Roberto Rillo Bíscaro
Quando vou ao supermercado aqui em Penápolis, sempre me
muno de trilha-sonora: detesto o sertanejo que sai das caixas de som, na maior
parte das vezes. Nada contra quem curta, mas se puder, evito.
Deve ter sido antes do Natal, que fui a um deles á
noite, com um amigo, e, portanto, sem os inseparáveis fones de ouvido. Por
macromilagre, tocava uma seleção de lentas anos 70/80. Não digo que menos brega
que os sertanojos, mas pelo menos, pra mim relembram a infância. Na playlist,
Looking Through the Eyes of Love, da Melissa Manchester. Nossa,
quase me debulhei em lágrimas por entre as gondolas de farinha e maisena. O
amigo apenas três anos mais jovem perguntou donde era mesmo aquela música e
expliquei-lhe que do filme Castelos de Gelo (1978).
Em 1975, a Universal rachara de ganhar dinheiro com Uma
Janela Para o Céu, baseado na história real da esquiadora Jill Kinmont, que
ficou paraplégica. A Columbia não queria ficar pra trás e saiu-se com Castelos
de Gelo história ficcional bem menos triste, mas totalmente sintonizada com
superação.
Alexis Winston é patinadora no gelo nata, perdida numa
cidadezinha no estado de Iowa. Aos 16 anos já é meio velhusca pro esporte, mas
uma treinadora badalada a descobre numa competição regional e a recruta. Em
meses, Lexis torna-se estrela promissora, certeza de medalha na vindoura
Olímpiada de 1980. Mas, um acidente bobo deixa-a quase cega. Será que patinará
novamente? Em se tratando de filme estadunidense e desta seção do blog, claro
que sim!
Castelos de Gelo é perfeito pra quem curte histórias
chorosas de superação. Neste caso, há mais de uma, porque ela supera a idade, a
cegueira, o medo. Sem contar as lindas cenas de patinação no gelo e a
canção-tema.
Castelos de Gelo foi o maior (único?) sucesso do
diretor Donald Wyre. O filme tem fãs até hoje.
Em 2010, o diretor refilmou-o pras novas gerações,
afinal, hoje o cine tem outro ritmo. Produção diretamente pra DVDs, Ice Castles
foi o último trabalho de Wyre, falecido aos 80 anos, em 2015.
O Castelos de Gelo do século XXI, a despeito do chororô
de mais velhos, é superior ao de 1978, exceto pela interpretação da canção-tema
(sou velhusco também, alguma coisa tinha que entregar a senioridade, né?). A
história é a mesma, com mudanças apenas pontuais, tipo, hoje jogam-se ursos de
pelúcia nos rinques de patinação; ao passo que em 78, rosas. O resto tá igual,
mas com passo um pouco mais ágil, narrativa mais curtinha e mais bem atuada,
inclusive com Henry Czerny, o Conrad Grayson, de Revenge.
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