Roberto Rillo Bíscaro
Os filmes com orçamento parco eram – não sei se ainda
são - informalmente chamados de cheapies (do
adjetivo barato) nos anos 1950, quando muito da produção de ficção-científica
se encaixava nessa categoria.
Produzidos por estúdios independentes – mas nem sempre
– essas películas reciclavam cenários de outras produções, faziam muitas cenas
noturnas ou brumosas pra disfarçar a pobreza do cenário e também pra poder
gravar em estúdios, onde era fácil conseguir tal ilusão. Externas são mais
caras, porque implicam, dentre outras coisas, pagar logradouros, obter
permissões, sem contar o deslocamento de equipes e equipamentos.
Dessa categoria é O Homem do Planeta X (1951), que se
aproveitou, como diversos outros, do temor causado pela explosão de relatos de aparições de discos-voadores. O orçamento de pouco mais de 50 mil dólares era
escasso mesmo pros padrões da época. Por exemplo, Rocketship X-M, onde já se
nota mambembice, custou quase o dobro.
Os minguados recursos determinam que os enredos dessas
produções amiúde se desenrolassem em localidades remotas, assim se poupava com
extras. Daí, ocorre aquela contradição muito engraçada de tantos filmes de
invasão alienígena. Civilizações supostamente ultra-avançadas, poderosas e
inteligentes escolhem começar seu domínio da Terra numa aldeia perdida no meio
do nada, com apenas uma espaçonave tripulada por um ET. Não diferente da “vida
real”, com relatos de OVNIs que aparecem pra zé-ruelas que não influem nem na
família, mas recebem mensagens de ETs tecnologicamente séculos-luz adiante de
nós.
No caso de The Man From Planet X, o mundo estava a
poucas horas de estar o mais próximo possível do tal planeta X, quando numa afastada
ilha escocesa, nave com seu respectivo tripulante misterioso são descobertos.
Nada de debochar da inocência do roteiro a partir de suposta superioridade
contemporânea: ano passado mesmo, um maluco inglês (note que não foi de país
“subdesenvolvido) disse que o mundo acabaria, porque se chocaria com o
tal de Nibirú. Vai vendo a patetice...
O ET é capturado, mas um cientista do mal o agride pra
tirar-lhe os segredos. O mais importante deles é que os habitantes do planeta X
tencionavam colonizar a Terra, porque seu planeta estava em processo de
congelamento. A criatura tinha o poder de zumbificar as pessoas, submetendo-as
a sua vontade, mas parece que esta não era muito forte, porque as informações
sobre a invasão são arrancadas de um hipnotizado com a maior facilidade. Bastou
perguntar e o suposto dominado deu a ficha completa.
Com atores norte-americanos nem sempre se saindo bem no
sotaque escocês, The Man From Planet X não é essencial prum panorama dos anos
50, mas cultores de obscuridades e de sci
fi da década poderão apreciar.
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