Roberto Rillo Bíscaro
Para tantos estrangeiros, a Holanda é paraíso/pesadelo
permissivo de drogas e sexo livres. Mas, o pequerrucho reinado tem bolsões onde
impera religiosidade em moldes bem Puritanos. Onde mulher é submissa, anda de vestidão
e não faz aborto; onde ninguém fuma haxixe ou consome álcool.
Foi desse ambiente rural, que fugiu Eva (olhem que nome
simbólico, gentchy!) para viver com seu namorado Peter, crítico de música pop
que jamais fumara um baseado até o capítulo 4 ou 5, WTF? Vivem em Amsterdã, mas
decidem adquirir casa no subúrbio pra melhor criar a vindoura neném. Mas,
quando se mudam pra lá, uma tragédia já se passara com o casal e isso mudará
muita coisa.
Essa é a premissa da primeira temporada de Nieuwe Buren.
Os Novos Vizinhos do título logo fazem amizade com Steef e Rebecca, liberais
que fumam baseado e fazem troca de casais, daí o título internacional The
Swingers, que empresta bastante conotação moral ao show, diferentemente do
original holandês.
A interação entre essas personagens causará grande
explosão emocional, que começamos a descobrir já na cena de abertura. Durante
todo o percurso, sabemos que tudo acabará num banho de sangue. Não sabemos
quantos morrerão, mas cada capítulo abre com trechos de interrogatório ou um
detalhe do tiroteio, pra depois seguir com legenda tipo “11 semanas antes”.
Desse modo, em Nieuwe Buren supostamente deveria
interessar o percurso condutor à tragédia; o porquê aconteceu e não muito o
quê. Não é bem isso que ocorre.
Novelão vulgar no fundo d’alma, Nieuwe Buren não
necessitava duma dezena de episódios pra nos fazer entender os motivos que
levaram à tragédia, O roteiro é por demais reiterativo e às vezes a ingenuidade
boba de Peter ou a desnecessidade do “alívio cômico” de Jasper incomoda.
Os dois casais são material estético de soap opera: lindos e gostosos a sua
maneira manipulada de representação: Peter e Eva mais clean, “inocentes”; Steef
e Rebeca, mais malandros e morenos. Segredos vão sendo revelados e tramas
paralelas juntam-se pra desaguar no final sangrento, que traz surpresa, mas
depois de demasiada enrolação. Daria pra fazer tudo e ter até efeito melhor, em
cinco capítulos.
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