Roberto Rillo Bíscaro
Kim Tibbs nasceu em Huntsville, no sulista Alabama. Filha
de um pastor batista, que também tocava órgão, a menina estava sentada à frente
do instrumento aos dois anos de idade e quando frequentava o jardim da infância
já tocava nos cultos de sua congregação. Sempre envolvida no meio musical, a
norte-americana tocou com todo mundo que importa em vários mundos musicais. A
lista vai de The Blind Boys Of Alabama e Percy Sledge a Billy Ray Cyrus.
Empresas como a Hammond e a Roland, a têm em seu rol de divulgadores de
produtos.
Contando sua experiência infantil, Tibbs tem 30 anos de
carreira e até ano retrasado não lançara nada solo. Uma sucessão de singles
bem-sucedidos na parada soul
britânica –lá é a terra do blue-eyed
e do northern soul – captou a atenção
e interesse do produtor Ralph Tee. Conclusão, o tardio álbum de estreia da R’n’Bueseira
foi lançado pela gravadora inglesa Expansion, no fim de agosto. Como dizem que
música é universal, acreditemos: Kim é tão competente, que poderia ter sido
lançado em Plutão e ninguém reclamaria. Kim, o álbum, é estreia; Kim, sua
cantora, está pronta há décadas, então as interpretações são, no mínimo,
assertivas, coisa de profissional.
Os singles de sucesso na Inglaterra estão no álbum e dá
pra perceber porque Kim caiu nas graças lá. A maior parte das 12 faixas é muito
amigável pra execução em rádios e se encaixa na tradição britânica sophistipop. Basta conferir o pop soul
de I Need You For Your Love e o disco
soul de Soul, pra ver porque a pátria de Lisa Stansfield e Lucky Soul
avalizou Kim Tibbs. Drifting é northern
soul com metais jazzificados.
Às vezes, a voz de Kim lembra uma Diana Ross começo dos
anos 80, como em My Better Side. Ela não canta tanto, mas dá bem pro gasto,
exceto em momentos como Could I Make a Life With You, slow jam que se beneficiaria de vocais mais personalizados. Bem
segunda metade dos 70’s; já a imaginei na trilha-sonora dalguma novela global
da época, tipo Marrom Glacê ou O Astro (jovens, boiem nas referências!). Mas,
quando a moça não está muito preocupada com as rádios, como na fluidez quase
hipnótica do piano de The River, sua voz não precisa ser melhor pra melodia.
Lá pelo meio, há um par de números mais “raiz”, mas meio
domesticados. Move é R’n’B com ênfase no B, bem 50’s/60’s e Como On By é gospel
bluesado ou blues gospelizado, afinal Tibbs é de perto do Delta do Mississippi!
Não é suficiente pra agradar o púbico mais tradicionalista, mas esse é o
primeiro CD de alguém que esperou 3 décadas pela oportunidade, então não
espanta querer contemplar mais de um público.
Kim é esforço bem decente desta veterana. Torçamos pra
que não se passe muito antes do segundo LP.
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