Roberto Rillo Bíscaro
A Bruxa de Blair (1999) não inventou os found footage films, mas foi só a partir
dele que o subgênero invocado pelo infame Cannibal Holocaust (1980 – nunca
assistirei, porque animais foram mortos de verdade) proliferou-se como piolho.
Há mais de um site dedicado apenas a esse tipo de produção, com centenas de
entradas no catálogo de diversos países já há quase 20 anos.
Não surpreende que atraia tantos cineastas de fundo de
quintal. A desculpa narrativa de imagens e som resgatados dalgum acidente
ocorrido com pessoas comuns justifica atuações mequetrefes (naturalistas, é
mais politicamente correto) em filmes pavorosos, monótonos e em sua maioria
genéricos.
Mas, não é que ainda dá pra garimpar objetos
interessantes nessa mina de ouro de tolo? Found Footage 3D apropriadamente
estreou no Bruce Campbell Horror Film Festival, em agosto de 2016. Idealizado e
dirigido por Steven DeGennaro, é o primeiro found
footage em 3D, mas há versão em 2D também, a que vi, aliás, porque não
consigo visualizar 3D. Fosse o aspecto técnico o único diferencial de Found
Footage 3D, ele não estaria neste blog, que defeca e anda pressas coisas.
O subgênero tem aspecto bastante metalinguístico,
porque salienta o filmar, o bisbilhotar a vida/morte alheia mediado por uma
câmera. Os found footage films chamam
bastante a atenção pra forma. Found Footage 3D (FF3D) dá passinho adiante.
Uma equipe empenhada em gravar o primeiro found footage film em terceira dimensão
embrenha-se numa cabana assombrada, no meio duma mata texana. À moda de Pânico,
com os slasher films, FF3D salienta
algumas convenções de seu subgênero pra satirizá-las e às vezes usando-as pra
conveniência de sua própria narrativa. Tipo, por que diabos alguém perseguido
por um demônio, correria pela vida, segurando uma câmera? Bem, se for a noite,
pode ser pra iluminar o caminho. É bem esperto o roteiro e o fim conseguiu me
pregar um susto.
O defeito de Found Footage
3D é que exagera na duração. 108 minutos é tempo demais. 90 estaria de muito
bom tamanho.
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