terça-feira, 24 de abril de 2018

TELINHA QUENTE 306


Roberto Rillo Bíscaro

Não me lembro onde, mas há algumas semanas vi algo do tipo “cinco séries da Netflix pra quem gosta de política” ou algo do gênero. Pode ter sido num feed que assino com os lançamentos do serviço de streaming, que tem as 6 temporadas da criação de Shonda Rhimes. Não importa onde, mas Scandal educa tanto sobre política como postagens do MBL.
Os EUA governados por uma organização secreta paramilitar chamada B613 têm uma Republicana na presidência, vice-presidida por um Democrata abertamente gay e cujo governo luta por agendas socialistas, como controle de armas de fogo e educação superior gratuita. E ainda sobra tempo pra fazerem tanta sujeira que nem cinco Lava Jatos dariam conta e pra deixarem pra trás pilha de defuntos de humilhar qualquer série slasher. Scandal sempre foi escandalosamente soap opera, não tem nada de “seriedade” política. Quem quer isso, veja Borgen.  
Em seus 18 capítulos finais, Scandal mostrou tons de Olivia Pope, que nós que assistimos à série a despeito dela, já sabíamos desde sempre: sua hipocrisia de redentora do mundo não passa de fina casca de autoritarismo. Claro que a heroína afrodescendente não poderia terminar passando essa mensagem, então, ao final, Liv é a luz, é a que conserta tudo. Com forte simbologia no branco, numa série que finge empoderar os negros. Scandal é pra rachar de rir.
Considerando-se toda a tensão e o perigo tentacular que parecia emanar da ubíqua B613, o desfecho é tolo e sem graça, com uma morte injustificável, mas quem disse que Scandal alguma vez foi “cabeça” e não tola?
Tudo isso posto, Scandal fechou com chave de diamante; a temporada foi viciante como de costume e Cyrus chegou a me fazer pensar em torcer contra ele dessa vez, porque foi ruim demais. Ainda mais quando Mellie está na outra ponta. E não é que a situação da primeira presidenta norte-americana pode guardar paralelos com certa nação sul-americana, pra qual a “política” de Scandal não é tão ficcional assim, afinal? Coitado desse país bananeiro; que parece folhetim farsesco. Mas, em Scandal, que é ficção, é uma delícia!

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