segunda-feira, 26 de março de 2018

CAIXA DE MÚSICA 307


Roberto Rillo Bíscaro

Chanté Moore cresceu cantando em igrejas, devido à influência de seus pais evangélicos, mas o que sempre quis mesmo foi adquirir fama profana. Participou de concursos de beleza, foi modelo e no começo dos anos 90 iniciou carreira como cantora profissional, lançando álbuns. Seu maior êxito até agora foi Chanté's Got a Man, faixa do LP de 1999, que entrou pro Top Ten da Billboard.
Multitarefas, também virou atriz e estrela de reality show sobre R’n’B, um dos únicos canais possíveis pra certo tipo de soul music mais “tradicional” obter algum destaque, de acordo com cantoras como Jazmine Sullivan, Angie Stone e outras.
Sem nunca abandonar a carreira de cantora, ano passado Chanté lançou seu sétimo LP, The Rise Of The Phoenix, que saiu no finalzinho de setembro e não chegou nem ao Top Twenty da parada específica de R’n’B, da Billboard.
Pena, porque Moore canta bem e a sonoridade é apropriada pra fãs de urban soul e pop soul dalguns anos atrás. Soa contemporâneo, tem influência de hip hop às vezes, mas não é aquela coisa nervosa pós-trap.
Entre canções e vinhetas, o álbum é estruturado como uma jornada, afinal, o título sugere repaginação, reinvenção, através da ave mitológica que renascia das cinzas.
Os 3 interlúdios – 2 erroneamente nomeados, porque interlúdio tem que estar no meio de algo –, que convidam e agradecem o ouvinte a participar da jornada, não prejudicam, porque têm melodia legal, especialmente o primeiro, que corretamente seria prelúdio.
O empecilho pra essa Fênix voar é que o álbum dá a sensação de ser excessivamente longo, devido à presença de muito material genérico, daquele tipo de pop soul ou soul ballad ou apenas balada, que já ouvimos repetidas vezes desde os anos 80. Por mais que ame o drama de Breathe ou Saving Grace não dá pra esconder sua falta de qualquer traço de originalidade.
Em termos de destaque mesmo vale a delícia sapequinha de Offa You, com seu instrumental sensual. You’re so sexy, you’re so sexy! Fiquei com isso na cabeça dias a fio.
Há a intensidade R’n’B de Chasin’ e baladas mortais, como a blueseira I’d Be a Fool e seu vocal-arraso, cheio de modulações e a mesma proficiência em Super Lover, mas em chave R’n’B cinquentista, mas que soa moderna. On His Mind também é bem contemporânea, mas mais pop. Pray é pop soul sensual sobre se apaixona por um malandro sedutor.
Selecionando bem as faixas, fãs de urban soul, quiet storm curtirão tranquilamente.

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