segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

CAIXA DE MÚSICA 298


Roberto Rillo Bíscaro

Kim Tibbs nasceu em Huntsville, no sulista Alabama. Filha de um pastor batista, que também tocava órgão, a menina estava sentada à frente do instrumento aos dois anos de idade e quando frequentava o jardim da infância já tocava nos cultos de sua congregação. Sempre envolvida no meio musical, a norte-americana tocou com todo mundo que importa em vários mundos musicais. A lista vai de The Blind Boys Of Alabama e Percy Sledge a Billy Ray Cyrus. Empresas como a Hammond e a Roland, a têm em seu rol de divulgadores de produtos.
Contando sua experiência infantil, Tibbs tem 30 anos de carreira e até ano retrasado não lançara nada solo. Uma sucessão de singles bem-sucedidos na parada soul britânica –lá é a terra do blue-eyed e do northern soul – captou a atenção e interesse do produtor Ralph Tee. Conclusão, o tardio álbum de estreia da R’n’Bueseira foi lançado pela gravadora inglesa Expansion, no fim de agosto. Como dizem que música é universal, acreditemos: Kim é tão competente, que poderia ter sido lançado em Plutão e ninguém reclamaria. Kim, o álbum, é estreia; Kim, sua cantora, está pronta há décadas, então as interpretações são, no mínimo, assertivas, coisa de profissional.
Os singles de sucesso na Inglaterra estão no álbum e dá pra perceber porque Kim caiu nas graças lá. A maior parte das 12 faixas é muito amigável pra execução em rádios e se encaixa na tradição britânica sophistipop. Basta conferir o pop soul de I Need You For Your Love e o disco soul de Soul, pra ver porque a pátria de Lisa Stansfield e Lucky Soul avalizou Kim Tibbs. Drifting é northern soul com metais jazzificados.
Às vezes, a voz de Kim lembra uma Diana Ross começo dos anos 80, como em My Better Side. Ela não canta tanto, mas dá bem pro gasto, exceto em momentos como Could I Make a Life With You, slow jam que se beneficiaria de vocais mais personalizados. Bem segunda metade dos 70’s; já a imaginei na trilha-sonora dalguma novela global da época, tipo Marrom Glacê ou O Astro (jovens, boiem nas referências!). Mas, quando a moça não está muito preocupada com as rádios, como na fluidez quase hipnótica do piano de The River, sua voz não precisa ser melhor pra melodia.
Lá pelo meio, há um par de números mais “raiz”, mas meio domesticados. Move é R’n’B com ênfase no B, bem 50’s/60’s e Como On By é gospel bluesado ou blues gospelizado, afinal Tibbs é de perto do Delta do Mississippi! Não é suficiente pra agradar o púbico mais tradicionalista, mas esse é o primeiro CD de alguém que esperou 3 décadas pela oportunidade, então não espanta querer contemplar mais de um público.
Kim é esforço bem decente desta veterana. Torçamos pra que não se passe muito antes do segundo LP.

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