segunda-feira, 11 de setembro de 2017

CAIXA DE MÚSICA 282

Roberto Rillo Bíscaro

A maioria dos críticos musicais torce o nariz quando artista/banda não “evolui” de álbum a outro. De acordo com essa perspectiva, deveria haver linha progressiva de maturação no labor artístico, que positivamente refletiria suposta maturidade psicológica. É a arte percebida biologicamente, ou, como se supõe que indivíduos se desenvolvam. Quando um LP segue igual ao outro, frequentemente é criticado, porque falhou em exibir essa tal maturidade. Claro que o mesmo escriba que critica a repetição num álbum, pode declarar os Ramones como gênios, mesmo fazendo a mesma coisa a carreira toda. Argumentos são usados de acordo com a conveniência, já sabemos.
Se gosto do som, não me importo que seja mais do mesmo; até me reconforta que Stock, Aitken & Waterman soassem sempre iguais. Era tão bom ligar a FM entre 1987 e 89 e escutar aquela sonoridade, que agora me reconforta ainda mais, porque me transporta praquele tempo. Mas esse conforto de sapato sônico velho me pregou peça com o segundo álbum do Tuxedo, lançado em março, exatos 2 anos após o delicioso primeiro.
A exata similitude entre os 2 trabalhos me encantou, mas tornou-me indulgente no resenhar. Em alta frequência em meu celular, desde o dia que saiu, tenho postergado escrever sobre o II precisamente por ser quase igual e gostoso como o de estreia. Parece que sempre há algo novidadeiro sobre o que escrever e a produção de Jake One e Mayer Hawthrone fica relegada a segundo plano, porque não há muito a acrescentar à resenha do primeiro álbum, cuja leitura recomendo, porque esclarece melhor este LP, inclusive.
2nd Time Around promete que desta vez será melhor, mas é exagero. É muuuuuuuuuuito bom e totalmente dançável, mas é igual à estreia. A maioria esmagadora das 11 faixas dá vontade de sobrepor camadas de acessórios, roupas multicores, polaina, bandana e ir dançar de passinho numa flash mob pra viralizar no Youtube. Eletrofunk de alta rotação, tributário de Delegation, Saint Tropez et ali.
Só que dessa vez, tenho reclamação: Scooter’s Groove tem a linha de baixo mais perversamente descadeirante do ano e os caras me fazem uma faixa com menos de 2 minutos?! Carai, daria uma paulada desencadeadora de ataques cardíacos em série em remanescentes dos 80s que tentassem dançar 4 minutos disso. Será que temeram acusações de assassinato?
Tuxedo II não traz nadinha de novo ao fervente caldeirão do duo, mas você nem vai ter tempo de pensar nisso, quando estiver dançando como se não existisse dia seguinte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário