Roberto Rillo Bíscaro
Gateiro atualmente tutoreando 4 gatíneos lindos,
interessei-me na hora quando vi Virei Um Gato (2016) no menu da Netflix. Não
esperava obra-prima, mas resolvi prestigiar meus animais favoritos. Ao buscar
dados pra compor esta resenha, aprendi que o filme foi merecidamente malhado
pela crítica. Com roteiro escrito a dez mãos, não pude evitar maquinar metáfora
maldosa: o computador armazenador dessa baboseira é o equivalente humano a uma
caixa de areia felina. A diferença é que enquanto os asseados bigodudos
enterram sua caca, os 5 roteiristas deixaram as deles expostas ao mundo.
Tom (seriously?) Brand é um magnata Trumposo, que não
tem tempo pra família, porque se dedica à construção do edifício mais alto do
hemisfério norte (como se o do sul tivesse grana pra ter um mais alto). Sua
negligenciada, mas amorosa, filha quer um gato de presente de aniversário, mas
Tom os detesta. Quando o pai cede ao desejo da menina e vai a obscuro pet shop comprar um animalzinho, cai no
radar do dono com poderes mágicos, que, praticamente sem motivação alguma, faz
uma mágica que transfere a alma de Tom pro corpo do gatinho, Mr. Fuzzypants. Em
sua nova existência, Brand descobrirá quão importante é dedicar tempo a quem o
ama de verdade.
Nem foi o clichê da trama que me incomodou. Duro é o
roteiro ruim de doer, a direção sem personalidade e as atuações no
piloto-automático (se bem que, com material tão insosso, como culpar o elenco?).
Cinco roteiristas não sabem que um triliárdário sem
tempo pra nada mandaria algum assistente comprar o gatinho nalguma loja de
grife? A ex-esposa de Tom deveria ser uma megera interesseira; mas qual
qualidade redentora o ex-marido possui pra que eu tire a razão dela de ter lhe
dado um chute no traseiro? Nenhuma personagem tem mais que uma dimensão, porque
o roteiro é preguiçoso, dormente como típico felino, mas sem um átimo de sua
graça.
Em várias das cenas, usam-se efeitos de computador pra
emular Mr. Fuzzypants. Artificial e feio pra burro. Nem dá muito pra simpatizar
com o pobre gatinho, que passa fazendo coisas nada fofas a maior parte do
tempo. Nada, mas nada mesmo funciona em Nine Lives, que é sem vida alguma.
No epicentro do desastre, Kevin Spacey, o que me levou
a cogitar se aceitou o papel pra garantir mais um gordo contracheque pra
garantir a aposentadora ou se sua carreira no cinema já foi pro Spaço.
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