Roberto Rillo Bíscaro
Até eu já lancei mão do chavão de comparar a família real britânica com uma grande novela em tempo/da vida real. O Channel 4 pegou o
clichê e desenvolveu The Windsors, que, em suas duas curtas temporadas, mescla
elementos de soap opera com sitcom, resultando numa espécie de sitsoap acidamente irônica.
The Windsors imagina Charles, Camilla, Wills, Kate,
Harry e membros B da Royal Family como personagens daquelas novelonas típicas
do universo anglo-saxão, tipo The Colbys (pra ficar num exemplar cujo nome
também é sobrenome).
Camilla é a vilã alcóolatra que a todo momento cria
armadilhas pra derrubar a nora, a boazinha Kate Middleton, que vê o bem em
tudo, como seu idealista maridão Príncipe William, que pilota helicóptero pra
ajudar os súditos, mas é tão fora da realidade que se espanta quando lhe dizem
que são as próprias mães que alimentam os filhinhos e não as babás.
E são assim os 12 engraçados capítulos, que a Netflix
adicionou ao catálogo em dezembro, inclusive com o especial de Natal, quando
até Camila ajuda a salvar o data, com referência a Charles Dickens e tudo.
The Windsors não é nada intelectualizada, que não fique
dúvida, mas é terrivelmente gargalhável, especialmente quando se conhecem
algumas especificidades como a chiqueza de se alongarem as vogais, daí não dá
pra aguentar o sotaque das inúteis princesas Beatrice e Eugenie, impagáveis
vivendo na órbita bem externa da Família, que titio Charles, na vida real, está
limitando a apenas o seu núcleo. Basta notar as aparições mais recentes no
balcão de Buckingham pra ver como diminuiu a gentarada.
Mesmo que esses detalhes sejam desconhecidos, dá muito
bem pra entender e rir das origens ciganas de Kate, do analfabetismo de Harry,
do total nonsense de Charles, da
biscatice viperina de Pippa (a maneira como pronunciam Pippa, beeeem posh, é risível, amo!).
Apenas a Rainha e a finada Diana são poupadas, aposto
que por razões bem diferentes. O Príncipe Philip não aparece, mas, como sempre
será um estrangeiro, sua avançada idade não impede que seja alvo do deboche.
Suas missivas endereçadas a distintos personagens são lidas de vez em quando e
constituem um show de vulgaridade vocabular a parte.
Não me lembro de já haver me perguntado se a família
real assiste ás representações de si mesma, mas durante The Windsors, entre
risadas, imaginava se viam o show que os pinta como bando de sanguessugas
inúteis, mas que trazem um montão de turistas à Inglaterra e movimentam o comércio
das canecas comemorativas.
Mesmo que algum deles
assista, deve ficar muito triste em uma de suas férias na Suíça, pagas pelo
contribuinte.
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