domingo, 18 de fevereiro de 2018

SUPERAÇÃO NO GELO



Roberto Rillo Bíscaro

Quando vou ao supermercado aqui em Penápolis, sempre me muno de trilha-sonora: detesto o sertanejo que sai das caixas de som, na maior parte das vezes. Nada contra quem curta, mas se puder, evito.
Deve ter sido antes do Natal, que fui a um deles á noite, com um amigo, e, portanto, sem os inseparáveis fones de ouvido. Por macromilagre, tocava uma seleção de lentas anos 70/80. Não digo que menos brega que os sertanojos, mas pelo menos, pra mim relembram a infância. Na playlist, Looking Through the Eyes of Love, da Melissa Manchester. Nossa, quase me debulhei em lágrimas por entre as gondolas de farinha e maisena. O amigo apenas três anos mais jovem perguntou donde era mesmo aquela música e expliquei-lhe que do filme Castelos de Gelo (1978).
Em 1975, a Universal rachara de ganhar dinheiro com Uma Janela Para o Céu, baseado na história real da esquiadora Jill Kinmont, que ficou paraplégica. A Columbia não queria ficar pra trás e saiu-se com Castelos de Gelo história ficcional bem menos triste, mas totalmente sintonizada com superação.
Alexis Winston é patinadora no gelo nata, perdida numa cidadezinha no estado de Iowa. Aos 16 anos já é meio velhusca pro esporte, mas uma treinadora badalada a descobre numa competição regional e a recruta. Em meses, Lexis torna-se estrela promissora, certeza de medalha na vindoura Olímpiada de 1980. Mas, um acidente bobo deixa-a quase cega. Será que patinará novamente? Em se tratando de filme estadunidense e desta seção do blog, claro que sim!
Castelos de Gelo é perfeito pra quem curte histórias chorosas de superação. Neste caso, há mais de uma, porque ela supera a idade, a cegueira, o medo. Sem contar as lindas cenas de patinação no gelo e a canção-tema.
Castelos de Gelo foi o maior (único?) sucesso do diretor Donald Wyre. O filme tem fãs até hoje.
Em 2010, o diretor refilmou-o pras novas gerações, afinal, hoje o cine tem outro ritmo. Produção diretamente pra DVDs, Ice Castles foi o último trabalho de Wyre, falecido aos 80 anos, em 2015.
O Castelos de Gelo do século XXI, a despeito do chororô de mais velhos, é superior ao de 1978, exceto pela interpretação da canção-tema (sou velhusco também, alguma coisa tinha que entregar a senioridade, né?). A história é a mesma, com mudanças apenas pontuais, tipo, hoje jogam-se ursos de pelúcia nos rinques de patinação; ao passo que em 78, rosas. O resto tá igual, mas com passo um pouco mais ágil, narrativa mais curtinha e mais bem atuada, inclusive com Henry Czerny, o Conrad Grayson, de Revenge.

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