Roberto Rillo Bíscaro
Quando Basia Trzetrzelewska (com esse sobrenome,
entende-se, porque é conhecida apenas pelo nome de batismo) voltou em 2009, com It’s That Girl Again, o ambiente era tão outro de seu auge de sucesso
na segunda década dos 80s/primeira década dos 90’s, que passou batido pra mim a
ponto de detectá-lo apenas em 2010, quando o resenhei desculpando-me.
Nunca no nível de uma Sade Adu, Tracey Thorn ou Corrine Drewery, os álbuns da polonesa sempre pecaram nas baladas, que tendem a ser faceless. Mas, a produção polida e a
brejeirice das canções mais espevitadas movidas a samba e latinices
garantiu-lhe vendas espantosas no mercado adult
contemporary, na geração passada.
Basia hibernou anos e agora grava pelo selo Shanachie
Records, casa de divas soul/R’n’B familiares aos leitores do blog: Angie Stone,
Avery Sunshine e Syleena Johnson. Desta feita, fui rápido, eficiente e eficaz e
soube de Butterflies, no dia de seu lançamento, 18 de maio.
O suingue big band
de Be Pop sapecamente embala declaração de seus princípios estéticos: seja que
moda for, seja o que for que gravadoras priorizarem, Basia sempre será rumba,
jazz, samba, salsa e afins. As onze faixas atêm-se a essa declaração de
independência, mas ouvidos atentos notarão a diminuição da tecladaria datada da
geração passada.
Essa escolha conferiu mais organicidade e melhorou as
canções mais lentas, um pouco mais personalizadas. Butterflies tem piano jazzy;
Where’s Your Pride possui clima meio balada 50’s; Liang & Zhu clima de standard estadunidense, com discreto ar
oriental. Título e letra referem-se ao trágico casal lendário chinês, conhecido
como Butterfly Lovers.
Fãs do Matt Bianco adorarão a lentidão caribenha de
Show Time. Butterflies prossegue a perene parceria entre Basia e Danny White e
nessa faixa eles convidaram o vocalista do Matt, Mark Fisher, pruma canja.
Bubble, a faixa de abertura, é jazz com guitarra bluesy e o amor de Basia/Danny por
sambinhas não morre: Matteo, No Heartache e Pandora’s Box são todas releituras
de nosso ritmo nacional, que alguns críticos estranjas chamam Brazilian Jazz.
Pandora’s tem forte odor a Sérgio Mendes e seu Brasil 66.
Com voz que resistiu
galhardamente ao tempo, Basia conseguiu melhorar sua fórmula em Butterflies.
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