O diretor James
Wan e o roteirista Leigh Whannell são os responsáveis pela franquia Jogos
Mortais, uma das mais lucrativas e imitadas do século XXI. Não que isso
signifique muito pra mim, um não-fã em absoluto desse tipo de horror, mas mesmo
assim, tais credenciais qualificam-nos até certo ponto. Isso, somado à
mediocridade da seção de filmes de terror da Netflix, foi o bastante pra que eu
desse chance à recente adição de Gritos Mortais (2007). Não me arrependi, mas
Dead Silence só serve mesmo se você está em crise de abstinência por uma
dosesinha de sobrenatural, suspense e, nesse caso, nonsense.
O filme centra-se
em bonecos de ventríloquo, aqueles serezinhos superesquisitos e partícipes do
subgênero horror desde sempre. Provavelmente dá pra criar um mini subsubgênero
e se incluirmos bonecos em geral, tipo Chucks e Annabelles, aboliríamos até o
“mini”.
Um casal recebe na
porta de seu apê um típico boneco de ventríloquo. Não há remetente, mas bem na
lógica ilógica de narrativas horroríficas, isso não torna a entrega suspeita. O
objeto é prontamente acolhido e amado, erro caro, cuja fatura será paga pela
esposa. Provavelmente, dessa assombração eu me livraria, porque acho esses
bonecos tão escrotos, que atearia fogo na hora, especialmente se não soubesse
quem enviou. Mas, Gritos Mortais é um filme de terror, o que pressupõe decisões
estúpidas.
Após a tragédia
com a patroa, Ryan retorna a sua pequena cidade pra investigar, porque, quando
criança, havia lenda urbana local envolvendo ventríloqua que não tinha filhos,
apenas bonecos e ao passar por vergonha pública começou a se vingar de todos.
Os gritos do título brasileiros referem-se ao fato de as vítimas terem que
conter o ímpeto de berrar, senão perdem a língua.
Talvez não tenha
visto Dead Silence em seu longínquo ano de lançamento, por ter associado os
nomes dos criadores de Saw e esperar sucessão de mortes por tortura. Se foi
isso, estava mais equivocado do que de costume, porque o maior defeito de
Gritos Mortais é quase não ter mortes. Há (certo) suspense, climas, reviravolta
final, mas faltam óbitos e fã de horror geralmente adora. Daí, sei lá, fica uma
coisa meio thriller psicológico sobrenatural, se é que isso faz sentido. Mesmo
se não fizer, tá valendo, porque Gritos Mortais também não faz nenhum, embora
sirva como diversão sem consequência prum dia de tédio e fissura por horror.
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