Roberto Rillo Bíscaro
Visões panorâmicas da história do horror não têm como
evitar um ou mais blocos a respeito dos filmes de monstro dos anos 1930, vide a
ótima A History Of Horror.
Os interessados em mais especificidade deveriam
procurar Universal Horror (1998), cujos 90 minutos narrados por Kenneth Branagh, focam na produção do estúdio Universal, que deu ao mundo Drácula,
Frankenstein, a Múmia, O Homem Invisível, só pra citar os mais famosos; muitos
representados tão iconicamente que ainda hoje representações seguem seu visual.
Geralmente desprezado pela intelligentsia, o terror tem sido responsável por farta parcela da
subsistência de muita companhia cinematográfica. Não foi diferente com a
Universal, que, começou como grande fábrica de filmes B pra baixo.
Nos Depressivos anos 30, filmes de horror abarrotaram
os cofres do estúdio, porque baratos de produzir e lucrativos. As plateias amavam:
podiam escapulir um pouco do horror real da Crise de 29, nos reinos de terror
egípcios, transilvânicos, londrinos. Curioso esses documentários jamais
abordarem porque o terror era quase sempre localizado fora do solo
norte-americano. Mesmo quando ameaçava Nova York, no caso de King Kong, era
importado de terras exóticas e primitivas. Como o sucesso das películas da
Universal fez outros estúdios copiarem a fórmula, produções inevitáveis como a
do gigante gorila estão em Universal Horror. Kong era da RKO.
O documentário é excelente, embora panorâmico. Atores,
críticos e personalidades como o escritor de ficção-científica Ray Bradbury
revelam detalhes técnicos e de recepção desses filmes que hoje não assustariam
criança, mas à época deixavam a moçada histérica, de cabelo em pé, claro, com
alguma ajuda do estúdio, que contratava gente pra desmaiar ou sair correndo aos
berros e assim gerar burburinho.
Deveras influenciado por correntes vanguardistas
europeias, como o Expressionismo alemão, esse primeiro ciclo de horror falado
foi precedido por farta produção muda. Universal Horror dedica generoso tempo
em apontar e discutir superficialmente esses precursores, que tiveram até a
estreante Joan Crawford nos elencos. Os familiarizados com a primeira fase
dourada do horror falado certamente preferirão as referências aos filmes mudos,
que não ficam só nos manjados Metropolis e Gabinete do Dr. Caligari.
Atando o fascínio exercido por deformados como
Quasímodo e Frankenstein às mutilações em massa tornadas rotineiras pela
Primeira Guerra, Universal Horror informa, entretém, encanta e desperta
curiosidade danada pelos filmes mudos até em caras como eu, que não os suporta.
Mas, resistirei facilmente à tentação; tenho saco, não, sorry.
Se você entende inglês, tá
no Youtube:
Nenhum comentário:
Postar um comentário