Roberto Rillo Bíscaro
Embora estrelado por Emilia Clarke (a Dull- nerys
Targaryen, de Game Of Thrones), Voice From The Stone não foi visto sequer por
todos os familiares dos envolvidos. A Netflix brasileira apostou tão baixo na
produção do ano passado, que a incorporou na sua grade, sem título brasileiro
ou dublagem, num país que maciçamente prefere ouvir português a ler legendas
(nada de errado nisso, aliás – legenda não é sinônimo de mais cultura).
Não deixa de ser uma pena, porque embora esteja longe
de possuir grandes méritos, Voice From The Stone pode agradar a plateias mais
velhas, acostumadas com lentos filmes antigos de terror psicológico da Hammer
ou Amicus, desde que partindo do princípio que o filme de Andrew Shaw não
acrescenta nada a esse cânone. Pelo contrário, falta-lhe espessura.
Nos anos 50, jovem preceptora inglesa que vai de casa
em casa cuidando de crianças problemáticas, é contratada pra curar menino de 8
anos, que perdera a mãe e emudecera. A minúscula família vive num castelo
enevoado na Toscana e sua fortuna viera duma pedreira, ora desativada. O pequeno
vive com a orelha grudada nas paredes e rochas e logo Verena começa a suspeitar
que algo de sobrenatural entranha-se nas pedras. Ela também passa a viver
situações estranhas.
Voice From the Stone é desavergonhada rapinagem de
todos os lugares-comuns da literatura e cine góticos e derivados. A
protagonista de país protestante enrascada numa nação católica; serviçal de
cara amarrada; velhinha misteriosamente afável (não precisei terminar sua
primeira cena pra sacar o que era). Enfim, tem Mr. Rochester misturado com
Edgar Alan Poe, acasalado com Os Inocentes (1961) rondando pelo Castelo de
Udolpho.
O problema crucial é que nada tem profundidade,
especialmente a protagonista Verena, que não possui nuanças e Clarke não é
Nicole Kidman, é Dull-nerys. Isso, acoplado à morosidade da trama afugenta
gente mais moça e fãs mais típicos de GoT.
Mesmo assim, continuo achando uma pena a falta de
divulgação, porque Voice From The Stone é satisfatório pra quem gosta de filmes
em locações velhas e lindas. Parece aquelas sessões de televisão que nós 50tões
víamos nos anos 70, 80.
Se você não esperar muito além de passatempo e belas
imagens chapadas e estiver com síndrome de abstinência por isso, Voice From the
Stone merece chance. Não
me entediei.
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