-oitentistas do M83, como
na encerradora III ou pra tchaptchurice ingênua setentista de I Love My
Friends.
Static Space Lover dá vontade de sair dançando por entre
plantações de tulipa e satisfará fãs do Tears for Fears, fase Seeds Of Love. Isto
posto, deve-se intuir que os anos 1960 carregam importante peso nesse mix. Os
Beach Boys imperam como inspiração pra ricas e mimosas harmonias. Em Lotus
Eater essa influência vem mais safada, porque misturada com a inspiração
guitarreira assanhada dos libidinosos The Hives. E a mente do resenhista 50tão
já fantasia Kylie Minogue cavalgando touros mecânicos em censuradas propagandas
de lingerie... E quer coisa mais
pós-moderna junta tribo do que usar o casal-referência punk numa EDM, como em
Loyal Like Syd And Nancy? O problema é que duvido que se juntem; só curtirá
mesmo quem estiver mais afeito à electronica.
A dúzia de faixas de Sacred Hearts Club não escapa dum
par de fillers, mas além das delícias
citadas ainda traz 2 canções memoráveis. A abertura Pay The Man usa ameaçadora
base hip hop pra parir pop viciante, onde coisas acontecem o tempo todo no
arranjo e o resenhista 50tão fantasia ouvir o espectro da groselha vitaminada
Milani. SHC abre com ruidinhos eletrônicos, mas logo se transforma num
aspirador de neurônios com sua melodia circular de guitarra digna do auge de
Johnny Marr.
Os bons momentos pop são inspirados e com uma limpezinha
dum par de canções e vinhetas, o terceiro longa do Foster The People é uma
delícia.
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